Uma nova pesquisa indica que um composto presente em frutas como a melancia e o tomate pode reduzir o acúmulo de gordura e diminuir o peso.

O estudo realizado por cientistas da Northern State University, dos Estados Unidos, foi apresentado no American Physiology Summit recentemente. Nele, foi indicado que o licopeno, pigmento natural vermelho presente no tomate, na melancia e em outros alimentos, pode ajudar a prevenir o ganho de peso ao melhorar o funcionamento do fígado.
A descoberta foi feita a partir de experimentos com peixe-zebra, espécie usada com frequência em pesquisas biomédicas por possuir um metabolismo semelhante ao humano. Os testes indicaram que o composto antioxidante favorece a quebra de gorduras no fígado e melhora o funcionamento do corpo mesmo sob uma dieta rica em gordura.
“Observamos a formação de mecanismos de prevenção da obesidade. Como os tomates são uma fonte rica do antioxidante licopeno, estamos avaliando se a proteção em peixes suplementados com tomate decorre, em parte, da redução da inflamação no fígado”, diz a bióloga Samantha St. Clair, líder da pesquisa.
O licopeno é produzido naturalmente por plantas e também vendido em forma de suplemento alimentar, embora a eficácia da substância em pó ainda não ter sido averiguada.
Foram testados os efeitos do composto em diferentes formas: extrato de tomate, combinado ao estrogênio isolado e licopeno puro.
De acordo com os primeiros resultados apresentados pelos pesquisadores durante o evento, os efeitos no metabolismo dos animais apareceram em apenas uma semana e em todos os casos foram benéficos, mas em diferentes níveis.
Os peixes que foram alimentados com a gordura e extrato de tomate apresentaram menos ganho de peso do que aqueles que receberam estrogênio com a mesma dieta. A combinação de licopeno com estrogênio, porém, reduziu os níveis de açúcar no sangue, sugerindo a melhora na atividade hepática.
A relação entre o licopeno e metabolismo ainda não foi completamente compreendida e os cientistas investigam como os alimentos ricos nesse composto interferem em vias hormonais semelhantes ás ativadas pelo estrogênio.
A comparação com o estrogênio partiu de um estudo anterior que mostrou como o hormônio impedia a obesidade em peixes superalimentados. A informação levou a equipe a investigar compostos naturais que atuassem em vias metabólicas similares.
Por mais que os mecanismos ainda não estejam bem entendidos, a conclusão que os cientistas chegaram é que, de fato, o licopeno não faz mal. Além de atuar no fígado, a substancia é um antioxidante natural que possui efeitos benéficos para o organismo como um todo.
“O licopeno é um carotenoide encontrado no tomate, goiaba vermelha, melancia, pitanga, mamão, pimentão vermelho, caqui e repolho roxo. Ele tem uma alta capacidade antioxidante e neutraliza os radicais livres gerados até pela exposição solar”, explica a nutricionista Adriana Stavro, de São Paulo, que não participou da pesquisa.
Com a preocupação em torno da obesidade aumentando em escala global, os resultados levantam novas possibilidades. Agora, a equipe planeja expandir os testes para entender como diferentes tipos de tomate influenciam o metabolismo dos peixes-zebra e para frações específicas do conteúdo de licopeno.