Pesquisadores do Centro de Pesquisas de Câncer Fred Hutchinson, que fica nos Estados Unidos, descobriram que o emagrecimento aliado ao consumo de suplementos de vitamina D reduz inflamações no organismo associadas a doenças crônicas e ao câncer.
Os cientistas chegaram a esses resultados depois de terem avaliado 218 mulheres com sobrepeso, de idade avançada e que apresentavam uma taxa abaixo do recomendado de vitamina D no corpo – que é de 32 ng/ml (nanogramas por mililitro).
As participantes passaram por um experimento de 12 meses, em que seguiram uma rotina de prática de atividades físicas de intensidade moderada a vigorosa, 45 minutos por dia, em cinco dias por semana. Antes de começar os testes com elas, os pesquisadores mediram os biomarcadores relacionados à inflamação nas mulheres.
Além disso, metade delas foi escolhida de maneira aleatória para tomar 2 mil UI (unidades internacionais) de suplemento de vitamina D – que é correspondente a 50 mcg (microgramas). Enquanto isso, o outro grupo recebeu um placebo (uma pílula que não contém nenhuma substância farmacológica em seu interior) que tinha a aparência similar ao comprimido com a vitamina.
Quando chegou o término do experimento, os cientistas analisaram mais uma vez os biomarcadores de inflamação nas participantes e descobriram que todas tinham apresentado redução em seus níveis de inflamação, o que demonstra que, por si só, perder peso já é um fator benéfico para a diminuição da inflamação.
Entretanto, eles também identificaram que as mulheres que além de terem eliminado de 5 a 10% de seu peso corporal, também tomaram a suplementação com a vitamina D tiveram uma queda ainda maior do que as outras em relação a inflamação.
Enquanto as que tomaram o comprimido de placebo apresentaram a diminuição de 17,2% da presença uma substância chamada interleucina-6 (IL-6) – uma citocina que quando está em quantidade excessiva no organismo é associada a um risco alto do desenvolvimento de câncer e diabetes e que poder ser apontada como uma das causas para a depressão -, as participantes que receberam o suplemento reduziram em 37% os seus níveis de IL-6.
O resultado para as mulheres que perderam mais de 10% do peso e tomaram o suplemento de vitamina D foi parecido com o das participantes que perderam de 5 a 10% de seus quilos e também ingeriram a substância.
“Nós ficamos bastante surpresos ao ver que a vitamina D afeta os biomarcadores de inflamação entre as mulheres que perderam no mínimo 5% de seu peso base. Isso sugere que a vitamina D pode aumentar o efeito de perda de peso na inflamação”, afirmou a PhD e cientista do Centro de Pesquisas do Câncer Fred Hutchinson, Catherine Duggan, que é uma das responsáveis pelo estudo.
Catherine também disse que trabalhos científicos anteriores já tinham mostrado que o emagrecimento podia realmente diminuir os níveis de inflamação, mas que a pesquisa feita na instituição em que ela trabalha é a primeira a mostrar qual o efeito da vitamina D nesse sentido.
Pessoas com sobrepeso ou obesas “vivem em um estado de inflamação crônica”, o que, de acordo com a Dra. Duggan, estimula o crescimento de células cancerígenas.
“A perda de peso reduz a inflamação e, consequentemente, representa outro mecanismo para reduzir o risco de câncer. Se garantir que os níveis de vitamina D estão completos, ou em uma taxa ideal, pode diminuir a inflamação para além do que a perda de peso faz sozinha, essa pode ser uma importante adição às ferramentas que as pessoas podem utilizar para reduzir o risco de câncer”, explicou a cientista.
No entanto, a Dra. Duggan também ressaltou que antes que as mulheres tomem a decisão de aumentar a sua taxa de vitamina D no organismo, fazendo o uso de um suplemento, é importante que elas conversem com os seus médicos para saberem a dosagem ideal que devem ingerir.
O estudo foi divulgado na edição do mês de julho deste ano da publicação Cancer Prevention Research (Pesquisa de Prevenção do Câncer, tradução livre), que é mantida pela Associação Americana de Pesquisa do Câncer.