Um recente estudo da Ordem dos Psicólogos (OPP) traz dados alarmantes sobre a influência da saúde mental na saúde física. Os indivíduos que sofrem de depressão têm uma probabilidade até 36% maior de desenvolver doença cardíaca coronária. Adicionalmente, a combinação de depressão, estresse e insatisfação pode elevar em 39% o risco de sofrer um AVC (Acidente Vascular Cerebral).
A investigação, intitulada “Contributo Científico OPP — O Impacto da Saúde Mental na Saúde Física”, foi revelada em alusão ao Dia Mundial da Saúde Mental. O objetivo central é gerar reflexões sobre como desordens mentais podem desencadear problemas físicos.
O panorama em Portugal é preocupante. A nação enfrenta doenças físicas alarmantes, como diabetes e AVC. Ao mesmo tempo, observa-se uma prevalência de casos de depressão e ansiedade que ultrapassam a média da União Europeia. A integração do cuidado físico e mental, no entanto, ainda não é uma prática comum, apesar de sua evidente necessidade.
A negligência em relação a essa interconexão entre saúde mental e física tem repercussões amplas. Ela afeta não apenas o bem-estar da população, mas também a economia do país. A inação governamental diante desse cenário é vista com grande preocupação.
De acordo com a pesquisa da OPP, os riscos associados a quadros de depressão, estresse e ansiedade são inúmeros:
- Aumento de até 36% no risco de doença cardíaca coronária. Esse risco pode variar entre 26% e 46%.
- Elevação de 39% na probabilidade de um AVC
- Aumento de 35% no risco de um ataque cardíaco
- Crescimento de 17% na chance de morte por problema cardíaco
- E um risco adicional de 35% de ser diagnosticado com doença física
O elo entre a saúde mental e a física é complexo. É impactado por variáveis comportamentais, como hábitos de atividade física, obesidade, consumo de álcool, além de fatores psicológicos, como a desmotivação. Questões sociais, como viver em condições de pobreza, também desempenham um papel significativo.
A OPP ressalta a necessidade de respostas integradas em saúde. Estas devem considerar a interdependência de fatores genéticos, biológicos, comportamentais, psicológicos e sociais e os efeitos deles na saúde física e mental.
Recomenda-se um investimento em políticas públicas voltadas à saúde e a implementação de intervenções precoces na saúde mental. Além disso, o acesso universal a cuidados psicológicos e o financiamento de pesquisas em psicologia da saúde são cruciais.
O custo de doenças crônicas em Portugal é exorbitante. Apesar de se gastar milhões com consequências de doenças como diabetes, muitas vezes subestima-se o papel do estresse psicológico. É imperativo que haja investimentos em pesquisas para compreender os reais custos dessas doenças e implementar estratégias de prevenção.
Sugerem-se ainda modelos multi-níveis nos cuidados de saúde primários. Esta abordagem permitiria que o acesso a cuidados psicológicos fosse universal e se baseasse nas necessidades reais dos pacientes, tornando os tratamentos mais eficazes.
A saúde preventiva é a chave. Enquanto muita atenção é voltada para questões econômicas, é crucial entender que uma economia verdadeiramente próspera não pode ser alcançada sem foco na prevenção e cuidado em saúde.