Um dos ícones de beleza do Brasil há anos, Valéria Valenssa, 53 anos, abre o jogo sobre alopecia de tração, que afeta principalmente cabelos de pessoas afrodescendentes.
A eterna Globeleza costuma radicalizar nas madeixas, apresentando ora fios longos, ora curtos, cacheados, lisos, claros e escuros ou até mesmo com tranças. No entanto, as constantes mudanças causam a condição especial que tem como principal sintoma a queda do cabelo.
O problema afeta especialmente mulheres afrodescendentes e é causado normalmente devido ao uso excessivo de penteados apertados, como rabos de cavalo, tranças, apliques e coques.
“Eu tenho algumas queixas aqui na frente. E é curioso, porque eu nunca me atentei para isso. E é muito importante a gente buscar a saúde também para os nossos cabelos, porque com a minha profissão eu tive que mudar muito o cabelo, colocar megahair, lace, fazer diversos penteados, colorir, descolorir, estar sempre variando”, apontou Valenssa, enquanto realizava uma sessão de tratamento capilar.
A atriz prosseguiu: “E, para além do trabalho, eu como mulher também gosto muito de mudar, experimentar diferentes estilos. Mas isso danifica muito o cabelo. E o cabelo é a nossa coroa, não é mesmo?”.
A modelo também comentou a representatividade da Globeleza e como seus penteados e pinturas corporais atraíam olhares. “O cabelo era uma marca registrada dela, porque a pintura acaba mudando todos os anos, mas, na maioria absoluta das vezes da vinheta, foi aquele black bem Chanel – que eu amava – e até hoje as pessoas comentam como ele foi referência nos anos 90”, recordou.
“E é muito interessante, porque naquela época não tinha muitas referências, mas eu sempre tive uma autoestima muito elevada e essa autoconfiança expressava muito para o personagem. E acho importante as pessoas buscarem esses valores dentro de si, se conhecer e se amar”, analisou Valéria Valenssa.
Tratamento
Devido aos muitos anos de químicas, colorações e penteados, Valenssa procurou um protocolo específico. “Estou fazendo o tratamento, justamente na parte da frente do cabelo, que já é uma área mais exposta. Mas posso dizer como muita convicção de que seu tivesse esse conhecimento sobre a alopecia há muito tempo atrás, já teria iniciado esse tratamento antes. Graças a Deus não tive uma queda radical aqui na frente, porque sempre que caía um pouco mais eu buscava recuperar os fios. Mas agora eu tenho mais essa reeducação de cuidar mesmo e consciência de que o cabelo também precisa ter saúde”, defendeu.
Em entrevista à revista Quem, a especialista que cuida de Valéria Valenssa, Dra. Carolina Gamallo, deu mais detalhes sobre a doença e o tratamento realizado pela ex-Globeleza. “Isso é bem importante falar, porque a alopecia é um termo genérico, existem várias causas de queda de cabelo que precisam ser investigadas”, apontou.
“A alopecia de tração é uma forma de queda de cabelo resultante de tensão prolongada ou repetitiva dos fios e que acomete o limite anterior e lateral do couro cabeludo. E, no caso da própria Valéria, ela é cicatricial, ou seja, é aquele estágio final da doença, quando a pele normal é substituída por áreas de cicatriz. Neste caso, o pelo deixa de existir definitivamente naquela região e a regeneração do folículo se torna impossível”, detalhou.
Gamallo assegurou que quanto antes descoberto o problema, melhores os resultados do tratamento. “Fizemos na Valéria um protocolo capilar tanto de estímulo de crescimento, quanto de anti-inflamatório locla, que inclui laser terapia, seguida do procedimento de MMP – Microinfusão de medicamentos no couro cabeludo, para oferecer a medicação de maneira homogênea na área acometida”, contou.
“É importante evitar que as crianças usem penteados como tranças, coques, grampos e elásticos muito apertados, para que, ao longo dos anos, não desenvolvam a tração contínua ou uma posterior perda irreversível dos cabelos. Acho que a palavra-chave para todos nós, na verdade, é prevenção para evitar problemas graves. Vejo hoje pessoas jovens sofrendo com isso, porque elas não têm noção de que, em um futuro próximo, isso pode piorar muito. Então, fica aqui o meu alerta”, aconselhou, por fim.