Só quem passa por um transplante sabe como é difícil depender de um medicamento de uso contínuo, para impedir que haja rejeição, pelo seu valor extremamente alto ou pela sua possível falta no mercado, por exemplo.
Agora, quem depende desse medicamento para viver precisa enfrentar um novo desafio, a disputa no mercado com quem pretende usar o remédio para driblar o envelhecimento.
Então, se antes o sumiço em algumas prateleiras ou falta de regularidade na entrega desse tipo de medicamento, de alto custo, já era uma preocupação, soma-se mais essa.
O fato é que o uso desse tipo de medicamento para evitar o envelhecimento está sendo defendido por magnatas da tecnologia e gurus da longevidade. Porém, é preciso deixar claro que ainda não há estudos científicos que comprovem a sua eficácia contra o envelhecimento.
O que as pesquisas indicaram foi que existe um efeito antienvelhecimento desse tipo de medicamento em testes que foram feitos apenas com moscas da fruta, ratos e vermes.
Essa associação do medicamento ao efeito antienvelhecimento se dá pelo fato da presença da rapamicina, que funciona bloqueando as ações de uma proteína que regula o crescimento e a degradação celular, resultando no processo chamado autofagia, que é uma espécie de reciclagem de células danificadas para evitar o acúmulo de toxinas e outras substâncias nocivas.
Vale saber que em 1999, a rapamicina foi aprovada pelo órgão americano Food and Drug Administration (Administração de Medicamentos e Alimentos, tradução livre, FDA, sigla em inglês), como um medicamento antirrejeição para receptores de transplantes de órgãos.
Porém em 2009 novos testes realizados em ratos apontaram que o medicamento poderia ter efeito sobre a longevidade também, mas seria preciso mais testes para uma conclusão final.
Em vista disso, em 2014, novos testes foram feitos desta vez em humanos, e a conclusão foi a de que o medicamento, realmente, fortaleceu o sistema imunológico, provocando uma resposta 20% maior às vacinas contra a gripe.
Esses testes, no entanto, foram o bastante para especialistas em longevidade, como Peter Attia, e o empresário americano Bryan Johnson que pretende voltar a ter 18 anos acreditarem que o medicamento, que custa cerca de US$ 2,30 por comprimido, pode sim ter potencial para prevenir a deterioração corporal.
Depois disso, foram realizadas pesquisas e, após relatos positivos relacionados à melhoria na saúde e, até mesmo, na percepção de envelhecimento, especialistas sugerem novos testes científicos em outras espécies de mamíferos, incluindo humanos, para ter a certeza de que a droga realmente tem os efeitos que os biohackers defendem pois, apesar de otimistas, as descobertas não foram conclusivas.