Com a pandemia e o isolamento social, boa parte da população começou a apresentar sinais de angústia.
O sentimento de angústia provoca uma sensação de sufocamento e aperto no peito. Pessoas nessa situação tendem a querer sair do ambiente que estão e ir em direção a um lugar específico que transmita calma, ou até mesmo saem sem ter direção alguma, para tentar esquecer dos problemas.
A angústia não é um sentimento mensurável e pode ser sentida de formas diferentes entre pessoas e dependendo das situações. Ela pode vir acompanhada de um transtorno pós-traumático, ansiedade, síndrome de pânico, depressão ou medo.
Muitas pessoas que se sentem angustiadas por um longo período enxergam uma associação com a depressão e, realmente, se caracteriza como um dos sintomas dela. Entretanto, na busca por se livrar do aperto e sufocamento, recorrem a medicamentos como primeira alternativa antes de tentar entender conscientemente a causa da angústia.
É comum da natureza humana usar dos artifícios da negação e evitação para lidar com sentimentos e situações negativas. No entanto, entender as origens da angústia e tentar enfrentar os problemas, buscando o lado positivo da situação, pode ser uma alternativa benéfica.
Sinais da angústia
Para conseguir reconhecer um sentimento de angústia em si mesmo ou de alguém próximo, você deve se atentar a esses sinais:
- Mudança repentina de personalidade e na forma como a pessoa geralmente se comporta
- Dificuldade de manter um autocuidado, onde a pessoa muitas vezes acaba se colocando em situações de risco
- Muita agitação, raiva e ansiedade
- Isolamento
- Falta de expectativas e de esperança sobre o futuro
- Não conseguir comer ou comer demais usando a comida como um refúgio
- Ter dores frequentes no estômago, ou dores de cabeça, sem uma causa aparente
Principais causas
A angústia pode ter causas diferentes e todas são válidas em diferentes faixas etárias, desde a infância até a idade adulta.
As causas mais comuns são associadas à exposição a traumas, viver com doenças crônicas, problemas psicológicos, pobreza, discriminação, falta de moradia, perda de um familiar ou amigo querido e instabilidade econômica.
Esse sofrimento emocional pode ser paralisante e envolve muitos fatores pessoais, tornando a solução mais ou menos complexa. No entanto, existem muitas terapias que visam melhorar sentimentos de estresse, ansiedade e angústia, e todas funcionam de formas diferentes para cada pessoa.
Entre as terapias utilizadas está a cognitivo-comportamental (TCC), que aborda e identifica a origem do sofrimento emocional e ajuda no enfrentamento. Outras estratégias incluem técnicas de relaxamento, respiração, meditação guiada e mudanças no estilo de vida.
Então, como aliviar a sensação de angústia?
Foco no presente
Tente se manter consciente do que está acontecendo ao seu redor no momento presente. Você pode se guiar através dessas três perguntas:
- O que estou vendo? Observe tudo o que está ao alcance da sua visão.
- O que estou sentindo fisicamente? Observe o que está sentindo com a temperatura do ambiente, se está sentindo calor ou frio. Sinta o toque da roupa na pele, o assento se estiver sentado ou o apoio dos pés no solo. Que cheiros você consegue sentir?
- O que estou ouvindo? Depois aguce seus sentidos para conseguir identificar o que está ouvindo, os sons do trânsito externo, a música do ambiente ou conversas.
Esse exercício irá lhe ajudar a treinar sua mente para sensações reais e práticas sobre o que pode fazer agora e evitar dispersões sobre momentos do passado ou futuro ligados à angústia e ansiedade.
Os cuidados básicos são essenciais
Lembre-se que o básico pode fazer toda diferença na sua saúde física e mental, tal como:
- Ter uma boa alimentação
- Fazer exercícios físicos diariamente
- Dormir bem
- Se divertir e socializar
- Ter um equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
O prazer de uma boa alimentação, saudável e saborosa, tem o poder de liberar hormônios como a dopamina e endorfina, relacionados a sensação de bem-estar. Compartilhar a refeição com alguém também faz parte do processo humano de socialização, o que pode ajudar na liberação de ocitocina, um hormônio relacionado à sensação de segurança, afeto e confiança, que pode ser um ótimo remédio para momentos de angústia.
O poder da endorfina liberada durante os exercícios físicos já vem sendo muito comentado nos últimos anos. Para muitas pessoas, durante o isolamento social e a pandemia, criar um hábito de treinos diário foi um refúgio contra a ansiedade e sentimentos de angústia.
Enquanto que priorizar uma noite de sono de 7 a 9 horas por dia é essencial para manter um equilíbrio de hormônios, como a dopamina, essencial para provocar a sensação de bem-estar.
Já sair ao ar livre e se expor à luz do sol também são formas de aumentar a produção de endorfinas e serotoninas.
Fazendo da rotina sua aliada
A sensação de angústia, na maioria das vezes, é resultado do sentimento de impotência sobre determinadas situações durante a vida e, na verdade, grande parte dela é mesmo imprevisível.
No entanto, tentar planejar rotinas diárias e semanais é essencial para nos dar uma noção do que esperar no dia a dia. Seguir uma rotina pode ser sua maior aliada para manter um equilíbrio e dar uma sensação de controle pessoal e previsibilidade.
Com uma rotina, você pode estar mais consciente sobre o seu presente e poderá colocar em prática os cuidados essenciais citados anteriormente.
Procure ajuda
Independente do motivo da sua angústia, é sempre válido procurar ajuda. Converse com alguém próximo que te deixe confortável para falar o que sente.
Peça conselhos se for o caso e, se não for, você pode comunicar que apenas precisa ser ouvido. Verbalizar o que sente pode trazer alívio e clareza sobre o sentimento de angústia e a situação que a gerou.
Entretanto, é válido lembrar que, apesar de trazer alívio, conversar com pessoas próximas não substitui uma conversa com um psicólogo. É sempre aconselhável procurar ajuda profissional para entender e acolher melhor suas emoções.
Por fim, se identificar alguém próximo nessa situação, você pode ouvi-lo sem julgamentos e tentar apresentá-lo formas de se sentir melhor, lembrando de que pode recorrer à psicoterapia.
Fontes e referências adicionais
- A Angústia: Conceito e Fenômenos. Revista De Psicologia.
- The Benefits of Exercise for the Clinically Depressed. The Primary Care Companion to the Journal of Clinical Psychiatry.
- Performance of Music Elevates Pain Threshold and Positive Affect: Implications for the Evolutionary Function of Music. Evolutionary Psychology.
- Five Signs of Distress. Northeast Ohio Medical University.
- Understanding Persons with Psychological Distress in Primary Health Care. Scandinavian Journal of Caring Sciences.
- Moving to Beat Anxiety: Epidemiology and Therapeutic Issues with Physical Activity for Anxiety. Current Psychiatry Reports.
- Social Determinants of Mental Health. World Health Organization.
- Warning Signs and Risk Factors for Emotional Distress. Substance Abuse and Mental Health Services Administration.
Fontes e referências adicionais
- A Angústia: Conceito e Fenômenos. Revista De Psicologia.
- The Benefits of Exercise for the Clinically Depressed. The Primary Care Companion to the Journal of Clinical Psychiatry.
- Performance of Music Elevates Pain Threshold and Positive Affect: Implications for the Evolutionary Function of Music. Evolutionary Psychology.
- Five Signs of Distress. Northeast Ohio Medical University.
- Understanding Persons with Psychological Distress in Primary Health Care. Scandinavian Journal of Caring Sciences.
- Moving to Beat Anxiety: Epidemiology and Therapeutic Issues with Physical Activity for Anxiety. Current Psychiatry Reports.
- Social Determinants of Mental Health. World Health Organization.
- Warning Signs and Risk Factors for Emotional Distress. Substance Abuse and Mental Health Services Administration.