Síndrome de Borderline – O Que é, Sintomas e Tratamento

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A síndrome de Borderline é um transtorno de personalidade que afeta o humor e a interação social de um indivíduo.

Os sintomas dessa condição podem variar de leve a grave, mas de qualquer forma devem ser tratados.

É mais comum que a síndrome de Borderline seja observada durante a adolescência e vá progredindo ao longo da vida adulta, e quanto mais precocemente o distúrbio for identificado, mais facilitado é o tratamento.

Aqui, vamos mostrar o que é a síndrome de Borderline, quais são os seus sintomas e qual é o tratamento adequado para a condição.

Síndrome de Borderline – O que é?

A síndrome de Borderline – conhecida também como transtorno de personalidade limítrofe – é um distúrbio de personalidade que interfere no humor e que pode afetar o modo como uma pessoa interage com outras ao seu redor.

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Esse transtorno afeta a maneira como o indivíduo pensa e como ele se sente em relação a ele mesmo e aos outros. Isso faz com que a vida em geral seja prejudicada, gerando uma autoimagem distorcida, emoções extremas, impulsividade e relacionamentos intensos e instáveis.

Causas

As causas da doença ainda não são claras, mas acredita-se que ela resulta de uma combinação de fatores genéticos e ambientais, além de anormalidades cerebrais.

– Fatores genéticos

Alguns estudos realizados com irmãos gêmeos e outras pessoas de uma mesma família indicam que transtornos de personalidade podem ser hereditários, mas que há outros fatores que também interferem no desenvolvimento ou não da síndrome.

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– Fatores ambientais

Muitas vezes, eventos traumáticos ocorridos na infância têm relação com o desenvolvimento da síndrome de Borderline. Alguns deles podem envolver negligência parental ou abuso físico, emocional ou sexual na infância. Por esse motivo, a síndrome é mais observada durante a adolescência ou no início da vida adulta.

– Anormalidades cerebrais

Pesquisas sugerem que algumas mudanças em determinadas áreas do cérebro envolvidas na regulação emocional, na agressividade e na impulsividade podem estar relacionadas com a síndrome. Algumas substâncias químicas que ajudam na regulação do humor – como a serotonina, por exemplo – podem não funcionar da forma adequada nesses indivíduos.

Porém, ainda não está claro se as mudanças na estrutura cerebral ocorrem antes ou depois do desenvolvimento da síndrome.

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Fatores de risco

Os principais fatores de risco que aumentam a chance de alguém desenvolver o transtorno de personalidade limítrofe são:

  • Predisposição hereditária: se um parente próximo apresentar o mesmo distúrbio ou um transtorno mental semelhante;
  • Infância estressante: pessoas que passaram por dificuldades durante a infância e adolescência podem ter um risco maior de desenvolver transtornos mentais como a síndrome de Borderline.

Sintomas

Os sintomas da síndrome de Borderline geralmente são agrupados em 4 áreas principais:

  1. Instabilidade emocional, chamada também de desregulação afetiva;
  2. Comportamento impulsivo;
  3. Relacionamentos intensos e instáveis com outras pessoas;
  4. Padrões perturbados de pensamento ou percepção, conhecidos como distorções cognitivas ou distorções perceptivas.

Dentro de cada uma dessas áreas principais, podem ser observados sintomas mais específicos.

Na instabilidade emocional, por exemplo, o paciente pode sentir sintomas como:

  • Raiva;
  • Tristeza;
  • Pânico;
  • Terror;
  • Vergonha;
  • Oscilações de humor que podem durar horas ou dias;
  • Sentimentos de vazio e solidão.

O comportamento impulsivo de uma pessoa diagnosticada com síndrome de Borderline pode levar o paciente a realizar as seguintes ações:

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  • Consumir álcool em excesso ou fazer uso de substâncias ilícitas;
  • Fazer sexo sem proteção com estranhos;
  • Comprar em excesso por impulsividade;
  • Desenvolver algum tipo de compulsão alimentar;
  • Se envolver em jogos de azar;
  • Ter impulsos de autoagressão ou tentativas de suicídio;
  • Sentir impulsos para se envolver em outras atividades imprudentes.

A questão dos relacionamentos instáveis pode ser identificada por meio de sintomas como:

  • Sensação de abandono ou de sufocamento;
  • Ligar para pessoas no meio da noite;
  • Fazer ameaças para que as pessoas não a deixem sozinho;
  • Tomar atitudes para que pessoas se afastem de você.

Por fim, os padrões perturbados de pensamentos podem surgir por meio de:

  • Pensamentos perturbadores;
  • Mudanças de percepção em relação à própria identidade e à autoimagem, podendo incluir a mudança repentina de metas e de valores ou se sentir mal com você mesmo ou sentir como se você não existisse;
  • Vozes estranhas na cabeça;
  • Sentimento de desconfiança ou de falta de contato com a realidade;
  • Alucinações;
  • Paranoia.

Ao notar sintomas como esses em você ou em um amigo ou ente querido, é muito importante buscar apoio médico para tratar o distúrbio.

Tratamento

O tratamento da síndrome de Borderline deve ser iniciado após um médico qualificado diagnosticar a condição. Ele deve analisar com cuidado todos os sintomas, o impacto que eles têm causado na qualidade de vida e como o paciente se sente. Também pode ser solicitada uma avaliação psicológica completa e alguns exames.

Em geral, o tratamento envolve tratamento psicológico por meio de terapias individuais e/ou em grupo. Em grande parte dos casos, os pacientes conseguem lidar e superar os seus sintomas através da psicoterapia.

Em casos mais delicados, o uso de medicamentos também pode ser necessário, sempre em conjunto com a terapia.

Além disso, pode ser que o paciente desenvolva outros problemas como a depressão ou o abuso de substâncias químicas que também devem ser tratados.

– Psicoterapia

A psicoterapia é fundamental no tratamento da síndrome de Borderline para ajudar o paciente a:

  • Aprender a lidar com emoções desconfortáveis;
  • Se concentrar na sua capacidade;
  • Aprender sobre sua condição e saber lidar com ela;
  • Melhorar seus relacionamentos;
  • Reduzir a impulsividade.

Existem muitos tipos de psicoterapia que envolvem diferentes abordagens. Alguns exemplos de terapias que funcionam bem para pacientes com síndrome de Borderline incluem a terapia comportamental dialética, a terapia centrada no esquema e a terapia comportamental cognitiva.

A terapia comportamental dialética, por exemplo, é um tipo de terapia desenvolvida especialmente para indivíduos com transtorno de personalidade limítrofe. Ela usa conceitos de atenção plena e de aceitação para que o paciente possa entender o que está acontecendo e saiba aceitar suas emoções. Ela também ajuda a controlar emoções intensas, a melhorar os relacionamentos e a reduzir os comportamentos relacionados à autodestruição.

Outro exemplo é a terapia comportamental cognitiva, que ajuda a identificar e alterar crenças e comportamentos básicos que pacientes com síndrome de Borderline acreditam sobre si mesmos. Assim, essa abordagem terapêutica pode ajudar a diminuir a ansiedade, melhorar o humor e reduzir o risco de comportamentos de autoagressão.

Cabe a você e ao seu terapeuta avaliar qual é a melhor abordagem para o seu caso.

O profissional da psicologia também pode te ajudar ao ensinar técnicas de meditação, mindfulness e de respiração para que você aprenda a controlar melhor suas emoções.

Um ponto muito importante em relação à psicoterapia é que o paciente precisa encontrar um profissional com quem se sinta seguro e confortável para falar sobre seus sentimentos. Pode ser que o indivíduo não encontre esse profissional na primeira consulta. Assim, é indicado buscar outro terapeuta quando não se sentir confortável com o atual. Do contrário, a terapia demorará mais para mostrar resultados ou nem surtirá efeito, pois é essencial essa conexão entre paciente e psicoterapeuta.

Em alguns casos, também é interessante que membros próximos da família do paciente também façam terapia para que eles entendam o transtorno e saibam aceitar e lidar com a situação.

– Medicamentos

Não existe um medicamento específico para tratar a síndrome de Borderline, mas é possível – se necessário – o uso de medicamentos para controlar alguns sintomas específicos. Em geral, podem ser indicados remédios como antidepressivos, antipsicóticos ou remédios estabilizadores de humor.

Cada um deles tem efeitos colaterais que podem ser graves. Assim, é importante conversar com um médico sobre a dosagem adequada e segura. Além disso, esse tipo de medicação só deve ser usado se prescrito por um bom médico.

Em casos mais graves, em que a pessoa tem intenção de se machucar, pode ser preciso um período de tratamento em uma clínica psiquiátrica para preservar a segurança do paciente que obterá um tratamento individualizado 24 horas por dia.

Considerações

Não é fácil viver com um distúrbio mental, mas é preciso entender que se trata de uma doença como qualquer outra e que o tratamento é necessário.

É preciso ter paciência, já que aprender a lidar com as emoções, com os pensamentos e com os comportamentos pode demorar certo tempo. Vão existir altos e baixos e é importante estar preparado para lidar com as flutuações de humor e com os desafios do tratamento.

Se não for tratada, a síndrome de Borderline pode causar muito sofrimento para o indivíduo e para as pessoas que vivem ao seu redor. Assim, não deixe de procurar apoio de bons profissionais para te ajudar no tratamento e busque apoio em sua família e amigos. Ser diagnosticado com um transtorno mental pode ser muito difícil, mas é possível combater os sintomas e recuperar a qualidade de vida por meio de um bom tratamento e com o apoio de profissionais e entes queridos, sejam estes familiares ou amigos.

Embora o início do tratamento seja difícil, uma pessoa com síndrome de Borderline pode ter uma vida normal quando passa a seguir o tratamento adequado, havendo até mesmo uma remissão dos sintomas e uma recuperação completa com o passar do tempo.

Fontes e Referências Adicionais:

Você já foi diagnosticado com Síndrome de Borderline? Quais foram as recomendações do seu médico? Comente abaixo!

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Sobre Dr. Rafael Ferreira

Dr. Rafael Ferreira de Moraes é Psiquiatria - CRM 52.98866-9. Formou-se em Medicina pela Universidade do Grande Rio Professor José de Souza Herdy em 2013. Pós-graduado em Psiquiatria pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, onde atuou nos atendimentos ambulatoriais da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro e Casa de Medicina da PUC-Rio. Para mais informações, entre em contato com ele em sua conta oficial no Instagram (@rafafmoraes)

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