Os exames utilizados para detectar a endometriose devem indicar a presença de tecidos do endométrio, na forma de cistos ou massas, fora do útero. Essas informações podem ser obtidas em exames de imagem, como a ultrassonografia transvaginal e a ressonância magnética.
Procedimentos mais simples, como o exame ginecológico e de sangue também são úteis para detectar a endometriose. No exame ginecológico, a vagina, o útero e a parte final do intestino grosso são analisados, para ver se há focos de endometriose. A dosagem dos níveis de um marcador tumoral no exame de sangue também pode ajudar na conclusão do diagnóstico da endometriose.
Veja quais são os exames mais usados para detectar a endometriose e quais são os sintomas que levam o médico ou médica a suspeitar do problema.
Exame ginecológico
No exame ginecológico, a vagina e o útero são observados com a ajuda de um instrumento chamado espéculo, que facilita a visualização interna dessas estruturas.
Neste exame, o reto também é analisado. Apesar de fazer parte do sistema digestivo, essa parte do corpo que fica no final do intestino grosso pode ser afetada pela endometriose, em alguns casos.
Nesta investigação diagnóstica, se faz a busca por nódulos e cistos atrás do colo uterino e no reto, indicativos de uma endometriose.
O exame ginecológico costuma ser o primeiro exame realizado quando há suspeita de que a mulher tem endometriose. Se forem encontrados cistos, nódulos, ou outras anormalidades na região pélvica, são solicitados outros exames para uma investigação mais detalhada.
Exame de sangue CA 125
A proteína antígeno do câncer 125, ou apenas CA 125, é considerada um marcador tumoral, pois cerca de 80% das mulheres com câncer de ovário têm níveis altos dessa proteína no sangue.
Mas, não é só o câncer de ovário que está associado a níveis elevados de CA 125 no sangue, outras condições de saúde não cancerígenas também podem causar o aumento dessa proteína no organismo, e a endometriose é uma delas.
Então, se os níveis da proteína no sangue estiverem acima de 35 U/mL, outros exames são solicitados para uma investigação mais detalhada do caso, ou seja, para saber se é a endometriose ou outro problema de saúde que está causando esse aumento de CA 125 no sangue.
Ultrassom transvaginal
O exame de ultrassom transvaginal é importante no diagnóstico da endometriose, pois as imagens geradas pelo equipamento permitem ao médico ou médica visualizar se há a presença de tecido do endométrio em locais onde não deveriam estar, como nos ovários, bexiga, vagina e no reto.
Quando a endometriose afeta diferentes órgãos, ela é chamada de endometriose profunda, e pode ser facilmente detectada com este exame. Por isso, ele demanda uma preparação especial antes de ser realizado, que é o “preparo intestinal“.
O preparo intestinal se trata de uma limpeza intestinal antes do exame, pois os gases e as fezes podem atrapalhar a busca por nódulos e anormalidades na cavidade pélvica. A paciente deve fazer refeições pastosas, com poucas fibras e gordura, para facilitar a digestão. Também deve fazer uso de laxantes, para esvaziar o intestino.
O preparo intestinal é muito importante, pois o objetivo do exame não é apenas visualizar os focos de endometriose, mas também medi-los, verificar a sua extensão e verificar o quanto estão infiltrados nos tecidos. Para isso, é fundamental que as imagens sejam bem claras e livres de interferências.
Ressonância magnética
Quando as células do endométrio se depositam sobre os ovários ou outros órgãos das cavidades pélvica e abdominal, elas formam cistos que podem continuar crescendo e se multiplicando, e formar grandes massas.
Os sinais de formação dessas massas de tecido do endométrio fora do útero podem ser visualizados por meio do exame de ressonância magnética, que permite ao médico ou médica analisar com detalhes os ovários e os órgãos mais profundos, e detectar alterações que sejam sugestivas de cistos, nódulos e massas maiores.
O exame de ressonância magnética pode ser utilizado na fase investigativa, ou seja, de diagnóstico. Mas, geralmente, a ultrassonografia é mais aplicada nesse momento.
A ressonância magnética, por ser uma técnica cara e refinada, é mais aplicada à etapa de acompanhamento da mulher já diagnosticada com endometriose e que está em tratamento, para saber como está a evolução da doença e a resposta à terapia.
Assim como na ultrassonografia, o exame de ressonância magnética é usado para obter informações detalhadas sobre os focos da endometriose, quanto ao tamanho, extensão, quantidade e nível de infiltração.
Essas informações são úteis para comparar o estado da doença, antes e depois de algum tratamento, e também para planejar uma cirurgia, para saber se apenas uma “raspagem” é suficiente, ou se é preciso retirar toda parte afetada do tecido.
Para fazer este exame, também é necessário realizar o preparo intestinal e, além disso, é administrado o remédio Buscopan® na veia, para evitar que o intestino e o útero façam contrações (movimentos) que atrapalhem na aquisição da imagem.
Em mulheres não virgens, pode ser usado um gel na vagina e no reto, para facilitar a visualização na parede vaginal, a fim de detectar possíveis focos de endometriose no local.
Videolaparoscopia
A videolaparoscopia é considerada o método padrão-ouro para o diagnóstico da endometriose, porque é o teste mais sensível que existe hoje.
Porém, por envolver um procedimento invasivo, a videolaparoscopia não é o primeiro exame de escolha, quando se pretende diagnosticar a endometriose, pois os outros exames citados são suficientes para o diagnóstico, na maioria dos casos.
Assim, este exame nem sempre é necessário mas, quando é feito, o seu resultado não deixa dúvidas se é, ou não, endometriose.
A videolaparoscopia é um procedimento cirúrgico feito com anestesia geral. O médico ou médica cirurgiã faz um pequeno corte no umbigo, para inserção de uma câmera, o laparoscópio. As imagens capturadas pela câmera aparecem em um vídeo e todo o procedimento pode ser guiado por ultrassom ou por ressonância magnética.
Em alguns casos, um pequeno fragmento é retirado do foco de endometriose, para ser analisado em microscópio, o que consiste em um exame de biópsia.
Outros pequenos cortes podem ser feitos, para a inserção de instrumentos auxiliares, que podem ser usados para drenar um cisto no ovário e até cortar ou queimar um tecido da endometriose, por exemplo.
Sintomas comuns na endometriose
Os sintomas que, normalmente, levam a mulher a procurar o médico ou médica ginecologista e que levantam a suspeita de que se trata de endometriose são:
- Cólicas muito fortes, todo mês
- Infecção urinária
- Dor durante a relação sexual
- Alterações do sono, especialmente dificuldade para dormir.
- Alterações das funções intestinais durante a menstruação, principalmente diarreia.
- Infertilidade (conheça 10 possíveis causas da infertilidade feminina).
Fontes e referências adicionais
- Accuracy of transvaginal ultrasound for diagnosis of deep endometriosis in the rectosigmoid: systematic review and meta-analysis, Ultrasound in Obstetric & Gynecology, 2016 Mar;47(3):281-289.
- Transvaginal ultrasound vs magnetic resonance imaging for diagnosing deep infiltrating endometriosis: systematic review and meta-analysis, Ultrasound in Obstetric & Gynecology, 2018 Mai;51(5):586-595.
- Aspectos atuais do diagnóstico e tratamento da endometriose, Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, 2010 Jun; 32(6): 298-307.
Fontes e referências adicionais
- Accuracy of transvaginal ultrasound for diagnosis of deep endometriosis in the rectosigmoid: systematic review and meta-analysis, Ultrasound in Obstetric & Gynecology, 2016 Mar;47(3):281-289.
- Transvaginal ultrasound vs magnetic resonance imaging for diagnosing deep infiltrating endometriosis: systematic review and meta-analysis, Ultrasound in Obstetric & Gynecology, 2018 Mai;51(5):586-595.
- Aspectos atuais do diagnóstico e tratamento da endometriose, Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, 2010 Jun; 32(6): 298-307.