Bico de Papagaio – O Que é, Sintomas e Tratamento

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O bico de papagaio, chamado também de osteófito, é uma condição em que se forma uma protuberância óssea geralmente entre 2 ossos que se juntam em uma mesma articulação. Trata-se de um problema comum para pessoas com mais de 60 anos de idade, mas que também pode afetar indivíduos mais jovens.

Do contrário do que muita gente pensa, o bico de papagaio não é observado apenas na coluna, mas pode se desenvolver em praticamente qualquer lugar do corpo.

Embora nem sempre cause dor, o bico de papagaio causa alguns sintomas característicos que serão mostrados abaixo, assim como o modo de tratar a condição.

Bico de papagaio – O que é?

Conhecida como osteófito, esporão ósseo ou bico de papagaio, essa saliência formada entre os ossos pode prejudicar as articulações e os nervos ao redor dos ossos afetados.

Em grande parte dos casos, os esporões ósseos são bem pequenos com uma estrutura lisa e não causam sintomas. Apenas 40% dos idosos com 60 anos ou mais percebem sintomas de bico de papagaio e buscam tratamento. No entanto, eles podem ser notados visualmente dependendo do local onde se formam.

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O bico de papagaio pode ser formado em várias regiões do corpo como o pescoço, os ombros, as mãos, os dedos, os joelhos, a coluna, a parte inferior das costas e os pés.

Se o bico de papagaio se formar na região as redor das articulações dos dedos, por exemplo, ele logo será notado pois pode prejudicar o movimento das mãos. Já nos joelhos, pode ocorrer dor ao movimentar a perna para um lado e para o outro. No ombro, também pode ocorrer dor e inchaço. No quadril, a presença de bico de papagaio pode limitar o movimento e causar dor.

Apesar de poder afetar várias partes do corpo, o mais comum é que o bico de papagaio seja formado na região da coluna vertebral. Nesse caso, os esporos se formam no interior de uma vértebra que acaba pressionando a medula espinhal e os nervos da coluna. Além de dor, isso pode resultar em dormência e formigamento na região das costas, dos braços e das pernas.

Possíveis causas

A coluna vertebral contém diversas vértebras que são separadas entre si por discos flexíveis compostos por colágeno e ligamentos. Esses discos servem como amortecedores para evitar o desgaste das vértebras e limitar os movimentos das articulações além do necessário. No entanto, com o passar dos anos ou por causa de lesões na região da coluna, pode ocorrer uma degeneração nos discos e nas articulações da região.

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Essa degeneração dos discos acaba deixando as vértebras desprotegidas, o que gera um excesso de movimento na articulação. Para restringir o movimento e manter a articulação protegida de danos adicionais, o corpo começa a engrossar os ligamentos para manter os ossos unidos. Isso funciona, mas com o passar do tempo, os ligamentos mais grossos podem se calcificar, o que resulta em um bico de papagaio.

Basicamente, o bico de papagaio resulta de um dano ao redor das articulações que causa um crescimento excessivo de tecido ósseo.

Como é normal ocorrer um desgaste durante os anos de vida, as pessoas mais velhas são propensas a desenvolver essa condição.

Alguns fatores que podem contribuir para o desenvolvimento precoce de bico de papagaio incluem:

  • Fatores hereditários;
  • Nutrição inadequada;
  • Obesidade;
  • Má postura;
  • Sedentarismo;
  • Doenças como escoliose, artrite reumatoide, osteoartrite, hiperostose esquelética idiopática difusa, estenose espinhal, espondilite anquilosante, gota e lúpus;
  • Traumas físicos como lesões sofridas em esportes ou acidentes.

Pessoas que sofrem de osteoartrite ou artrite reumatoide, condições inflamatórias que causam dor e rigidez nas articulações também são mais propensas a desenvolver bico de papagaio.

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Na artrite reumatoide, por exemplo, a articulação inflamada pode apresentar desgaste na cartilagem dos ossos, deixando os ossos desprotegidos. Ao tentar reparar a cartilagem danificada, o corpo produz mais material ósseo, o que pode resultar no crescimento de esporões ósseos.

Sintomas

Muitas pessoas pensam que sentir dor nas costas ou na coluna é um sintoma de bico de papagaio, mas nem sempre a condição causa sintomas perceptíveis. A dor geralmente se refere a condições adjacentes como uma artrite, por exemplo, mas não ao bico de papagaio em si.

Os sintomas só serão observados quando o bico de papagaio se forma em um local que acaba prejudicando outras estruturas do organismo, como pressionando os nervos ou ossos, por exemplo. Nesses casos, é possível que o paciente sinta:

  • Dor que pode irradiar para outras partes do corpo;
  • Rigidez;
  • Espasmos musculares;
  • Cãibras;
  • Dificuldade de movimentos ou de locomoção que geralmente afetam a perna, o joelho ou o quadril;
  • Fraqueza;
  • Dormência ou formigamento nos membros devido à compressão nos nervos da coluna;
  • Inchaço nas articulações.

Se certos nervos da coluna forem comprimidos pelo bico de papagaio, pode ocorrer também dificuldade em controlar as funções da bexiga e do intestino, mas raramente problemas como esse são observados.

Diagnóstico

O diagnóstico precoce é muito importante para obter um tratamento eficaz. Assim, procure um médico se sentir qualquer tipo de desconforto, dor ou rigidez nas articulações.

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Como os sintomas nem sempre são observados e tratam-se de sintomas comuns a outras condições de saúde, o bico de papagaio não é tão facilmente diagnosticado. Quando não existem sintomas, o bico de papagaio dificilmente será identificado, a menos que seja descoberto por acaso em algum exame de imagem realizado por outro motivo. No entanto, quando há inchaço, dor ou dificuldades de movimentos em determinadas articulações, o médico já pode suspeitar sobre a presença de um osteófito.

O primeiro a ser feito é um exame físico em que o médico deve apalpar as articulações e descobrir onde o paciente está sentindo dor. Além disso, o profissional deve fazer uma análise dos sintomas e do histórico médico e familiar. Normalmente, um reumatologista é o especialista indicado para diagnosticar o esporão ósseo. Ortopedistas também podem auxiliar no diagnóstico.

Uma vez que o local for encontrado, o bico de papagaio pode ser facilmente identificado por meio de exames de imagem como raios X, tomografia computadorizada ou ressonância magnética. Os raios X ajudam a visualizar alterações na estrutura óssea, já a ressonância magnética fornece imagens detalhadas dos tecidos moles como os ligamentos e as cartilagens, enquanto que a tomografia computadorizada dá informações mais detalhadas sobre os ossos e tecidos em geral.

Como complemento, também é possível que o especialista solicite testes eletrocondutivos que servem para avaliar o estado dos nervos e identificar se o bico de papagaio causou algum dano na medula espinhal.

Embora esses exames de imagem sejam úteis na identificação de bicos de papagaio, eles não servem para diagnosticar condições subjacentes como artrite reumatoide ou outras condições de saúde que podem ter desencadeado a formação dos osteófitos, sendo necessário que o médico faça investigações mais detalhadas.

Tratamento

Em muitos casos, os bicos de papagaio não precisam de tratamento por não causarem nenhum sintoma ou danos à saúde. No entanto, uma vez que sejam identificados sintomas ou problemas relacionados à presença do osteófito, é preciso interferir com um tratamento adequado.

O uso de medicamentos como anti-inflamatórios como o ibuprofeno, analgésicos como o paracetamol ou naproxeno sódico ou relaxantes musculares por 4 a 6 semanas costuma dar conta de suprimir os sintomas e controlar qualquer tipo de inflamação.

Além dos remédios prescritos por um médico, é importante repousar para que o corpo tenha tempo de focar na recuperação. Após essa etapa, pode ser necessário que o paciente faça terapias de reabilitação que podem incluir sessões de fisioterapia ou de quiropraxia. Esses tratamentos ajudam a melhorar a flexibilidade, o movimento e a força nos membros afetados.

Em casos mais graves, pode ser necessário aplicar injeções contendo esteroides como a cortisona para agir mais rapidamente na inflamação, reduzindo quase que instantaneamente a dor e o inchaço. No entanto, não é indicado tomar mais do que 3 dessas injeções em uma mesma articulação durante o período de um ano, devido aos graves efeitos colaterais que os esteroides podem causar.

Além do tratamento sintomático, é essencial descobrir o que causou o bico de papagaio e tratar a causa. Por exemplo, se o seu bico de papagaio foi formado por causa de uma artrite, é indispensável que o tratamento para artrite seja seguido para evitar o surgimento de novos osteófitos.

Intervenção cirúrgica

Cirurgias como a artroscopia ou a laminectomiam pode ser indicadas para remover um bico de papagaio que esteja causando danos muito graves. Geralmente, a cirurgia só é indicada quando há risco de danos neurológicos severos ou se o problema está afetando muito a qualidade de vida do paciente.

Como o bico de papagaio afeta mais as pessoas mais velhas, há uma série de agravantes que precisam ser levados em consideração antes de realizar uma cirurgia como a pré-existência de diabetes, pressão arterial alta, doenças cardíacas e a própria idade.

Assim, é muito importante discutir com a equipe médica os riscos e benefícios associado à cirurgia e tomar a melhor decisão possível.

Outras dicas

  1. Perder peso pode ser interessante para aliviar a tensão sobre as articulações mesmo que você não sinta dor;
  2. Praticar atividades físicas, respeitando suas limitações, é importante para fortalecer os músculos ao redor das articulações;
  3. Usar sapatos confortáveis e de baixo impacto podem ajudar a diminuir as dores e os impactos sobre as articulações;
  4. Tenha uma dieta saudável que inclua nutrientes importantes para a proteção óssea como o cálcio e a vitamina D;
  5. Manter a postura adequada ajuda não só na manutenção de problemas como na prevenção de bicos de papagaio.

Ao observar qualquer sintoma, procure seu médico. O quanto antes você descobrir o problema e a sua respectiva causa, mais eficaz será o tratamento e mais danos poderão ser evitados.

Fontes e Referências Adicionais:

Você já tinha ouvido falar em bico de papagaio? Já sofreu com essa condição? Que sintomas sentia? Comente abaixo!

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Sobre Dr. João Hollanda

Dr. João Hollanda é Médico Ortopedista - CRM-SP 113136. Formou-se pela Santa Casa de São Paulo, com especialização em cirurgia do joelho. É também médico da Seleção Brasileira de Futebol Feminino desde 2016 e médico voluntário do Grupo de Traumatologia do Esporte da Santa Casa de São Paulo desde 2010. Você pode entrar em contato com o Dr. João através de seu site.

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