Uma pesquisa publicada na revista Frontiers in Immunology ressaltou um elo pouco discutido entre a saúde mental e a imunidade.

O estudo foi realizado por pesquisadores da Universidade Taibah, na Arábia Saudita. Os cientistas analisaram que os sintomas de ansiedade e insônia, frequentes entre jovens, podem estar associados à redução das células natural killer (NK), fundamentais na linha de frente do sistema imunológico.
A análise envolveu 60 universitárias entre 17 e 23 anos, que responderam a questionários padronizados sobre ansiedade e qualidade do sono.
Os níveis de ansiedade foram avaliados pelo teste GAD-7, ferramenta amplamente utilizada em pesquisas e triagens clínicas. Na sequência, todas passaram por coleta de sangue para medir a quantidade e a proporção de células NK por citometria de fluxo, um método que permite analisar com precisão as células de defesa presentes na circulação.
Cerca de 75% das participantes relataram sintomas compatíveis com ansiedade e pouco mais da metade apresentava sinais de distúrbios do sono.
Os cientistas compararam os dados laboratoriais e observaram que as jovens com ansiedade tinham tanto menor proporção quanto menor número absoluto de células NK. As células são responsáveis por identificar e destruir células infectadas por vírus ou com alterações suspeitas, funcionando como um “primeiro alarme” da imunidade natural.
Padrão semelhante foi notado entre as participantes que relataram insônia: quanto maior o nível de ansiedade, menor era a quantidade de células NK nas amostras.
A descoberta reforça que problemas emocionais não ficam restritos ao campo psicológico e também podem impacta a capacidade do corpo de se proteger contra infecções.
Os autores, no entanto, destacam certas limitações. A amostra é pequena e composta apenas por jovens mulheres, o que restringe a generalização dos resultados para homens, adultos mais velhos ou pessoas com condições clínicas pré-existentes.
Outro detalhe ressaltado pelos pesquisadores é que tanto a ansiedade quanto a insônia foram avaliadas por meio de questionários, ou seja, instrumentos úteis, mas que não substituem diagnósticos clínicos ou exames objetivos de sono.
O estudo é observacional, portanto, não é possível afirmar que a ansiedade ou a insônia causam diretamente a queda nas células NK, apenas que existe uma associação.
No entanto, os especialistas ainda reforçam a importância dos achados e como compreender a relação entre a saúde mental e a imunidade é crucial.








