Uma nova pesquisa publicada recentemente na revista científica The Lancet Planetary Health mostrou que o arroz está se tornando cada vez mais tóxico com o agravamento do aquecimento global. Isso vem acontecendo porque a forma que o arroz é cultivado – especialmente submerso em arrozais – e sua textura altamente porosa fazem com que ele absorva níveis anormalmente altos de arsênio, uma potente toxina cancerígena encontrada naturalmente me alguns alimentos, como peixes e mariscos. Ele também pode ser encontrado nos solos e na água.
Lewis Ziska, fisiologista vegetal e professor associado da Universidade de Columbia, em Nova York, se uniu a outros pesquisadores dos Estados Unidos e da China para observar como diversas espécies de arroz reagiram a aumentos de temperatura e dióxido de carbono.
Quando as temperaturas e o CO2 aumentam, eleva também a concentração de arsênio inorgânico, devido a processos biogeoquímicos complexos no solo. “Sabíamos que a temperatura por si só poderia aumentar os níveis, e o dióxido de carbono, um pouco. Mas quando juntamos os dois, nossa, foi realmente algo que não esperávamos. Estamos diante de um alimento básico consumido por um bilhão de pessoas todos os dias, e qualquer efeito sobre a toxicidade terá um impacto bastante grande”, apontou o pesquisador.
Essa exposição ao arsênio inorgânico tem sido associada a canceres de pele, bexiga e pulmão, assim como a doenças cardíacas e problemas neurológicos em bebés. Pesquisas anteriores já constataram que, em regiões do mundo com alto consumo de arroz, o arsênio inorgânico aumenta o risco de câncer.
Os pesquisadores apontam a necessidade de regulações mais rígidas por parte dos governos, além de alertarem para o potencial desenvolvimento de variedades de arroz menos absorventes e a educação dos consumidores sobre alternativas ao arroz como algumas das intervenções que poderiam limitar a exposição ao arsênio.
O arroz é considerado o alimento básico mais importante do planeta, com metade da população mundial dependendo dele para suprir a maioria de suas necessidades alimentares, principalmente nos países em desenvolvimento.