Muitas dietas e métodos alimentares ganham popularidade ao longo dos anos e o jejum intermitente é um deles. E de acordo com um estudo recente, passar períodos maiores sem ingerir nenhum alimento realmente pode ser mais eficaz do que outras formas.

Segundo a pesquisa publicada no periódico Annals of Internal Medicine, passar três dias não consecutivos em jejum – o que representa, neste caso, reduzir o consumo calórico em 80% – pode levar a uma perda de peso 7,6% maior do que fazer um regime tradicional, sem momentos deliberados de privação total de comida.
No esquema testado, os voluntários podiam se alimentar livremente ao longo de quatro dias, desde que os outros três fossem de intensa abdicação, com períodos de, ao menos, oito horas sem comer. Para se certificar da validade dos resultados, a equipe responsável pelo experimento dividiu aleatoriamente os 125 participantes em dois grupos e ambos foram orientados a cortar a mesma carga de calorias ingeridas no período. Portanto, os dois lados podiam comer a mesma quantidade de alimentos, mas distribuída de uma maneira diferente ao longo da semana.
Após a realização de exames nos voluntários, os pesquisadores constataram melhores resultados no grupo do jejum intermitente. No entanto, é necessário ter cautela: “O estudo é promissor, mas ainda não é suficiente para se tornar uma diretriz oficial”, alerta o nutricionista Ney Felipe, especialista em fisiologia e divulgador científico.
A recomendação é procurar o acompanhamento de um profissional capacitado, para que não ocorram deficiências nutricionais. “É preciso planejar alimentações que incluam vegetais, proteínas magras, boas fontes de gordura e carboidratos complexos”, afirmou o profissional.
Outro alerta é que pesquisas anteriores já mostraram a associação entre a adoção do jejum e dietas radicais com o maior risco de desenvolver distúrbios alimentares – como apontou um estudo da Universidade de São Paulo, a USP. “Nossos resultados mostraram que aqueles indivíduos que jejuavam tinham maior tendência a episódios de compulsão alimentar, especialmente quando o jejum era mais prolongado”, diz o nutricionista Jônatas Oliveira, coordenador do Grupo de Pesquisa em Comportamento e Comida e autor do artigo publicado.
“O que se pode afirmar sem sombra de dúvidas é que é uma estratégia válida para o tratamento de doenças metabólicas. Mas, no fim das contas, o fator decisivo é a adesão: quanto maior ela for, melhores os resultados”, diz o endocrinologista Fábio Moura, diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.