Alcalose metabólica: o que é, causas, sintomas e tratamento

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O corpo humano é um sistema bastante complexo, no qual ocorrem reações químicas que garantem um estado de equilíbrio perfeito, que mantém todos os órgãos funcionando da maneira correta. Mudanças, ainda que muito pequenas, nessas reações químicas podem causar efeitos danosos. Um exemplo de desequilíbrio químico prejudicial ao nosso corpo é a alcalose metabólica

Por se tratar de um termo médico não muito popular, podemos pensar que é uma condição rara. Mas, problemas comuns em nosso cotidiano, como vômitos excessivos, uso de medicamentos diuréticos, laxantes e deficiência de potássio podem causar a alcalose metabólica. 

Veja o que é a alcalose metabólica, as causas, sintomas e como são feitos o diagnóstico e o tratamento. 

O que é alcalose metabólica?

Dor de barriga

Uma substância é considerada ácida, neutra ou alcalina (básica) de acordo com uma escala de pH que vai de 0 a 14. Quanto menor o valor, mais ácida ela é e, de forma inversa, quanto mais alto, maior é a alcalinidade da substância.

A água é uma substância neutra, pois seu pH é 7. A faixa de pH considerada normal para o nosso sangue é de 7,35-7,45, ou seja, levemente alcalino. A alcalose metabólica é um problema que acontece quando o pH do sangue fica muito alcalino, acima de 7,45. 

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A alcalose metabólica ocorre como consequência de duas possíveis situações: 

  • Aumento de bicarbonato no sangue, que é uma substância alcalina, resultando na alcalose metabólica cloro-resistente. Nesse tipo de alcalose, também ocorre deficiência de potássio; 
  • Diminuição de íons hidrogênio, que são ácidos. A redução dos seus níveis no sangue implica na alcalose metabólica cloro-sensível.

O contrário da alcalose é a acidose metabólica. Nenhuma dessas situações é boa para o organismo que, na maioria das vezes, está equilibrado, com o pH do sangue dentro da faixa normal de 7,35-7,45. 

Porém, quando ocorre alcalose ou acidose metabólica, o organismo promove ações de compensação, para ajustar o pH do sangue, a fim de deixá-lo normal. Essa compensação é feita pelos pulmões e pelos rins, que controlam a eliminação de gás carbônico e de íons bicarbonato. 

Compensação pelos pulmões

A compensação pelos pulmões é a primeira e mais rápida resposta do organismo, para reverter a alcalose metabólica. Ao modular a frequência de respiração, deixando-a mais rápida ou mais lenta, os pulmões podem aumentar ou diminuir a concentração de íons bicarbonatos alcalinos. 

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Para diminuir a alcalose metabólica, os pulmões diminuem a taxa de respiração, concentrando mais gás carbônico no sangue, que é ácido, compensando a condição alcalina. 

Compensação pelos rins

Esse não é um sistema muito comum de compensação, pois é mais complexo do que aquele realizado pelos pulmões. Na compensação pelos rins, ocorre a excreção de íons bicarbonato em excesso na urina. Mas, isso pode levar à desidratação e perda de outros eletrólitos, por isso não é um mecanismo comumente usado na compensação.

Quando esses mecanismos naturais do corpo não são suficientes para normalizar o pH do sangue, são necessários tratamentos médicos. 

Como é feito o tratamento?

pílulas de cloreto de potássio
Pílulas de cloreto de potássio utilizadas no tratamento da alcalose metabólica cloro-resistente

A escolha do tratamento depende do tipo de alcalose metabólica e das causas envolvidas. 

Alcalose metabólica cloro-resistente

Como a principal causa da alcalose metabólica cloro-resistente é a deficiência de potássio, o tratamento consiste em aumentar os níveis de potássio no sangue, que pode ser feito de duas formas: 

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  • Pílulas de cloreto de potássio, de 2 a 4 vezes ao dia;
  • Cloreto de potássio por via intravenosa. 

Alcalose metabólica cloro-sensível

Esse tipo de alcalose pode ser tratada por meio de:

  • Ajuste na dieta: aumentar o consumo de cloreto de sódio (sal de cozinha) ajuda a regular os eletrólitos, aumentando o nível de acidez do sangue; 
  • Solução salina por via intravenosa.

Causas da alcalose metabólica

A alcalose metabólica pode ser causada por diversos fatores: 

  • Perda do conteúdo ácido do estômago: essa é a causa mais comum da alcalose metabólica e ocorre através de vômitos em excesso. No vômito, o conteúdo ácido do estômago é eliminado e, consequentemente, o pH do sangue torna-se mais alcalino; 
  • Uso excessivo de antiácidos: acontece quando há uma combinação entre o uso de antiácidos não absorvíveis com o mau funcionamento dos rins. Alguns antiácidos contêm substâncias não absorvíveis, como o hidróxido de alumínio ou de magnésio. Os dois fatores somados levam à alcalose metabólica; 
  • Uso de medicamentos diuréticos: alguns medicamentos diuréticos prescritos no tratamento da hipertensão, como a Furosemida e a Hidroclorotiazida, podem aumentar a eliminação de ácido pela urina, tornando o sangue mais alcalino;
  • Deficiência de potássio: a falta de potássio no sangue promove uma mudança química no corpo, fazendo com que os íons hidrogênio do sangue entrem nas células, e isso pode ocorrer pelo uso excessivo de laxantes. Como resultado da menor concentração de íons hidrogênio, o sangue fica mais alcalino; 
  • Hipovolemia: significa um baixo volume de sangue nas artérias, resultante de problemas no coração ou no fígado. A hipovolemia causa a retenção de íons bicarbonato no sangue, aumentando seu pH;
  • Causas genéticas: são casos raros causados por genes herdados, que causam síndromes que levam à alcalose metabólica – síndrome de Bartter, de Gitelman, Liddle, hiperaldosteronismo primário e síndrome do excesso aparente de mineralocorticóides. 

Sintomas da alcalose metabólica

Vômito

A condição de alcalose metabólica não causa sintomas específicos, ou seja, os desconfortos e as reclamações estão diretamente ligadas às causas do problema. Então, numa situação de alcalose metabólica, a pessoa pode se queixar de: 

  • Vômito;
  • Diarreia;
  • Inchaço dos pés e tornozelos;
  • Fadiga.

Quando o fígado está envolvido no problema da alcalose metabólica, os sintomas podem ser mais graves: 

  • Agitação;
  • Desorientação;
  • Convulsão;
  • Coma.

Diagnóstico da alcalose metabólica

Em casos de suspeita de alcalose metabólica, são feitos exames de sangue arterial (gasometria) e de urina. O sangue arterial é coletado e passa por um aparelho chamado gasômetro, que mede o pH e os gases sanguíneos: o gás carbônico, o oxigênio e o bicarbonato de sódio. O exame de urina é usado para avaliar os níveis dos íons cloreto e de potássio. 

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Quando esses gases e eletrólitos estão fora da faixa normal, o paciente sofre uma variação brusca do pH sanguíneo. O cenário ideal é que todos esses componentes estejam em equilíbrio químico, monitorado pela parte metabólica do organismo (rins) e pela parte respiratória (pulmões). 

Como alguns quadros de alcalose metabólica podem estar associados a problemas em órgãos vitais, como coração, rins e pulmões, é importante que o médico seja consultado, para uma investigação mais detalhada do problema, e para o tratamento da causa da alcalose metabólica.

Fontes e referências adicionais

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Sobre Dr. Marcos Marinho

Dr. Marcos Marinho é especialista em Gastroenterologia, Endoscopia Digestiva e Ultrassonografia - CRM 52.104130-4. Formou-se em Medicina pela Universidade do Grande Rio (Unigranrio) e é pós-graduado em Gastroenterologia pelo IPEMED. Realizou cursos de ultrassonografia geral e intervencionista pela Unisom, ultrassonografia musculoesquelética e Doppler pelo CETRUS. Para mais informações, entre em contato através de seu Instagram oficial @drmarcosmarinho

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