A espironolactona, também conhecida pelo nome comercial “Aldactone®”, é um medicamento que pertence ao grupo dos diuréticos e é usado, principalmente, para o controle da pressão arterial e tratamento de inchaços de causas variadas.
Sua ação diurética promove o aumento da eliminação de água e sódio pela urina e, assim, reduz inchaços causados por, por exemplo, insuficiência cardíaca, cirrose hepática, doença renal e hipertensão arterial.
Como a espironolactona retém potássio, ela é usada para prevenir a diminuição dos níveis deste mineral essencial no sangue, assim como os do magnésio.
Apesar de não constar na bula do medicamento, a espironolactona também é usada na dermatologia para tratar problemas como queda de cabelo e acne, relacionados ao excesso de hormônios masculinos em mulheres.
A espironolactona é vendida na forma de comprimido com diferentes doses, sendo fundamental a orientação médica para o uso correto do medicamento.
Veja para que serve, como usar e quais são as contraindicações da espironolactona.
Para que serve a espironolactona
A espironolactona serve para tratar os seguintes casos:
- Hipertensão essencial: também conhecida como hipertensão primária, trata-se da elevação da pressão arterial para valores superiores a 140/90 mmHg, sem uma causa identificável.
- Distúrbios edematosos (inchaços): inchaços e acúmulo de líquido no abdômen (ascite), devido a problemas de insuficiência cardíaca congestiva, cirrose hepática, síndrome nefrótica (doença renal), ou inchaços sem uma causa identificável.
- Tratamento complementar da hipertensão maligna: um tipo grave de pressão arterial elevada.
- Prevenção de hipopotassemia e hipomagnesemia: que é a diminuição dos níveis sanguíneos de potássio e magnésio em pessoas que fazem tratamento com antidiuréticos.
- Tratamento do hiperaldosteronismo primário: doença relacionada ao excesso do hormônio aldosterona, resultando em hipertensão grave e diminuição dos níveis de potássio no sangue.
- Terapia antiandrogênica: usada na dermatologia para o tratamento de acne, excesso de pelos e queda de cabelo de padrão masculino, em mulheres que apresentam excesso de testosterona, por causa da síndrome de ovários policísticos ou hiperplasia adrenal congênita.
Como usar a espironolactona
A espironolactona pode ser administrada em dose única ou fracionada durante o dia. Os comprimidos são vendidos em concentração de 25 mg, 50 mg e 100 mg, e não podem ser abertos, partidos ou mastigados.
Em todos os casos, deve-se seguir corretamente as orientações dadas pelo seu médico ou médica, sempre respeitando as doses indicadas, os horários, os intervalos entre as medicações e a duração do tratamento.
Veja como a espironolactona é usada nos tratamentos:
Hipertensão essencial
Para casos de hipertensão essencial, a dose recomendada é de 50 a 100 mg/dia. A dose pode ser aumentada, gradualmente, para até 200 mg/dia, em casos resistentes.
O tratamento deve ser mantido por duas semanas, no mínimo, para que o organismo consiga responder adequadamente ao medicamento.
Insuficiência cardíaca congestiva
Para o tratamento de inchaços causados por insuficiência cardíaca congestiva, a dose indicada também é de 100 mg/dia.
De acordo com a necessidade da pessoa, o médico pode ajustar a dose dentro do intervalo de 25 até 200 mg/dia.
A dose de manutenção é determinada pelo médico ou médica, que acompanha o caso.
Cirrose hepática
No caso da cirrose hepática, a dose de espironolactona é dependente dos níveis de sódio e potássio presentes na urina da pessoa.
Se a relação entre o sódio urinário/potássio urinário (Na+/K+) for maior do que 1, a dose indicada é de 100 mg/dia. Se a relação entre os minerais for menor do que 1, a dose indicada é de 200 a 400 mg/dia. A dose de manutenção é definida para cada caso.
Síndrome nefrótica
A espironolactona só é aconselhada para tratar a síndrome nefrótica, nos casos em que outras terapias não tenham sido eficazes. A dose pode variar de 100 a 200 mg/dia.
Edema idiopático
Os casos de edema idiopático são aqueles em que a pessoa apresenta inchaço, sem ter relação com alguma doença cardíaca, renal ou no fígado.
A dose normalmente indicada é de 100 mg/dia, para adultos. Já para as crianças, a dose é de aproximadamente 3,3 mg por quilograma corporal, em doses fracionadas.
Hipopotassemia e hipomagnesemia
Casos de hipopotassemia e hipomagnesemia, em que suplementos orais de potássio e magnésio foram considerados inadequados, se recomenda a espironolactona com dose diária entre 25 e 100 mg.
Hiperaldosteronismo primário
A administração de espironolactona pode ser usada como uma ferramenta diagnóstica em casos de suspeita de hiperaldosteronismo primário.
A pessoa em investigação deve manter uma dieta normal e ser submetida a dois possíveis testes:
- Teste de longo prazo: a espironolactona (400 mg/dia) é administrada por 3 ou 4 semanas. Se os níveis de potássio no sangue normalizarem e a pressão arterial for controlada, considera-se uma evidência para o diagnóstico de hiperaldosteronismo primário.
- Teste de curto prazo: a espironolactona (400 mg/dia) é administrada por 4 dias. Se o potássio sanguíneo aumentar durante a administração do medicamento e diminuir quando for descontinuado, considera-se uma evidência para o diagnóstico de hiperaldosteronismo primário.
Quando o diagnóstico de hiperaldosteronismo primário é confirmado, a espironolactona pode ser administrada em doses de 100 a 400 mg/dia, como tratamento pré-operatório.
Para pessoas que não estão aptas para cirurgia, pode-se fazer o uso do espironolactona como tratamento de manutenção de longo prazo, utilizando a menor dose efetiva.
Hipertensão maligna
Nos casos de hipertensão maligna, o uso da espironolactona deve ser realizada apenas como uma terapia auxiliar nos casos em que há excesso de secreção de aldosterona, níveis baixos de potássio no sangue e diminuição da acidez do sangue (alcalose metabólica).
A dose inicial é de 100 mg/dia e pode ser aumentada para até 400 mg/dia, conforme a necessidade da pessoa.
Possíveis efeitos colaterais da espironolactona
Ao notar qualquer reação adversa ao uso da espironolactona, comunique ao seu médico ou médica, para que seja avaliada a necessidade de ajuste da dose ou substituição do medicamento.
Os efeitos colaterais mais comuns da espironolactona são:
- Hiperpotassemia, que é o aumento dos níveis de potássio no sangue.
- Náuseas
- Estado de confusão mental.
- Tontura
- Mal-estar
- Dor nas mamas, em homens.
- Ginecomastia, que é o aumento das mamas nos homens.
- Cãibras nas pernas.
- Reação alérgica na pele, como coceira e erupção cutânea.
- Insuficiência renal aguda.
Contraindicações da espironolactona
A espironolactona é contraindicada para pessoas que possuem hipersensibilidade (alergia) à espironolactona ou qualquer outro componente da fórmula.
Pessoas que apresentam as seguintes condições médicas não devem fazer uso de espironolactona:
- Insuficiência renal aguda
- Diminuição significativa da função renal
- Hiperpotassemia
- Doença de Addison
- Perda da capacidade de urinar
- Uso concomitante do medicamento eplerenona
Fontes e referências adicionais
- Espironolactona reduz a pressão arterial e a albuminúria de hipertensos obesos com síndrome metabólica, Brazilian Journal of Nephrology, 2013 Mar; 35(1): 69-72.
- Uso de la espironolactona en dermatología: acné, hidradenitis supurativa, alopecia femenina e hirsutismo, Actas Dermo-Sifiliográficas, 2020; 111(8): 639-649.
- Hiperpotassemia na vigência de espironolactona em pacientes com insuficiência cardíaca descompensada, Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 2008 Set; 91(3):194-199.
Fontes e referências adicionais
- Espironolactona reduz a pressão arterial e a albuminúria de hipertensos obesos com síndrome metabólica, Brazilian Journal of Nephrology, 2013 Mar; 35(1): 69-72.
- Uso de la espironolactona en dermatología: acné, hidradenitis supurativa, alopecia femenina e hirsutismo, Actas Dermo-Sifiliográficas, 2020; 111(8): 639-649.
- Hiperpotassemia na vigência de espironolactona em pacientes com insuficiência cardíaca descompensada, Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 2008 Set; 91(3):194-199.