Uma nova pesquisa europeia feita com mais de 100 mil pacientes associou o sono após às 22h a problemas cardíacos, especialmente em mulheres. Os cientistas sugerem que a relação pode estar ligada à metabolização noturna de gorduras.

De acordo com a médica Colleen Lance, em entrevista ao portal da Cleveland Clinic, a melatonina começa a ser liberada com o pôr o sol, já preparando o corpo para o repouso. “Expor-se a telas brilhantes após as 22h inibe a produção de melatonina”, pontua a especialista.
A interrupção no processo natural do organismo prejudica a qualidade do sono e desregula funções metabólicas essenciais.
Dormir tarde aumenta risco de ter diabetes
Uma pesquisa antiga, publicada na revista científica Annals of Internal Medicine em 2023, indicou que dormir tarde também pode facilitar o desenvolvimento de diabetes. O estudo feito por médicos da Universidade de Brigham, nos Estados Unidos mostrou que mulheres que dormem mais tarde têm 20% mais risco de desenvolver a doença.
Os relatórios envolveram 63,6 mil enfermeiras que tinham entre 45 e 62 anos – todas acompanhadas por sete anos, começando em 2009. As mulheres que se autopercebiam como ‘pessoas noturnas’ eram 11% do total.
Essas participantes também tinham tendência a beber mais álcool e praticavam menos exercícios do que as diurnas, que eram 35% das entrevistadas.
As pessoas intermediárias – ou seja, que não se identificavam com nenhum dos extremos – tiveram índices piores que as diurnas, mas os cientistas não as consideraram estatisticamente relevantes. Segundo os pesquisadores, a investigação comprova os benefícios de dormir cedo.
“Quando tiramos da equação as participantes que tinham hábitos de vida diferentes, houve uma redução do risco de diabetes, mas ele ainda permaneceu. Isso significa que o ciclo de sono está, sim, relacionado ao quadro”, detalhou a médica Sina Kianersi, líder do estudo, em comunicado publicado no site da universidade.
No entanto, a pesquisa não determinou exatamente como o sono interfere no desenvolvimento da diabetes, apenas indicou que a relação existe. “Se conseguirmos determinar uma ligação causal entre o cronotipo (sincronização dos ritmos circadianos) e a diabetes ou outras doenças, os médicos poderão adaptar melhor as estratégias de prevenção aos seus pacientes”, concluiu o profissional.








