Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é o país mais ansioso do mundo. A ansiedade é uma condição que pode se manifestar de diversas formas, e algumas delas são sutis e facilmente negligenciadas.
Por exemplo, instintivamente, as pessoas buscam prazer e, de maneira inconsciente, podem recorrer à boca, explicou a psicóloga Bárbara Santos ao VivaBem UOL. Segundo ela, trata-se de um alívio que não é a longo prazo, mas sempre imediato e, justamente por isso, ele tende a ser repetido.
Para o pai da psicanálise, Sigmund Freud, procurar conforto por meio da boca representaria que houve alguma questão não resolvida ou um conflito emocional na chamada “fase oral” do desenvolvimento de uma pessoa.
Durante essa fase, que ocorre desde o nascimento até os dois anos de idade, o neném investiga o mundo com a boca, que está associada à alimentação e ao apego.
A fase oral e o seu impacto na vida adulta
Na vida adulta, a relação entre a ansiedade e a boca é conhecida como “fixação oral”. Segundo o psiquiatra Guido Boabaid May disse ao VivaBem UOL, ela se traduz em comportamentos associados à ativação do sistema de recompensa do cérebro, envolvendo a liberação de dopamina, um neurotransmissor relacionado ao prazer e à motivação.
Em resposta à ansiedade, muitas pessoas recorrem a comportamentos como comer em excesso, beber, fumar ou roer as unhas.
Essas ações podem proporcionar uma distração tátil e sensorial que ajuda a redirecionar a atenção e/ou funcionar como mecanismos temporários para aliviar a tensão da ansiedade. No entanto, esses hábitos podem se tornar compulsivos e até prejudiciais.
Compulsões e suas consequências
Roer as unhas, por exemplo, pode ser um jeito automático de enfrentar situações desafiadoras, mas também pode resultar em ferimentos, quando a pessoa acaba arrancando a pele ao redor das unhas. Essa ação pode ser uma maneira de deslocar o desconforto psíquico causado pela ansiedade para outra parte do corpo.
Da mesma forma, a compulsão por comida, álcool e fumo pode gerar algum tipo de prazer na hora, entretanto, geralmente leva a sentimentos de culpa e arrependimento posteriormente, além de ser algo prejudicial para a saúde.
Buscar ajuda profissional
É importante destacar que a frequência e a gravidade desses comportamentos variam de pessoa para pessoa. No entanto, quando a compulsão começa a interferir no convívio social e na vida diária, fazendo com que alguém busque o vício em detrimento de outras áreas importantes, é recomendável procurar ajuda profissional.
O tratamento adequado pode incluir terapia cognitivo-comportamental e, em alguns casos, medicação. O objetivo é desenvolver habilidades mais saudáveis de enfrentamento, promover a resiliência emocional e abordar tanto a recompensa imediata quanto as causas subjacentes da ansiedade.
Além do tratamento profissional, ter amigos e familiares como rede de apoio pode ser fundamental para sustentar a busca pelo tratamento e promover a recuperação. As informações são do VivaBem UOL.