A caracterização de um cisto como “anecoico” em um exame de ultrassom significa que a massa investigada não reflete o eco emitido pelo equipamento de ultrassom e, por isso, aparece completamente preta no exame.
Cistos anecoicos geralmente têm conteúdo líquido e apresentam grandes chances de serem benignos. Eles podem surgir em qualquer tecido do corpo e, na maioria das vezes, não causam sintomas, sendo detectados por acaso em exames de rotina.
Veja quais são os principais tipos de cistos anecoicos e como são os tratamentos.
Cisto anecóico no ovário
Mulheres assintomáticas com cistos no ovário, que são anecoicos e menores do que 10 cm, têm pouquíssimas chances de desenvolverem um câncer de ovário. Em grande parte dos casos, os cistos desaparecem espontaneamente, sem necessidade de acompanhamento ou tratamento.
A ultrassonografia pélvica é a técnica mais indicada para se detectar e caracterizar cistos anecoicos com menos de 7 cm de diâmetro. Para massas maiores do que 7 cm, recomenda-se a ressonância magnética.
Para cistos menores do que 10 cm, não se recomenda terapia hormonal e nem aspiração com agulha guiada por ultrassom para biópsia, principalmente quando não há histórico familiar de câncer de ovário.
Quando se manifestam sintomas, como dor pélvica, alterações no ciclo menstrual ou dificuldade para engravidar, é recomendada a cirurgia para a retirada do cisto por laparoscopia.
Em alguns casos, é indicada uma cirurgia para remoção apenas da parte do ovário que contém o cisto (cistectomia), ao invés da remoção completa do ovário (ooforectomia), especialmente quando a mulher está na fase pré-menopausa e não tem histórico prévio de câncer.
O tratamento cirúrgico também pode ser indicado para mulheres assintomáticas com cistos anecoicos maiores do que 10 cm.
Também há a possibilidade desses cistos surgirem no primeiro trimestre da gestação, mas em 70% dos casos, eles apresentam resolução espontânea.
Nos casos em que a cirurgia é feita e se confirma que o cisto anecoico é benigno, não há necessidade de acompanhamento clínico posterior, nem monitoramento por ultrassonografia.
Cisto anecoico na mama
Com a ultrassonografia mamária, é possível detectar a presença de cistos e identificar a natureza de seu conteúdo, se é líquida, sólida ou mista.
Cistos com conteúdo líquido são, na maioria das vezes, simples e anecoicos, sem partes sólidas. Em alguns casos, os pequenos cistos anecoicos podem se agrupar, formando massas maiores.
A maioria dos cistos anecoicos na mama não causam sintomas na paciente. Porém, quando são grandes, ao ponto de serem palpáveis na mama ou causar dor, pode ser feita uma aspiração do cisto com agulha, que serve tanto para confirmação diagnóstica, como para o tratamento.
A cor do líquido aspirado é importante na decisão da próxima conduta a ser tomada pelo médico ou médica. O líquido deve apresentar cor clara, amarronzada ou esverdeada. Se houver sinais de sangue no líquido, o material deve ser analisado e o cisto removido com cirurgia.
Confira quais características podem sinalizar a evolução de um câncer, a partir de um cisto na mama.
Cisto anecóico no rim
A maioria dos cistos anecoicos que aparecem nos rins são chamados de cistos simples, que são cavidades com conteúdo líquido amarelo claro. Podem apresentar diâmetros de um até mais de 10 cm e, com o passar dos anos, tendem a aumentar mais em quantidade, do que em tamanho.
Na maioria dos casos, não causam sintomas mas, se forem muito volumosos, podem causar dor abdominal e cólica renal. No caso de rompimento, podem provocar dor aguda e sangue na urina.
Quando o cisto no rim apresenta-se anecoico, com contornos regulares e bem delimitados, de formato redondo ou oval, as chances de se tratar de um cisto benigno são muito altas, praticamente 100%.
Quando há outras características no cisto, como a presença de septos, calcificações e contornos irregulares, são feitos outros exames para uma investigação mais detalhada, como a tomografia computadorizada.
Os cistos anecoicos renais simples não necessitam de tratamento. Quando o cisto é muito grande e provoca dor, pode ser realizada uma punção aspirativa seguida de escleroterapia (cauterização) ou cistectomia por laparoscopia ou por via aberta, para retirada do cisto.
Cisto anecoico no fígado
Os cistos anecoicos simples no fígado têm sido cada vez mais encontrados em exames de ultrassonografia, por esta técnica ser muito utilizada na prática clínica. Também é comum de serem encontrados em cirurgias por laparoscopia realizadas por outras causas.
Geralmente, os cistos anecoicos no fígado não causam sintomas e nem interferem no funcionamento do órgão.
Quando o cisto é muito grande, ele pode comprimir alguma estrutura do fígado, causando dor abdominal do lado direito, na parte superior, sintomas de má digestão, sensação de barriga pesada, inchaço abdominal com nódulo visível ou palpável, náuseas e vômitos.
Em casos de cistos solitários e sintomáticos, o tratamento indicado costuma ser a punção aspirativa, seguida de escleroterapia. Quando há múltiplos cistos, o tratamento é cirúrgico, podendo envolver diversas técnicas, como cistectomia parcial ou total, lobectomia e a técnica do destelhamento por videolaparoscopia.
Esta última tem sido a técnica mais indicada, por envolver apenas a excisão parcial dos cistos que estão na superfície do fígado, sem se aproximar de estruturas delicadas, como os vasos e os ductos biliares.
Cisto anecoico na tireoide
O aparecimento de cistos e nódulos na tireoide em exames de ultrassom são comuns, mas a grande maioria não representa um câncer na tireoide. Para fazer essa diferenciação, as características ecográficas do nódulo ou cisto são analisadas e, se necessário, é feita uma aspiração por agulha fina, para confirmação diagnóstica.
É comum aparecerem cistos anecoicos com conteúdo líquido, mas com algumas partículas sólidas (colóides) e sangue, e são considerados benignos.
De modo geral, cistos anecoicos com menos de 10 mm, solitários ou múltiplos, são considerados benignos, mesmo que haja focos ecogênicos em seu interior, devido à presença de colóides. Para estes, não é necessária a punção aspirativa para biópsia e nem tratamento.
A punção aspirativa só é indicada para nódulos sólidos maiores do que 1 cm. Nódulos menores do que isso só devem ser acompanhados anualmente.
Fontes e referências adicionais
- Management of presumed benign ovarian tumors: updated French guidelines, European Journal of Obstetrics & Gynecology and Reproductive Biology, 2014; 183: 52-58.
- Uma proposta de classificação ecográfica mamária, Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, 2005; 27(9): 515-523.
- Quistos renais, Acta Urológica, 2009; 26(3): 39-47.
- Tratamento videolaparoscópico do fígado policístico, Revista Brasileira de Videocirurgia, 2005; 3(3): 164-167.
- Ultrassom e câncer da tireoide: uma revisão da literatura e critérios ecográficos, Revista Brasileira de Ultrassonografia, 2015; 18: 40-45.
Fontes e referências adicionais
- Management of presumed benign ovarian tumors: updated French guidelines, European Journal of Obstetrics & Gynecology and Reproductive Biology, 2014; 183: 52-58.
- Uma proposta de classificação ecográfica mamária, Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, 2005; 27(9): 515-523.
- Quistos renais, Acta Urológica, 2009; 26(3): 39-47.
- Tratamento videolaparoscópico do fígado policístico, Revista Brasileira de Videocirurgia, 2005; 3(3): 164-167.
- Ultrassom e câncer da tireoide: uma revisão da literatura e critérios ecográficos, Revista Brasileira de Ultrassonografia, 2015; 18: 40-45.