Homem com “sangue dourado”, um tipo raro, salva 2,4 milhões de bebês; entenda

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A natureza do sangue humano é fascinante, e sua diversidade é a chave para a sobrevivência de muitos. No entanto, no vasto espectro dos tipos sanguíneos, o “sangue dourado” é, sem dúvida, um dos mais raros e valiosos. Seu nome remete ao seu valor inestimável no mundo da medicina.

O australiano James Harrison, notoriamente conhecido por seu ato altruísta, desempenhou um papel vital ao doar seu raro plasma sanguíneo durante seis décadas. Graças à singularidade de seu sangue, ele contribuiu para a salvação de aproximadamente 2,4 milhões de bebês. 

James Harrison, post Instagram
Imagem: Reprodução Instagram

O plasma de Harrison contém um anticorpo vital utilizado na produção de uma vacina salvadora chamada Anti-D. Esta vacina é crucial para mães grávidas, cujo sangue tem o potencial de prejudicar seus fetos devido à Doença Hemolítica Perinatal (DHPN), também conhecida como doença de Rhesus ou eritroblastose fetal. Tal condição pode levar a consequências graves como anemia, aumento do fígado e baço, danos cerebrais, insuficiência cardíaca e até mesmo à morte em neonatos.

Para entender a peculiaridade do “sangue dourado”, é essencial compreender a estrutura dos grupos sanguíneos. Há quatro grupos principais: A, B, AB e O. A definição de cada grupo é baseada nos antígenos A e B, que ativam uma reação imunológica se a célula sanguínea for colocada em um indivíduo incompatível, como numa transfusão. O sangue tipo A possui antígenos A, o tipo B contém antígenos B, o tipo AB apresenta ambos, e o tipo O não tem nenhum desses antígenos.

Além desses antígenos, as hemácias possuem o fator Rh, determinando se o sangue é Rh positivo (+) ou negativo (-). O intrigante é que existem na verdade 61 antígenos de grupos sanguíneos. O tão falado “sangue dourado” não tem nenhum desses 61 antígenos Rh, tornando-se incrivelmente raro e precioso.

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O sangue tipo O negativo (-) não tem os antígenos citados anteriormente, assim, não provoca uma reação imunológica na pessoa que o recebe, sendo chamado de doador universal. No entanto, quem tem sangue tipo O negativo (-) só pode receber transfusões de outro indivíduo O negativo (-).

Na realidade, a situação é bem mais complexa com a presença de inúmeros antígenos atuando. Contudo, para compreender a raridade do sangue dourado, essa é a informação fundamental.

O “sangue dourado” é raro porque está ausente de todos os 61 antígenos Rh. Indivíduos com esse tipo de sangue apresentam mutações nos genes que produzem essas proteínas, resultando na falta completa das mesmas.

A descoberta deste tipo de sangue remonta a 1961, quando identificado em uma mulher indígena australiana. Apesar de sua raridade, estima-se que ocorra em cerca de 1 em 6 milhões de pessoas globalmente. Contudo, apenas 43 casos foram confirmados até o momento.

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O sangue Rh nulo é tido como um doador “universal” para quem possui tipos sanguíneos raros no sistema Rh, já que está isento de qualquer antígeno que possa ativar uma resposta do sistema imune. Portanto, o Rh nulo é extremamente valioso para procedimentos de transfusão sanguínea.

Possuir sangue Rh nulo tem seus desafios. Se alguém com esse tipo sanguíneo necessitar de uma transfusão, encontrar um doador compatível é uma tarefa árdua, pois qualquer outro tipo sanguíneo seria incompatível devido aos antígenos Rh que o receptor não possui.

Além disso, essa condição está associada a certos problemas de saúde. Os glóbulos vermelhos desprovidos de proteínas Rh têm irregularidades em sua estrutura, tornando-os propensos a rupturas ou “vazamentos” com mais facilidade.

Harrison descobriu sua condição única após uma cirurgia intensiva aos 14 anos, onde dependeu de transfusões para se recuperar. Ao entender a raridade e a importância de seu sangue, ele assumiu a responsabilidade de doar e ajudar outros. Acredita-se que as transfusões que recebeu naquela época possam ter sido o gatilho para sua rara condição sanguínea.

Pessoa doando sangue
Homem com plasma raro salvou 2,4 milhões de bebês

Ao aposentar-se das doações em 2018, Harrison, sem dúvida, deixou um legado inigualável. Sua jornada e a incrível história do “sangue dourado” reforçam a necessidade e o valor das doações de sangue, além de despertar nossa curiosidade sobre os mistérios do corpo humano e a infinita capacidade de fazer o bem.

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Você já ouviu falar sobre o “sangue dourado”? O que achou do legado de Harrison? Você doa sangue? Comente abaixo!

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Sobre Valdir Campos

Valdir de Campos Júnior é estudante de jornalismo, e combina sua paixão pela escrita com um forte interesse pelo universo da saúde e boa forma. Valdir é motivado pela curiosidade e pelo desejo de adquirir conhecimento, visando inspirar e informar as pessoas sobre um estilo de vida saudável.

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