Nas últimas semanas, um acontecimento alarmante chamou a atenção do mundo: a trágica experiência de Laura Barajas, uma norte-americana de 40 anos residente em San Jose, Califórnia.
Na última quarta-feira (13), Laura foi submetida a um procedimento cirúrgico que resultou na amputação de ambos os braços e ambas as pernas. A história de Laura serve como um lembrete contundente sobre a importância de manter cuidados rigorosos ao manusear e consumir alimentos, principalmente aqueles de origem marinha.
O triste episódio com Laura Barajas: uma lição crucial sobre segurança alimentar
No início de agosto, Laura encontrou-se em uma batalha crítica por sua saúde após consumir filé de tilápia supostamente mal cozido, que culminou em uma grave infecção causada pela bactéria Vibrio vulnificus.
Este incidente, lamentavelmente, levou à amputação de seus membros superiores e inferiores na tentativa de controlar a rápida progressão da infecção, que já havia causado necrose nos pés e nas pontas dos dedos.
A bactéria e a importância de cuidados adequados com alimentos marinhos
É crucial destacar que esta bactéria, enquanto majoritariamente associada a frutos do mar e mariscos, pode, em raras ocasiões, estar presente em peixes como a tilápia. Independentemente da sua fonte, medidas preventivas, como cozimento adequado ou congelamento, podem eliminar o risco de infecção.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) informa que as infecções por V. vulnificus podem apresentar uma evolução rápida, caracterizando-se por lesões necrosantes na pele e tecidos moles, podendo ser acompanhadas de bolhas hemorrágicas.
Ações preventivas e alerta do CDC
Diante do aumento de casos relatados de infecções por Vibrio, o CDC emitiu um alerta nacional, visando conscientizar a população sobre os riscos e promover práticas seguras de consumo de alimentos marinhos.
De acordo com a organização, as bactérias do tipo Vibrio acometem aproximadamente 80 mil indivíduos anualmente no território nacional. No entanto, a grande parte desses casos é originada pelas bactérias V. parahaemolyticus (40%) e V. alginolyticus (20%), que induzem um quadro de diarreia acompanhada de febre, sem provocar complicações mais graves.
O problema está nos poucos casos de infecção por V. vulnificus. Anualmente, são notificados em todo o país cerca de 150 a 200 casos dessa doença, que deve ser obrigatoriamente reportada.
Segundo o CDC, um em cada cinco indivíduos infectados acaba falecendo, representando uma taxa de mortalidade de aproximadamente 20%.
Devido à rápida evolução da doença, em alguns casos, a morte pode ocorrer antes mesmo de passadas as primeiras 48 horas desde a infecção.
Além da ingestão de peixe ou frutos do mar que não foram bem cozidos, a doença é comumente transmitida quando feridas abertas entram em contato com água do mar ou água salobra contaminada. Até o presente momento, não foram registrados casos de transmissão de pessoa para pessoa.
Situação no Brasil: prevalência e casos documentados
No Brasil, este tipo de infecção é bastante raro, e as informações estatísticas são limitadas. Porém, é fundamental manter a vigilância, como evidenciado por um relato de caso publicado pelos Anais Brasileiros de Dermatologia, que documentou um caso fatal relacionado a esta bactéria em 2013, no Paraná.