Se você gosta de piercings e está procurando por um tipo diferente do tradicional, é bem provável que já tenha se perguntado se fazer o piercing microdermal é uma boa opção.
Apesar de não ser uma novidade, o piercing microdermal ganhou mais visibilidade depois que a atriz Giovanna Antonelli colocou um desses acessórios na região do colo, conforme ela compartilhou nas suas redes sociais em julho de 2022.
Portanto, veja em mais detalhes o que é o piercing microdermal, como ele é colocado e quais são os cuidados que se deve ter.
Piercing microdermal: o que é?
O piercing microdermal, diferentemente do piercing tradicional, não tem uma entrada separada e um ponto de saída para a joia, por isso, ele também é conhecido como piercing de ponto único.
Enquanto o piercing tradicional sempre tem um ponto de entrada e um de saída,o microdermal não ultrapassa a pele e nem tem um fecho. O acessório fica retinho contra a superfície da pele.
Assim, o piercing microdermal deve ser colocado em uma região do corpo que seja plana, tenha parte óssea e uma camada de gordura entre o osso e a pele, pois é ela que fixará o piercing na pele.
A base de fixação é chamada de âncora e fica alojada na camada dérmica ou média da pele. Essa base tem dois pequenos furos que ficam preenchidos por gordura, o que dá sustentação ao piercing. Já o topo do piercing com a joia fica exposto na superfície da pele.
Depois da cicatrização, a pessoa pode trocar a joia de titânio por uma peça de ouro, por exemplo.
Como o piercing microdermal é colocado
O body piercer é quem realiza a colocação do piercing na pele. Antes de fechar com um/uma profissional, pesquise sobre a sua reputação, converse com ex-clientes sobre a experiência que tiveram em seu atendimento e certifique-se de que a pessoa é bem treinada e que segue todas as normas.
Tenha em mente que todo o procedimento deve ser realizado com instrumentos esterilizados e descartáveis, respeitando todas as regras de saúde, higiene e assepsia. Por isso, é tão importante conhecer previamente o local de atendimento e o/a profissional responsável.
Antes de colocar o piercing microdermal e depois que você indicar a área onde deseja posicionar a joia, o/a body piercer deve fazer uma limpeza na pele, para assegurar que ela esteja completamente esterilizada.
Então,,, ele ou ela faz a marcação exata, utilizando uma régua e uma caneta compatível com a pele.
Feito isso, o/a profissional responsável aperta várias vezes a pele onde fará a abertura, para reduzir o fluxo sanguíneo no local, a fim de minimizar o sangramento.
Após, por meio de um instrumento usado para biópsias dermatológicas, o dermal puncher, o/a profissional perfura e retira um pequeno pedaço da pele. Com a ajuda de um fórceps, a base da âncora é inserida dentro do buraco feito na pele e a joia fica exposta em sua superfície.
Há riscos?
O piercing microdermal carrega sim alguns riscos de complicações, outro motivo que torna tão essencial buscar o estúdio e o/a profissional que te oferecerem as melhores condições de segurança.
Por exemplo, um dos riscos é de infecção. Caso a colocação do piercing microdermal não seja feita em um ambiente esterilizado ou o cuidado após o procedimento no processo de cicatrização seja negligenciado, bactérias podem se espalhar na derme.
Os sintomas de que houve algum problema podem incluir dor severa, pele quente ao toque (a pele ao redor do local onde o piercing foi feito), pus verde ou amarelo, rash (erupção cutânea), inchaço severo ou cheiro ruim.
Além disso, a joia pode se deslocar, se pendurar, se inclinar ou se desprender totalmente da âncora. Se isso acontecer após você fazer um piercing microdermal, procure ajuda médica imediata para que a infecção não piore.
Outro possível risco é o de haver danos aos tecidos: se a âncora for inserida muito profundamente, ela pode provocar danos aos vasos sanguíneos ou nervos ao redor.
Há ainda a chance de hipergranulação, que tem como característica uma protuberância vermelha ao redor do local do piercing. Ela pode se dar quando há muita pressão exercida na região, o que pode ocorrer devido a uma joia que está muito apertada.
Cobrir a pele no entorno do piercing com maquiagem ou com um tecido apertado, mexer constantemente na joia e uma limpeza inadequada também são fatores que podem levar à hipergranulação. Mas, ela ainda pode ocorrer pelo simples fato de haver um objeto estranho na pele.
Adicionalmente, quando a âncora não é inserida em uma profundidade suficiente, ela pode se deslocar na derme e se mover para outra área da pele.
Em caso de rejeição do piercing microdermal ou se a pessoa fica brincando com a joia ou a retira durante o processo de cicatrização, uma cicatriz pode se formar. A melhor forma de garantir que nada dê errado no período de cicatrização é seguir todas as orientações, manter a ferida limpa e fazer o procedimento com um/uma profissional com certificação e qualificação.
Rejeição do piercing microdermal
Mesmo com todos os cuidados, é importante ter em mente que, como o piercing é colocado numa camada mais profunda da pele, há chances do seu organismo identificá-lo como um objeto estranho indesejado e rejeitá-lo. Isso fica evidente, quando o local da joia não cicatriza e ela não fica bem firme na pele.
A rejeição acontece quando os tecidos da pele se expandem na derme até que a joia seja completamente empurrada para fora.
Caso você não queira mais o piercing microdermal, terá que voltar ao estúdio para retirá-lo com segurança.
Em alguns casos, o piercing deixa uma cicatriz, pois um pequeno pedaço da pele é retirado no momento da sua inserção. O processo de remoção do piercing não dói, a não ser que o local esteja inflamado. Veja o que você pode fazer para tratar o piercing inflamado.
Cuidados necessários após colocar um piercing microdermal
Depois que você colocar o seu piercing microdermal, precisará ter alguns cuidados para garantir uma boa cicatrização e evitar quadros inflamatórios graves. O/a profissional responsável te passará as orientações necessárias e é fundamental obedecer todas.
Por exemplo, você precisará lavar o local de inserção do piercing três vezes ao dia, com a solução antisséptica indicada pelo seu body piercer. Além disso, será necessário fazer compressas três vezes ao dia com soro fisiológico, para hidratar o local da perfuração e ajudar na cicatrização.
Nos primeiros 15 dias, as compressas devem ser feitas com o soro gelado, para evitar sangramento. A partir do 16° dia até o 30° dia de cicatrização, você pode fazer compressas com soro morno.
No banho, é recomendado usar um sabonete neutro e deixar a espuma entrar no local da perfuração. Assim, se tiver qualquer casquinha de sangue coagulado, ela ficará amolecida e sairá naturalmente no momento do enxágue. Assim que sair do banho, faça uma compressa com soro fisiológico no local.
Durante o período de cicatrização, é indicado que você não frequente saunas, piscinas e mar. O tempo de cicatrização varia muito de pessoa para pessoa, pois depende do sistema imunológico de cada um e de seus hábitos alimentares.
Em geral, a primeira etapa de cicatrização se completa em 30 a 40 dias. Mas, para trocar o topo da joia, você precisa esperar a cicatrização completa, que demora em torno de três a quatro meses.
O cuidado com a alimentação é um fator muito importante durante o processo de cicatrização. Para evitar reações alérgicas e inflamatórias, é aconselhável que você evite determinados alimentos potencialmente alergênicos, como:
- Carne de porco
- Frutos do mar
- Amendoim
- Pimenta
- Chocolate
- Outros aos quais você tenha algum grau de intolerância e/ou alergia
Veja uma lista de alimentos que prejudicam a cicatrização de feridas, tatuagem, piercing ou cirurgia.
Para evitar sangramentos, consuma os alimentos em temperatura morna e não quente. Como regra geral, evite aqueles alimentos muito calóricos, pois há grandes chances de serem ricos em gorduras e açúcares, o que pode iniciar ou intensificar um quadro inflamatório no seu organismo.
Dúvidas comuns sobre o piercing microdermal
É inevitável perguntar se dói colocar um piercing microdermal. As pessoas sentem e toleram a dor de modo diferente, por isso a dor é dita relativa. Mas, de modo geral, colocar um piercing microdermal tende a doer mais do que um piercing tradicional, pois o procedimento é um pouco mais invasivo.
A dor é relatada como uma sensação de pressão no momento da colocação da joia. Apesar de haver esse desconforto, ele é passageiro, durando apenas 60 segundos. Esse tempo curto é válido para procedimentos feitos com profissionais especializados.
Quando o profissional não conhece a técnica correta, o procedimento pode ser bem mais demorado. Por isso, busque referências antes de escolher o estúdio e o/a profissional.
Outra dúvida comum é sobre os melhores locais para se colocar o piercing microdermal. Esse tipo de piercing depende de uma base de sustentação que fica na derme, por isso o local escolhido precisa ser plano e com uma estrutura óssea abaixo da derme.
Normalmente, os locais do corpo que obedecem a essas condições e que são escolhidos pela maioria são a maçã do rosto, o colo e entre as clavículas.
Na hora de escolher um local para colocar o piercing, pense em uma região onde não haverá muito atrito, pois quanto mais o local é irritado, maiores as chances do organismo rejeitá-lo.
Por exemplo, apesar das covinhas das costas obedecerem aos requisitos para a colocação do piercing microdermal, é um local muito sujeito a esbarrões, pancadas e atritos com as roupas. Por isso, pode ser que o piercing não dure muito tempo, tendo que ser removido.
Você também não deve escolher um local onde não há muita gordura. Por exemplo, se a pele da sua clavícula for muito próxima ao osso, não é recomendado colocar o piercing microdermal ali, pois não haverá uma sustentação adequada.
Quanto ao material da joia, é recomendado utilizar o titânio ou o aço cirúrgico, pois tendem a ser melhor aceitos pelo organismo. Depois de completamente cicatrizado, você pode trocar a joia por um outro material de sua preferência.
Fontes e referências adicionais
- Complications after microdermal piercing in the hand: Report of two cases, Chirurgie de la Main, 2015; 34(6): 324-325.
- Body piercing, American Journal of Clinical Dermatology, 2012; 13(1): 1-17.
- Infectious complications of body piercing, Clinical Infectious Diseases, 1998; 26(3): 735-740.
- Microdermal Implants Show No Effect on Surrounding Tissue During Surgery With Electrocautery, J Surg Res . 2019 Sep:241:72-77.
Fontes e referências adicionais
- Complications after microdermal piercing in the hand: Report of two cases, Chirurgie de la Main, 2015; 34(6): 324-325.
- Body piercing, American Journal of Clinical Dermatology, 2012; 13(1): 1-17.
- Infectious complications of body piercing, Clinical Infectious Diseases, 1998; 26(3): 735-740.
- Microdermal Implants Show No Effect on Surrounding Tissue During Surgery With Electrocautery, J Surg Res . 2019 Sep:241:72-77.