Um painel realizado pela FDA, a Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos, anunciou um remédio que pode retardar a progressão do Alzheimer em 60% dos pacientes que se encontram em estágios iniciais da doença.

Um grupo de consultores da agência votou por unanimidade a favor do medicamento, donanemab, afirmando que seus benefícios superam os possíveis riscos para pacientes nesses estágios iniciais.
A votação é um passo importante para a decisão final da FDA a respeito do tratamento. A comissão não é obrigada a seguir a opinião dos especialistas, mas é o que geralmente acontece.
O medicamento pertence à gigante farmacêutica Eli Lilly e alguns resultados da eficácia da droga há tinham sido publicadas no ano passado, na revista científica JAMA (Journal of the American Medical Association).
“A detecção e o diagnóstico precoces podem realmente mudar a trajetória dessa doença”, disse Anne White, presidente de neurociência da Eli Lilly, na época. Saiba mais: 10 causas do Alzheimer e fatores de risco.
Como funcionou a pesquisa?
O ensaio clínico contou com 1.736 pacientes com Alzheimer leve, entre 60 e 85 anos. Foi identificado então que o medicamento retardou a progressão da doença em 60% desses casos.
Metade dos pacientes pôde interromper o tratamento após um ano, porque havia eliminado depósitos cerebrais suficientes. No entanto, a droga não foi tão eficaz em pacientes mais velhos e com níveis mais avançados da doença.
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Os participantes que tomaram donanemab também tiveram um risco 39% menor de progredir para o próximo estágio clínico da doença durante a pesquisa de 18 meses.
Efeitos colaterais
Alguns voluntários tiveram efeitos colaterais. Por exemplo, o inchaço cerebral ocorreu em mais de 40% dos pacientes com predisposição genética para desenvolver Alzheimer. Antes, a empresa havia relatado o problema em 24% do grupo geral de tratamento com donanemab.
Outros 31% dos integrantes que tomaram o medicamento tiveram hemorragia cerebral, já 14% que recebeu placebo enfrentou o mesmo problema.
Além disso, três mortes foram registradas durante a pesquisa e ligadas diretamente ao tratamento.
“Esses efeitos colaterais não devem ser menosprezados, mas a maioria dos casos foi controlada por monitoramento com ressonância magnética (MRI) ou interrupção do medicamento”, explicou uma das cientistas envolvidas no estudo, Liana Apostolova, professora de pesquisa do Alzheimer na Escola de Medicina da Universidade de Indiana.
Os médicos devem usar “uma triagem de segurança de ressonância magnética muito rigorosa enquanto tratamos esses pacientes”, disse a especialista.
O efeito do tratamento com donanemab aumentou em relação ao placebo ao longo do teste de 18 meses, mesmo para os participantes que interromperam o uso do medicamento depois que seus níveis de depósitos amiloides caíram significativamente.
“No final do estudo, o paciente médio estava sem medicamento por sete meses e ainda assim continuou a se beneficiar”, afirmou a profissional.