Cisto na mama pode evoluir para câncer?

publicado em

O aparecimento de um caroço na mama pode ser um motivo de grande preocupação mas, na maioria das vezes, os cistos são benignos e não evoluem para um câncer. A consistência do cisto é semelhante ao de uma uva, mas alguns podem ser mais firmes.  

Um cisto na mama é um caroço cheio de líquido que se forma no tecido mamário. Uma pessoa pode apresentar apenas um ou múltiplos cistos. Geralmente, não é necessário tratar o cisto mamário, a não ser que ele cause dor, desconforto ou seja muito grande, daí uma drenagem do líquido pode ser adequada. 

Não há uma faixa de idade específica para o aparecimento do cisto na mama, podendo aparecer em qualquer fase da vida, mas é mais comum antes dos 50 anos (antes da menopausa). No período pós menopausa, os cistos podem surgir em mulheres que fazem terapia hormonal. 

Veja como identificar o cisto na mama, as causas, como são feitos o diagnóstico e o tratamento. 

Como identificar o cisto na mama?

Toque na mama
É importante a mulher investigar frequentemente as mudanças de tamanho e sensibilidade nos seios

O cisto pode aparecer em uma ou nas duas mamas, tem formato redondo ou oval, borda geralmente lisa, e é facilmente movido. Esses sinais, na maioria dos casos, indicam que o nódulo na mama é um cisto benigno. O nódulo na mama pode não ser um cisto, veja outras possibilidades

Você também pode observar uma secreção incolor no mamilo ou com alguma dessas colorações: amarela, cor de palha (amarelo claro puxado para o bege) ou marrom-escuro. 

O local onde o cisto está no tecido mamário pode ficar dolorido ou sensível. A dor ou a sensibilidade, assim como o tamanho do cisto, podem aumentar antes da menstruação. Após a menstruação, o cisto tende a diminuir de tamanho ou até desaparecer, juntamente com os outros sintomas. 

É importante você prestar atenção nas mudanças de tamanho e sensibilidade ou dor nos seios ao longo do mês, para que consiga detectar sinais anormais, fora do padrão. Ter um cisto na mama não é um sinal de que você terá um câncer, mas a presença de um ou mais cistos pode dificultar a descoberta de nódulos preocupantes, que requerem avaliação médica. 

Quando procurar um médico

Um cisto normal apresenta a consistência de nódulo macio e com borda lisa, na maioria dos casos, mas também pode apresentar-se mais consistente e grumoso. 

O que você deve prestar atenção é se esse cisto persiste por mais de dois ciclos menstruais, ficando cada vez maior, pois o mais natural é que ele diminua ou desapareça após a menstruação.

Se novas alterações surgirem após o aparecimento do cisto e forem perceptíveis na pele, você também deve ficar atenta a isso. 

Nesses casos, é recomendado agendar uma consulta médica, para uma avaliação mais detalhada do cisto. 

Por que se forma o cisto na mama? 

Os estudiosos da área ainda não conhecem as causas da formação do cisto na mama, mas entendem que pode ser resultado das alterações hormonais que ocorrem ao longo do ciclo menstrual. 

Dentro de cada mama, existem vários lóbulos dispostos em formato de pétalas de uma flor, parecida com uma margarida. O cisto se forma pelo acúmulo de líquido dentro desses lóbulos.

Dentro desses lóbulos estão as glândulas mamárias que produzem leite durante a gestação e a amamentação. O espaço dentro dos seios é preenchido por tecido adiposo (gordura) e tecido conjuntivo fibroso, que dão o formato dos seios. 

Os cistos são classificados de acordo com o tamanho: 

  • Microcistos: não são facilmente sentidos quando o seio é apalpado, pois são pequenos e vistos apenas em exames de imagem, como mamografia e ultrassom. 
  • Macrocistos: são grandes o bastante para serem sentidos e até vistos sob a pele, podendo apresentar diâmetro de 2,5 a 5 cm. 

Como é feito o diagnóstico do cisto na mama?

Diagnóstico médico em mulher
O médico ou médica fará algumas indagações e exames para diagnosticar o cisto na mama

Ao chegar em um consultório médico, você deve estar preparada para responder algumas perguntas relacionadas ao cisto que apareceu em sua mama. Então, fique atenta a alguns pontos importantes:

  • Quando você notou o cisto na mama? 
  • Você percebeu mudanças no tamanho do cisto?
  • Teve algum sintoma, como dor ou sensibilidade? 
  • Os sintomas estão presentes em uma ou nas duas mamas?
  • Os sintomas mudaram no decorrer do mês? 
  • Você tem secreção no mamilo?
  • Você sente que o seu ciclo menstrual afeta o cisto de alguma forma? 
  • Você tem histórico familiar de cistos ou nódulos nas mamas?

Essa primeira parte da consulta tem como objetivo levantar o seu histórico médico, então você pode mencionar qualquer outra informação pessoal que julgue importante, como estar passando por uma fase estressante ou por mudanças muito importantes na sua vida. 

Também é importante comunicar ao médico se você faz uso de algum medicamento, incluindo fitoterápicos, vitaminas e suplementos. 

Após a discussão dos sintomas, o médico ou médica fará um exame físico para verificar a consistência do cisto e procurar por qualquer outra anormalidade na mama. 

Somente o exame físico não é suficiente para definir se o nódulo apalpado é um cisto, por isso são feitos exames de imagem ou uma punção aspirativa por agulha fina guiada por ultrassonografia. 

Exames de imagem

Um exame de imagem muito importante é a mamografia, por meio dela é possível visualizar cistos maiores e aglomerados de cistos menores. Os microcistos isolados podem não ser identificados por esse exame. 

A ultrassonografia da mama permite identificar o conteúdo do nódulo, se é líquido ou sólido. Quando o conteúdo é líquido, trata-se de um cisto mamário e, quando sólido, pode ser um fibroadenoma (nódulo benigno) ou câncer de mama. Neste caso, o médico pode solicitar uma biópsia para analisar a massa sólida. 

Punção aspirativa

Quando o cisto é bem aparente na mama, pode ser feito um exame de punção aspirativa com uma agulha fina guiada por ultrassom, para o melhor posicionamento da agulha. 

Se ao aspirar o líquido do caroço o nódulo desaparece, não há dúvidas de que o diagnóstico é cisto mamário. 

Se for identificada a presença de sangue no fluido aspirado, se o nódulo não desaparecer com a aspiração, ou se não sair qualquer líquido dele, pode ser que o nódulo seja sólido ou tenha partes sólidas e, por isso, são indicados exames de imagem e biópsia para confirmar o diagnóstico. 

Tratamento do cisto na mama

Nenhum tratamento é necessário para o cisto na mama, cujo conteúdo é líquido e não causa dor, pois ele tende a desaparecer naturalmente. 

Caso o cisto persista por mais de dois ciclos menstruais, fique mais firme ou maior, e você perceba mudanças na pele, procure o médico para uma reavaliação. 

Alguns cistos acabam sendo totalmente drenados durante o procedimento de punção aspirativa usado no diagnóstico. 

Os cistos mamários podem ser recorrentes e o uso de pílulas anticoncepcionais pode regular o ciclo menstrual e diminuir a recorrência dos cistos. O uso de contraceptivos por via oral ou qualquer outra terapia hormonal deve ser feita apenas com prescrição médica, devido aos efeitos colaterais associados a essas terapias. 

Quando os cistos aparecem após a menopausa, por causa da terapia hormonal, a descontinuação do tratamento tende a resolver o problema e prevenir o aparecimento de novos cistos mamários.

A cirurgia para remoção de um cisto é muito incomum, sendo feita apenas em casos de cistos muito recorrentes, que causam dor ou desconforto, ou que sejam acompanhados de sinais preocupantes, como a presença de sangue no fluido. 

Fontes e referências adicionais

Você sabia como identificar um cisto na mama? Qual característica do cisto você já conhecia? Você já fez algum exame para investigar um nódulo na mama? Se sim, qual foi o exame? Comente abaixo!

Foi útil?
1 Estrela2 Estrelas3 Estrelas4 Estrelas5 Estrelas
Loading...
Sobre Dr. Lucio Pacheco

Dr. Lucio Pacheco é Cirurgião do aparelho digestivo, Cirurgião geral - CRM 597798 RJ/ CBCD. Formou-se em Medicina pela UFRJ em 1994. Em 1996 fez um curso de aperfeiçoamento em transplantes no Hospital Paul Brousse, da Universidade de Paris-Sud, um dos mais especializados na Europa. Concluiu o mestrado em Medicina (Cirurgia Geral) em 2000 e o Doutorado em Medicina (Clinica Médica) pela UFRJ em 2010. Dr. Lucio Pacheco é autor de diversos livros e artigos sobre transplante de fígado. Atualmente é médico-cirurgião, chefe da equipe de transplante hepático do Hospital Copa Star, Hospital Quinta D'Or e do Hospital Copa D'Or. Além disso é diretor médico do Instituto de Transplantes. Suas áreas de atuação principais são: cirurgia geral, oncologia cirúrgica, hepatologia, e transplante de fígado. Para mais informações, entre em contato.

Deixe um comentário