Suplementação de vitamina D é recomendada para crianças e adolescentes, decide Sociedade Brasileira de Pediatria

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A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) passou a recomendar a suplementação de vitamina D para crianças e adolescentes até os 18 anos. Antes, a sugestão era de que apenas crianças de até um ano recebessem esse complemento. No entanto, ainda há ressalvas para essa adição.

Suplementação de vitamina D passa a ser recomendada para crianças e adolescentes

A nova orientação foi divulgada após de oito anos sem alterações e pretende prevenir a deficiência da substância nessa faixa etária – que pode levar a condições como raquitismo (ossos fracos e deformidades esqueléticas), infecções respiratórias e problemas na saúde óssea.

Essa decisão de atualizar as diretrizes brasileiras foi definida após a Sociedade Americana de Endocrinologia publicar, em junho, uma revisão sistemática sobre o assunto. A pesquisa identificou 14 questões clinicamente relevantes relacionadas ao uso de vitamina D, entre elas, a suplementação desse nutriente para o grupo pediátrico, especialmente àqueles que não tinham a exposição à luz solar adequada e sem uma dieta rica em alimentos com a vitamina.

“As crianças e os adolescentes fazem cada vez menos atividades ao ar livre e estão cada vez menos expostas à luz solar. Eles ficam em shoppings, dentro de casa jogando videogame. Por isso, provavelmente parte deles está com déficit desse nutriente”, aponta o endocrinologista Crésio Alves, um dos autores do novo consenso e presidente do Departamento Científico de Endocrinologia da SBP.

Vale lembrar que 90% da vitamina D é obtida por meio da exposição solar, enquanto os outros 10% vêm de fontes alimentares. De acordo com a SBP, no entanto, os ingredientes que mais fornecem esse o nutriente não fazem parte da dieta habitual dos brasileiros: peixes de água fria – como atum, arenque e salmão -, óleo de fígado de bacalhau e fígado de boi.

“Até existem alguns alimentos fortificados com vitamina D, como leites e cereais, mas ainda assim são insuficientes para que as crianças atinjam os níveis necessários”, aponta Alves.

Não há um consenso internacional a respeito dos níveis considerados deficientes, já que casa sociedade médica adota uma referência. A SBP, portanto, considera como deficiência a concentração abaixo de 20 ng/mL e deficiência grave aquele menor do que 12 ng/mL.

A nova diretriz brasileira tem como recomendação a ingestão diária de 600 UI para crianças acima de 1 ano e adolescentes. Em bebês com meses de vida, a indicação é de 400 UI. Vale ressaltar que toda suplementação deve ser feita com supervisão médica.

A vitamina D tem como principal função regular os níveis de cálcio e fósforo no sangue, essencial para a saúde óssea. Ela também demonstra outros efeitos relacionados às funções imunológicas e musculares.

Déficit

Um estudo brasileiro realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) descobriu que, apesar de o Brasil ser um país predominantemente ensolarado, a deficiência da vitamina D ainda é um problema no país. Foram avaliados os resultados de quase 414 mil dosagens do mineral em crianças e adolescentes de zero a 18 anos, coletadas entre janeiro de 2014 e outubro de 2018. O déficit da vitamina foi comprovado em 12,5% dessas amostras.

Os efeitos regionais e a sazonalidade foram evidentes na pesquisa. No entanto, os dados apontam que, por exemplo, 36% das crianças que moram na região Sul estavam com deficiência da vitamina no inverno e 5% apresentavam a deficiência grave. “É importante ressaltar que a (nova) recomendação é genérica e não se atém a aspectos específicos de cada região”, alerta o Dr. Crésio.

Portanto, devido a essas questões sazonais, a diretriz da SBP não recomenda dosar vitamina D livremente. Além da região que se mora, existem outros fatores que influenciam na dosagem, como a cor da pele (quanto mais escura, menos a pessoa absorve a vitamina D), estágio da puberdade, composição de gordura corporal, depende também se a dosagem foi feita em meses de inverno ou versão.

Cabe ao pediatra avaliar individualmente se o paciente está em risco de hipovitaminose para pedir ou não a dosagem da vitamina. Se a criança ou adolescente pratica algum esporte ao ar livre, por exemplo, não há necessidade de suplementar, já que ocorre a exposição solar adequada para atingir níveis saudáveis. 

“Não é todo laboratório nem todo hospital público que faz a dosagem desse hormônio. Se formos condicionar a recomendação à realização do exame, vamos limitar e dificultar ainda mais a suplementação”, explica o presidente da SBP. Em casos de suspeita de doenças renal, hepática ou autoimune, contudo, o pediatra deve pedir a dosagem para saber os níveis e suplementar o suficiente.

Apesar da nova diretriz, não é recomendado administrar a vitamina D em crianças e adolescentes sem o acompanhamento de um pediatra. Isso porque, ao contrário dos nutrientes hidrossolúveis, cujo excesso no organismo é liberado na urina, a vitamina D faz parte do grupo dos lipossolúveis, que só dissolvem em gordura. Portanto, quando consumida além do necessário, ela pode acumular no corpo e causar danos à saúde. 

“A Hipervitaminose D pode resultar em hipercalcemia (excesso de cálcio no organismo), que pode causar náuseas, vômitos, fraqueza e, em casos graves, problemas renais. Isso não deve ocorrer com a dose recomendada pela SBP, mas muitas pessoas tomam doses bem maiores que a sugerida”, alerta o pediatra Thomaz Couto. Com informações da Agência Einstein.

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