Na jornada da vida, todos nós experimentamos o surgimento dos dentes de leite, sua consequente queda e, posteriormente, o aparecimento dos dentes permanentes. Estes últimos são concebidos para serem nossos companheiros duradouros.
Porém, quando perdidos, recorremos frequentemente a próteses. Entretanto, a ciência não cessa em sua busca por alternativas inovadoras, e pesquisadores japoneses estão na vanguarda de uma descoberta impressionante que visa estimular o crescimento natural de novos dentes.
A proposta é criar um medicamento que promova o crescimento dental, e as pesquisas nessa direção estão progredindo.
Até o momento, os testes foram feitos somente em animais, e diante dos bons resultados, os cientistas planejam começar os estudos clínicos. Assim, eles poderão avaliar a eficácia e segurança do remédio em seres humanos.
Mecanismo por trás da pesquisa
O corpo humano, em sua formação, conta com um componente denominado gérmen dentário — essencialmente uma “semente” que dá origem à nossa dentição, seja ela temporária ou permanente. Com o surgimento dos dentes permanentes, a atividade deste gérmen é regulada por um gene específico chamado USAG-1. Este gene, por sua natureza, bloqueia a capacidade do gérmen de formar novos dentes após a dentição permanente.
O que os cientistas japoneses propõem é, de fato, revolucionário. Eles estão desenvolvendo um medicamento, composto principalmente por anticorpos, destinado a neutralizar a ação inibitória do gene USAG-1. Com esse bloqueio, o medicamento busca reativar o gérmen dentário, possibilitando o crescimento de novos dentes sem a necessidade de implantes artificiais.
Resultados e perspectivas futuras
Em testes preliminares conduzidos em 2018, os pesquisadores observaram resultados promissores. Quando aplicado em camundongos, o medicamento incentivou o crescimento de novos dentes. Além disso, furões — animais com dentição semelhante à nossa — também responderam positivamente, apresentando novos dentes após a administração da droga.
Com os sucessos observados, novos testes clínicos estão programados para iniciar em julho de 2024, contando com o apoio da renomada Universidade de Kyoto. Desta vez, os ensaios focarão em adultos. E as perspectivas se estendem ainda mais: se esses testes forem bem-sucedidos, o medicamento será testado em crianças entre 2 e 6 anos a partir de 2025.
A motivação adicional para esse grupo etário é que o tratamento tem potencial para ajudar crianças com anodontia, condição em que nascem sem parte ou toda a dentição permanente.
Esta pesquisa representa uma esperança renovada para muitos, prometendo uma solução natural para a perda de dentes.