O início da vacinação contra a COVID-19 em todo o mundo é uma excelente notícia. Mas isso não significa que o problema da pandemia do novo coronavírus esteja 100% solucionado.
Isso porque, segundo o Los Angeles Times, testes indicaram que algumas das novas variantes do vírus podem ser menos vulneráveis a algumas vacinas.
Por exemplo, em testes no Reino Unido, a vacina da empresa americana Novavax teve aproximadamente 90% de eficácia. Por outro lado, esse índice de eficácia diminuiu para 49% na África do Sul.
A maioria das infecções que a companhia avaliou na África do Sul tinham relação com a variante B.1315, que apareceu no final de 2020 no país e já se espalhou para cerca de 30 outros países.
Além disso, a Johnson & Johnson anunciou que a sua vacina registrou 72% de eficácia contra a COVID-19 moderada ou severa nos Estados Unidos. Enquanto isso, o índice foi de 66% na América Latina e de 57% na África do Sul.
Testes de laboratório também sugeriram que a vacina da Pfizer e a vacina da Moderna estimulam uma resposta imune menor na variante do novo coronavírus da África do Sul. Vale lembrar que, por enquanto, as vacinas usadas no Brasil são a Coronavac e a vacina de Oxford.
Mutação na proteína spike é a que mais preocupa
O novo coronavírus utiliza a sua proteína spike viral para se ligar às células do organismo e para penetrá-las. As mutações que mais preocupam são justamente as que ocorrem na proteína spike na superfície do vírus.
Isso porque as vacinas disponíveis hoje treinam o sistema imunológico para reconhecer essa proteína. Portanto, mutações na proteína spike aumentam as chances de que o vírus passe despercebido.
Por isso, segundo o epidemiologista de Harvard, Michael Mina, é necessário que se tenha um conjunto mais diverso de vacinas, que utilizem diferentes abordagens contra o vírus.
Rápida propagação do vírus favorece a mutação
De acordo com Mina, a partir de um ponto de vista da biologia evolutiva, já se antecipava e esperava o surgimento de novas variantes do coronavírus.
Mas os pesquisadores acreditavam que demoraria vários meses ou até anos para que o vírus desenvolvesse algum tipo de resistência às vacinas. Para eles, boa parte da culpa dessa evolução tão rápida é o descontrole na propagação do vírus entre a população.
O mundo já ultrapassou a marca de 100 milhões de casos de COVID-19. Cada uma dessas infecções permite que o novo coronavírus tenha a oportunidade de mutar aleatoriamente. Uma mutação pode dar ao vírus a vantagem de resistir às defesas naturais do organismo.
Aliás, um sinal de que as novas variantes do novo coronavírus estavam a caminho foi a reinfecção pelo vírus. Ou seja, os casos de pessoas que contraíram a COVID-19 uma segunda vez.
Ao que parece, o “treinamento” que o sistema imunológico deles teve na primeira infecção não conseguiu protegê-los contra as novas variantes do coronavírus.
Preocupação é que o mesmo poderia ocorrer com as vacinas
Em testes de laboratório, cientistas da Pfizer e da Moderna expuseram diversas variantes do vírus à amostra de sangue de um pequeno número de pessoas que receberam a vacina contra a COVID-19.
Os anticorpos neutralizantes resultantes da vacina da Moderna foram igualmente efetivos entre o novo coronavírus original e a variante B.117 que surgiu no Reino Unido. Entretanto, eles foram bem menos efetivos contra a que apareceu na África do Sul.
Já a vacina da Pfizer foi pouco menos efetiva contra a variante da país africano, em comparação a outras estirpes do coronavírus.
No entanto, especialistas lembraram que testes em laboratórios não são um modelo perfeito para entender como funciona a resposta imune em seres humanos.
Ainda assim, a Moderna anunciou que vai tentar desenvolver uma dose extra para a sua vacina (que já é de duas doses) para combater a variante do coronavírus da África do Sul.
Além disso, a empresa planeja testar se uma terceira dose da fórmula original ajudaria contra outras variantes do coronavírus. A BioNTech, que é parceira da Pfizer na produção da sua vacina, também considera desenvolver uma versão adaptada do imunizante.
Testes da Novavax e Johnson & Johnson envolveram humanos
O teste da Novavax foi o primeiro a analisar as interações entre as novas variantes do coronavírus e as vacinas no mundo real. Como vimos, os estudos da empresa indicaram uma eficácia mais baixa na África do Sul, local onde uma nova variante do vírus circula.
Entretanto, a empresa alertou que seu estudo com 4 mil pessoas na África do Sul foi muito pequeno para apontar uma medida precisa sobre a eficácia da vacina.
Por outro lado, os testes da Johnson & Johnson dão um pouco mais de evidência que o problema com as variantes pode ser sério.
Na África do Sul, testou-se a vacina da Johnson & Johnson em aproximadamente 6,5 mil pessoas. Para especialistas, é praticamente certeza que o desempenho mais fraco do imunizante no país tem ligação com a variante que circula amplamente por lá.
Além disso, eles acreditam que novas variantes do coronavírus podem ser as responsáveis pela menor eficácia que se observou nos testes da vacina na América Latina. Na região, testou-se o imunizante em mais 17 mil pessoas da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru.
As novas variantes reforçam a necessidade de se proteger contra o vírus. Conheça as dicas de cuidado e prevenção contra a COVID-19 no vídeo da nossa nutricionista: