A leptina é um hormônio responsável por enviar um sinal ao cérebro passando uma sensação de saciedade, por isso, é conhecida como “hormônio da saciedade”. A maior parte desse hormônio é produzida pelas células de gordura do corpo, mas quantidades menores já foram identificadas em outros tecidos, como placenta, estômago, músculos, medula óssea e cérebro.
Uma boa regulação dos níveis de leptina no metabolismo ajuda a manter um peso saudável e um melhor aproveitamento energético dos alimentos, visto que ela atua transformando a gordura corporal, obtida através da alimentação, em energia.
Sendo assim, a quantidade de leptina é proporcional à quantidade de tecido adiposo (gordura) no corpo, portanto, ter uma taxa ideal desse hormônio é importante para indicar que há uma boa reserva de energia e, assim, enviar um sinal ao cérebro de que o apetite deve ser inibido.
Mas aí você pode estar pensando… então porque pessoas obesas, com excesso de leptina, continuam com fome frequentemente? Isso ocorre por conta do quadro de resistência à leptina, que é desenvolvido por muitas pessoas obesas. Com isso, apesar de estar presente em boa concentração, ela não é capaz de exercer suas funções corretamente. É o que veremos mais adiante.
Com relação à variação dos níveis de leptina ao longo do dia, sabe-se que eles atingem o ápice enquanto dormimos durante a noite, fazendo com que não sintamos fome por longas horas. Por isso, a boa qualidade do sono se torna muito importante para regular os níveis de leptina.
Quais as funções da leptina?
Além da sua função relacionada à saciedade, ela é importante em vários aspectos para a saúde.
Quando se trata de quebrar gordura para produzir energia, cada sistema do corpo precisa verificar os níveis de leptina antes de desempenhar o seu papel. É como se a leptina desse um “sinal verde” para os demais sistemas desenvolverem suas funções.
Isso é nítido quando sentimos fome e qualquer movimento ou atividade física fica muito difícil de ser realizada. Nosso sistema imunológico, ósseo, humoral e outros são afetados pela baixa taxa de leptina presente no organismo.
Um nível saudável desse hormônio também é importante para a fertilidade. Nas mulheres, ela sinaliza ao cérebro para que aconteça a ovulação. Durante a gravidez, a leptina ajuda na preparação do útero para sustentar o bebê e transportar os nutrientes necessários. Por outro lado, em mulheres com obesidade, a atuação ineficiente da leptina (resistência) pode prejudicar esses processos.
Em relação ao sistema imune, pessoas com problemas na regulação da leptina podem apresentar inflamações crônicas devido ao mau funcionamento das respostas de defesa do organismo e, consequentemente, tem um risco maior de desenvolver doenças cardiovasculares.
Valores normais da leptina
Os valores normais ou intervalos de referência podem variar de acordo com cada laboratório, mas, geralmente, ficam entre 0,5 – 15,2 ng/mL.
Aumento da leptina (hiperleptinemia)
Já que a quantidade de leptina é proporcional ao nível de gordura corporal, pessoas com quadro de obesidade têm taxas muito elevadas desse hormônio.
Além da obesidade, outras condições podem gerar hiperleptinemia, como:
- Dependência alimentar
- Doença hepática gordurosa (esteatose)
- Depressão
- Distúrbios neurodegenerativos
- Síndrome de Rabson-Mendenhall
A insulina é um regulador primário da secreção de leptina, por isso, quando há um aumento da insulina no sangue (hiperinsulinemia), a concentração de leptina também é aumentada.
Além disso, a hiperleptinemia associada à obesidade tem sido considerada como fator de risco para o câncer de mama. Estudos sugerem essa relação com diferentes estágios do processo de desenvolvimento e progressão desse tipo de câncer.
Resistência à leptina
Em algumas situações, é possível comer bem, estar com uma alta taxa de leptina e ainda sentir fome. Porém, ao contrário do que é esperado, a leptina elevada não limita a ingestão de alimentos, ou seja, essas pessoas adquirem resistência a esse hormônio, inibindo o efeito de saciedade. Isso é o que chamamos de “resistência à leptina” e é muito comum em pessoas com obesidade.
No caso de o cérebro não receber a sinalização da leptina, o corpo pensa erroneamente que está com uma baixa reserva de energia e gera impressões exageradas de fome.
Junto à fome intensa, há uma redução na utilização das calorias para gerar energia, o que vai contribuir para um acúmulo de gordura corporal. Por esse motivo, os sintomas da resistência à leptina incluem o aumento de apetite, saciedade reduzida e aumento da massa corporal gorda.
Leptina baixa
Uma taxa baixa de leptina (hipoleptinemia) é algo muito raro. A principal causa é a deficiência congênita de leptina, uma doença genética em que a pessoa já nasce sem a capacidade de transformar a gordura em leptina.
Sem esse hormônio, o corpo entende que não há reserva de energia e, constantemente, emite sinais de fome intensa. Devido a isso, as crianças que nascem com essa deficiência apresentam obesidade classe III e puberdade tardia.
A leptina baixa também pode ser adquirida em quadros de anorexia nervosa, amenorreia hipotalâmica funcional, provocada por atividade física excessiva, e lipodistrofia. Todas essas condições envolvem perda ou distribuição atípica de gordura corporal.
Portanto, os sinais mais comuns da leptina baixa podem ser obesidade grave, infecções recorrentes, saciedade prejudicada, hiperinsulinemia, dislipidemia (nível elevado de gordura no sangue) e hipogonadismo (mau funcionamento de ovários e testículos).
Exame para saber o nível de leptina
Um exame de sangue pode ser realizado para medir esse hormônio. Não é comum os profissionais solicitarem o exame de dosagem da leptina, mas o teste pode ser solicitado em casos de obesidade ou fome persistente.
Leptina x Grelina
A leptina e a grelina são dois hormônios que regulam o apetite, no entanto, têm funções contrárias: enquanto a leptina inibe o apetite, a grelina tem como finalidade estimular o apetite.
Elas são secretadas sempre de forma rítmica e compensatória, sendo assim, variam conforme a reserva de energia do corpo.
A principal ação específica da grelina é reduzir as taxas de glicose no sangue a partir da diminuição da secreção de insulina, regulando os processos de quebra de glicose e glicogênio. Essa ação é útil para poupar energia.
Tratamentos
Inicialmente, a reposição de leptina só reverteu a obesidade em condições de deficiência de leptina e, ainda, com uma eficácia limitada. Esse tratamento de reposição é aprovado apenas para tratar lipodistrofia generalizada congênita ou adquirida.
Então, como a leptina é uma descoberta um tanto nova pelos pesquisadores, muitos estudos ainda estão sendo feitos para descrever melhor seu papel e como regular esse hormônio através de tratamentos alternativos que poderão contribuir para redução dos casos de obesidade.
O que fazer para regular a leptina?
Para regular seu nível de leptina, recomendamos que siga essas orientações:
- Priorize consumir mais proteínas na sua alimentação.
- Evite alimentos industrializados e processados.
- Diminua sua taxa de triglicerídeos através da redução do consumo de carboidratos.
- Consuma fibras solúveis, como cereais, frutas e legumes.
- Cuide da qualidade do seu sono.
- Escolha um tipo de atividade física para praticar diariamente.
Ainda que não seja tão simples tratar os problemas com a leptina, essas mudanças de hábito podem lhe ajudar bastante a longo prazo.
Fontes e referências adicionais
- Leptin Applications in 2015: What Have We Learned About Leptin and Obesity?
- Current Opinion in Endocrinology, Diabetes and Obesity.
- Physiology, Leptin. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing.
- Obesity and Breast Cancer: Role of Leptin. Frontiers in Oncology.
- Endocrine-Related Organs and Hormones. Endocrine Society.
- Leptin. You and Your Hormones: An Education Resource from the Society for Endocrinology.
- Leptin and Obesity: Role and Clinical Implication. Frontiers in Endocrinology.
- The Leptin System and Diet: A Mini Review of the Current Evidence. Frontiers in Endocrinology.
- Narrative Review: The Role of Leptin in Human Physiology: Emerging Clinical Applications. Annals of Internal Medicine.
- Physiology of Leptin: Energy Homeostasis, Neuroendocrine Function and Metabolism. Metabolism.
- Serum Immunoreactive-Leptin Concentrations in Normal-Weight and Obese Humans. The New England Journal of Medicine.
- The Role of Leptin and Ghrelin in the Regulation of Food Intake and Body Weight in Humans: A Review. Obesity Reviews.
- Defining Clinical Leptin Resistance – Challenges and Opportunities. Cell Metabolism.
- Molecular Mechanisms of Central Leptin Resistance in Obesity. Archives of Pharmacal Research.
Fontes e referências adicionais
- Leptin Applications in 2015: What Have We Learned About Leptin and Obesity?
- Current Opinion in Endocrinology, Diabetes and Obesity.
- Physiology, Leptin. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing.
- Obesity and Breast Cancer: Role of Leptin. Frontiers in Oncology.
- Endocrine-Related Organs and Hormones. Endocrine Society.
- Leptin. You and Your Hormones: An Education Resource from the Society for Endocrinology.
- Leptin and Obesity: Role and Clinical Implication. Frontiers in Endocrinology.
- The Leptin System and Diet: A Mini Review of the Current Evidence. Frontiers in Endocrinology.
- Narrative Review: The Role of Leptin in Human Physiology: Emerging Clinical Applications. Annals of Internal Medicine.
- Physiology of Leptin: Energy Homeostasis, Neuroendocrine Function and Metabolism. Metabolism.
- Serum Immunoreactive-Leptin Concentrations in Normal-Weight and Obese Humans. The New England Journal of Medicine.
- The Role of Leptin and Ghrelin in the Regulation of Food Intake and Body Weight in Humans: A Review. Obesity Reviews.
- Defining Clinical Leptin Resistance – Challenges and Opportunities. Cell Metabolism.
- Molecular Mechanisms of Central Leptin Resistance in Obesity. Archives of Pharmacal Research.
Comecei sentir mal estar, tontura fui avaliado como laberintite, más exames de sangue constatou peptideo c baixo ( 0,6 ng/ml )provavelmente seja isso más ainda não retornei ao médico.