Cuidando do corpo e, consequentemente, da mente: a meditação mindfulness pode ajudar efetivamente no alívio de dores. É o que indica o novo estudo conduzido por cientistas da Universidade da Califórnia, em San Diego, Estados Unidos.

O resultado, publicado no periódico Biological Psychiatry, diz que o efeito da meditação fulness é superior ao placebo, nesses casos.
A percepção da dor depende de muitos fatores, como o estado cognitivo e emocional, a experiência pessoal e até a expectativa. Já o efeito placebo ocorre quando a simples crença em um determinado tratamento, mesmo que ineficaz, provoque uma certa melhora nos sintomas.
Para entender melhor como a meditação agia no controle da dor, os cientistas dividiram 115 voluntários em quatro grupos: o primeiro realizava sessões bem orientadas de mindfulness; o segundo praticava uma meditação “simulada”, em que os pacientes foram instruídos apenas a respirar profundamente a cada dois ou três minutos; e, por fim, o terceiro recebia um creme inócuo (placebo), acreditando se tratar de uma pomada anestésica. Os demais participantes serviram de grupo controle e somente ouviram a leitura de um audiolivro.
Antes do teste, os voluntários receberam um estímulo doloroso na perna e avaliaram a sensação de dor. Na sequência, eles receberam o mesmo estímulo enquanto eram submetidos a um exame de ressonância magnética e cada grupo praticava as respectivas intervenções. No fim, todos classificaram novamente a dor. Somente os que meditaram com a técnica correta notaram uma redução significativa na intensidade.
A equipe analisou os mecanismos cerebrais envolvidos nas respostas à dor e notou que a meditação mindfulness ativa vias diferentes daquelas acionadas no efeito placebo, além de reduzir padrões cerebrais associados com dor e emoções negativas.
O estudo também mostrou que tanto os que fizeram a meditação “simulada” quanto os que utilizaram o creme apresentaram padrões cerebrais associados ao efeito placebo.
A técnica foi associada tanto à modulação da intensidade quanto do desconforto da sensação dolorosa. “O trabalho fornece novas evidências, com diferentes técnicas de ressonância magnética cerebral, de que a meditação mindfulness pode reduzir significativamente as assinaturas da dor, tanto no aspecto nociceptivo (referente à percepção do estímulo de dor a partir de seus receptores) como afetivo”, diz a neurocientista Eliza Kozasa, do Instituto do Cérebro do Hospital Israelita Albert Einstein.
Como funciona a meditação mindfulness
Em plena atenção, o praticante deve focar apenas no presente, dando atenção a sensações, sentimentos e pensamentos que, naturalmente, acabam passando batidos no dia a dia. O método ajuda a evitar distrações, pensamentos intrusivos ou processos reflexivos que possam gerar estresse, ansiedade ou qualquer outro tipo de desconforto.
Mesmo que já seja indicada como auxiliar no tratamento de dores crônicas, os autores do estudo reforçam que a meditação mindfulness pode ser uma alternativa barata e acessível para o processo de recuperação nesses casos.