Quais são os riscos do exame com contraste?

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Os exames de imagem com contraste, ou exames contrastados, são importantes para obter uma visão das estruturas internas do corpo, incluindo órgãos, ossos, músculos e articulações. O material de contraste é o que permite melhorar a qualidade das imagens obtidas no exame.

Os contrastes conseguem ressaltar a estrutura do órgão ou parte do corpo que está sendo examinado, facilitando o diagnóstico. Portanto, tipos diferentes de contrastes, que incluem o iodo, gadolínio e o bário-sulfato, são utilizados conforme o tipo de exame requisitado. O contraste gadolínio, por exemplo, é comumente usado para exames de ressonância magnética.

Essas substâncias podem desencadear alguns efeitos colaterais, como diarreia, náusea, vômito e constipação. Outros sintomas mais graves podem ser apresentados se houver reação alérgica grave aos materiais de contraste ou em casos de nefropatia induzida por contraste.

Quais os riscos do contraste?

Prisão de ventre
É comum pessoas que passaram por exames com contraste sentirem prisão de ventre em seguida

Algumas pessoas desenvolvem reações alérgicas após usar o contraste. Entre os sintomas causados pela reação alérgica, estão:

  • Prisão de ventre
  • Dor no estômago
  • Náusea
  • Diarreia
  • Vômito
  • Dor de cabeça
  • Palidez
  • Urticária
  • Edema de glote
  • Inchaço da face
  • Coceira
  • Dificuldade respiratória
  • Confusão
  • Palpitação cardíaca

As reações alérgicas graves podem ser evitadas com a utilização de medicamentos corticosteroides no paciente antes da administração das substâncias de contraste. O corticosteroide tem como função inibir a resposta imune exagerada, que pode resultar em anafilaxia. Conheça as características de um choque anafilático.

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Fatores de risco para o exame de imagem com contraste

É mais suscetível que uma pessoa apresente reação adversa ao bário-sulfato se o paciente tem histórico de asma ou outras reações alérgicas, se tem fibrose cística, se estiver com um quadro de desidratação severa ou bloqueio intestinal grave, que podem ser agravados com o uso do bário.

Pacientes que possuem comprometimento nos rins ou diabetes devem ser observados com atenção ao receber os materiais de contraste, pois são mais suscetíveis a apresentar nefropatia induzida por contraste (NIC), que é a piora do funcionamento renal. 

No entanto, as pesquisas que relacionam a NIC ao uso de contrastes se baseiam em materiais de contrastes antigos, que não são mais utilizados, o que não ocorre com contrastes de iodo, por exemplo, que segundo estudos mais recentes, não oferece risco aumentado para NIC.

Já no caso do contraste de iodo, o seu uso pode desencadear hipotireoidismo ou hipertireoidismo. Isso ocorre quando o iodo usado no contraste é liberado como iodeto livre pelo corpo, ultrapassando o nível de ingestão diária recomendada de iodo.

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A resposta do próprio metabolismo a uma alta carga de iodo é chamada de efeito agudo de Wolff-Chaikoff, que é a interrupção da produção e liberação do hormônio pela tireoide. Após algumas semanas, o nível de iodo volta ao normal, normalizando a produção de hormônios pela tireoide.

Entretanto, quando esse mecanismo não funciona adequadamente, ou seja, quando não há inibição de produção dos hormônios da tireoide pelo efeito de Wolff-Chaikoff, ocorre o hipertireoidismo induzido por iodo. Por outro lado, quando a tireoide não consegue voltar ao estado normal após o efeito de Wolff-Chaikoff, o resultado é o hipotireoidismo induzido por iodo.

Ainda, pessoas com tireoidite de Hashimoto, doença de Graves ou outras doenças autoimunes que atacam as células da tireoide, ou indivíduos que passaram por tireoidectomia parcial (remoção parcial da glândula tireoide) possuem maior risco de desenvolver um quadro de hipotireoidismo após a administração do contraste de iodo.

Quais exames que usam contraste?

Exame com contraste
O raio-X e a tomografia são alguns exemplos de exames com contraste

O material de contraste é necessário para melhorar o diagnóstico através de exames de imagem, incluindo:

Para cada um desses exames, tipos específicos de contraste podem ser utilizados.

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Quais são os tipos de contraste?

Os tipos de contrastes mais usados são:

  • Bário-sulfato: utilizado para exames de imagem de órgãos do trato gastrointestinal, como faringe, esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso. 
  • Iodo e gadolínio: administrados na maioria dos casos de exame por imagem, para visualização de diversos órgãos internos, incluindo cérebro, coração, pulmões, rins, fígado, trato gastrointestinal, órgãos da região pélvica, artérias e vasos sanguíneos, músculos, tecido adiposo (gordura) e articulações.
  • Microbolhas: são bolhas pequenas de gás, as quais são injetadas para refletir as ondas de ultrassom. São utilizadas para visualização de anomalias no coração, fígado, rins e, também, no diagnóstico de tromboses. Além disso, são uma alternativa para pacientes com insuficiência renal ou que apresentem reação alérgica grave aos demais contrastes.

Como o contraste é administrado?

O contraste de bário-sulfato pode ser administrado via oral ou retal. Sendo assim, é provável que o médico recomende jejum por algumas horas antes do exame e pode ser necessário fazer uma lavagem intestinal (enema) para remoção de resíduos fecais.

Na administração oral você pode sentir um gosto desagradável do contraste, enquanto a administração retal pode dar uma sensação de intestino cheio. Esses possíveis desconfortos gerados na administração do contraste podem durar alguns minutos.

Já o contraste a base de iodo é injetado na corrente sanguínea, desencadeando uma sensação de ardor no braço e um sabor metálico na boca que some posteriormente.

Por último, o gadolínio também é administrado via injeção e provoca uma sensação gelada no local da aplicação.

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Cuidados após o uso de contrastes

Após feito o exame que demandou a administração dos contrastes, é recomendado aumentar a ingestão de água e líquidos, para que todo o material seja eliminado do organismo. No caso do bário-sulfato, o material será expulso junto com as fezes, as quais podem ficar brancas por alguns dias após o exame.

Fontes e referências adicionais

Você já fez muitos exames com contraste? Já teve alguma complicação por conta dessa necessidade? Comente abaixo!

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Sobre Dr. Lucio Pacheco

Dr. Lucio Pacheco é Cirurgião do aparelho digestivo, Cirurgião geral - CRM 597798 RJ/ CBCD. Formou-se em Medicina pela UFRJ em 1994. Em 1996 fez um curso de aperfeiçoamento em transplantes no Hospital Paul Brousse, da Universidade de Paris-Sud, um dos mais especializados na Europa. Concluiu o mestrado em Medicina (Cirurgia Geral) em 2000 e o Doutorado em Medicina (Clinica Médica) pela UFRJ em 2010. Dr. Lucio Pacheco é autor de diversos livros e artigos sobre transplante de fígado. Atualmente é médico-cirurgião, chefe da equipe de transplante hepático do Hospital Copa Star, Hospital Quinta D'Or e do Hospital Copa D'Or. Além disso é diretor médico do Instituto de Transplantes. Suas áreas de atuação principais são: cirurgia geral, oncologia cirúrgica, hepatologia, e transplante de fígado. Para mais informações, entre em contato.

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