Gosta de começar o dia tomando um café preto, para acordar? Você sabia que pode estar promovendo a sua longevidade com essa atitude? Um estudo da Queen Mary University, na Inglaterra, afirma que a cafeína interage com sistemas que influenciam no envelhecimento, a resposta do DNA e o estresse celular.

Os cientistas usaram levedura de fissão para testar os efeitos da cafeína – os organismos compartilham muitas características básicas com as células humanas. Na sequência, eles mediram a resposta dessas células a diferentes formas de estresse celular, incluindo exposição a toxinas e privação de nutrientes. Assim que entrou em ação, a cafeína prolongou a vida útil de levedura.
A principal descoberta é que a cafeína ativa uma reserva de combustível celular chamada AMPK. “Quando suas células estão com pouca energia, a AMPK entra em ação para ajudá-las a lidar com a situação. E nossos resultados mostram que a cafeína ajuda a acionar esse ‘interruptor’”, explica Charalampos Rallis, um dos autores do estudo.
Outra constatação que despertou curiosidade dos pesquisadores é que a cafeína também impacta leveduras com DNA danificado. A partir do momento em que uma célula detecta danos no DNA, ela costuma interromper sua divisão. O estudo evidenciou que a cafeína anula essa interrupção, o que pode impedir que o dano se torne ainda mais prejudicial.
“Essas descobertas ajudam a explicar por que a cafeína pode ser benéfica para a saúde e a longevidade. E elas abrem possibilidades interessantes para pesquisas futuras sobre como podemos desencadear esses efeitos de forma mais direta – com dieta, estilo de vida ou medicamentos”, declarou John-Patrick Alao, também pesquisador do estudo.
Esses novos dados se unem a outras pesquisas realizadas que indicam os benefícios do café, como a redução de risco de doenças cardiovasculares. “O consumo moderado de café pode, sim, estar associado a um envelhecimento mais saudável. Algumas pesquisas indicam que pessoas que consomem café regularmente podem viver mais tempo. Além disso, há estudos que afirmam que, ao consumir a bebida, reduz-se o risco de desenvolver doenças crônicas, como problemas cardíacos, diabetes tipo 2 e doenças neurodegenerativas”, afirmou Janifer Trizi, médica integrativa especializada em longevidade.
“Isso ocorre porque o café apresenta compostos bioativos como a cafeína e os ácidos clorogênicos, que podem ajudar a proteger contra danos oxidativos e inflamações. Além disso, ele combate processos associados ao envelhecimento”, completou a especialista.
Entretanto, os profissionais alertam para a moderação da ingestão de café: “É preciso lembrar que o indicado é o consumo moderado de café. A bebida pode, sim, desempenhar um papel protetor contra doenças como Alzheimer e Parkinson. Estudos sugerem que o consumo ideal varia entre três e cinco xícaras por dia. Mas o consumo excessivo pode levar a efeitos colaterais, como insônia, ansiedade e problemas digestivos”, ressaltou a médica.