Salivando muito? Possíveis causas e o que fazer

Ter a boca salivando muito pode ser algo comum, dependendo do que você comeu ou bebeu. Essa condição pode ser denominada como hipersalivação, sialorreia ou ptialismo e, raramente, significa um problema de saúde.

As glândulas salivares podem ficar hiperativas, principalmente se você come algo picante, ácido ou amargo. Se você consome com frequência esses tipos de alimentos, será mais fácil reduzir a salivação com uma simples mudança de dieta.

Em contrapartida, a salivação em excesso também pode ser um efeito adverso a alguma medicação ou um problema de saúde. Por exemplo, doenças crônicas que afetam a capacidade muscular da face, frequentemente, resultam na hipersalivação.

A saliva tem um papel muito importante para manter a boca saudável, além de desempenhar função na mastigação, deglutição e digestão dos alimentos. Sabe-se, também, que a saliva possui propriedades antibactericidas que previnem a cárie, e substâncias que aceleram a cicatrização em lesões da boca.

Em casos de hipersalivação constante que afete seu bem-estar, procure se consultar com um especialista. Abaixo citamos algumas causas que podem levar a hipersalivação anormal.

Macroglossia

Síndrome de Down — Síndromes genéticas como a síndrome de Down provocam a macroglossia

A macroglossia é o aumento do tamanho da língua, geralmente, associada a síndromes genéticas. Ela é uma condição incomum presente desde o nascimento com diversos outros sinais clínicos associados à síndrome, por exemplo, a síndrome de Down e a síndrome de Pierre Robin.

O alargamento da língua pode ocorrer por outros fatores, como crescimento excessivo do tecido muscular lingual, ou em consequência da hiperplasia glandular (aumento da quantidade de células glandulares), causas infecciosas, inflamações ou infiltrações na língua.

As doenças que podem resultar na macroglossia adquirida, ou seja, não associada a nenhuma síndrome genética, são:

Lipoma, um tipo de tumor benigno.
Hipotireoidismo
Polimiosite, um processo inflamatório raro que atinge os músculos.
Amiloidose, uma condição rara que causa depósitos de proteínas insolúveis nos tecidos, distorcendo o tamanho de órgãos, como a língua.
Reações alérgicas
Glossite, inflamação geral da língua.
Neurofibromatose, crescimento de tumores ao longo dos nervos.
Sífilis e tuberculose

Em geral, o aumento da língua está associado à sialorreia por conta da dificuldade de deglutição da saliva.

Maloclusão

A maloclusão, ou “erros de mordida”, é causada pelo desalinhamento de dentes, desalinhamento de mandíbulas ou quando a quantidade de dentes não cabe no espaço da boca. Ela pode ser tratada com aparelhos e, em casos mais complexos, é necessário correção cirúrgica.

Se não for tratada, ela pode desencadear vários problemas de saúde, incluindo problemas de mastigação e deglutição relacionados à saliva em excesso na boca. Além disso, pode causar dores de cabeça, deterioração dos dentes, gengivite e distúrbio de fala (distorção de sons ao pronunciar palavras).

Derrame

O derrame, ou acidente vascular cerebral (AVC), é uma condição médica grave causada pelo bloqueio de uma veia ou artéria sanguínea do cérebro. Os sintomas incluem a paralisia facial, dormência dos braços, dificuldade de falar e inconsciência.

Com a paralisação dos nervos da face, é difícil para a pessoa que está tendo um derrame controlar os músculos da boca e língua, gerando o episódio de salivação em excesso.

Quando observar alguém próximo com esses sintomas, ligue imediatamente para o número 192 do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

Doença de refluxo gástrico

A doença de refluxo gástrico ocorre quando a saliva e o ácido gástrico voltam frequentemente do estômago para a boca. O refluxo ácido gera ardência e pode provocar inflamação do esôfago (esofagite).

Além disso, essa doença está associada à disfagia, problema para deglutir alimentos e fluidos, como a saliva, fazendo com que ela fique presa na garganta e retorne para a boca.

Envenenamento

Intoxicação alimentar ou envenenamento por metais, como mercúrio e cobre, podem desencadear hipersalivação, náuseas, febre, vômito e diarreia. Os sintomas podem aparecer em poucas horas, ou após até 2 dias do contato com o alimento ou substância tóxica.

Paralisia e doenças neurodegenerativas

A dificuldade de engolir a saliva ou a incapacidade manter a boca fechada é muito comum em pessoas com condições relacionadas à paralisia e doenças neurodegenerativas, como a esclerose lateral amiotrófica (ELA), doença de Parkinson, entre outras.

Isso ocorre devido a um controle reduzido dos nervos e músculos faciais. Sendo assim, essas pessoas são mais propensas a inalar fluidos, levando-os para os pulmões, podendo ocasionar uma pneumonia aspirativa.

Uso de medicamentos

Por fim, a sialorreia também pode ser um efeito colateral do uso de medicamentos, principalmente, das seguintes classes de drogas:

Anticonvulsivantes
Antidepressivos
Antipsicóticos
Relaxantes musculares
Diuréticos
Quimioterápicos
Analgésicos opioides
Anti-hipertensivos
Psicoestimulantes
Supressores de apetite
Sedativos
Anticolinérgicos

O que fazer?

Para realizar o diagnóstico correto da condição que está causando a hipersalivação, é provável que o médico solicite diversos exames, incluindo:

Avaliação do estado de hidratação
Avaliação da postura e cabeça
Estado emocional
Avaliação geral da boca, língua, dentes e mandíbula
Avaliação das amígdalas e cavidades nasais

O médico também precisará levantar informações sobre uso de remédios, em que situações ocorre a hipersalivação, se é constante ou temporária, e como ela afeta o dia a dia do paciente.

Fonoaudiologia — Exercícios de fonoaudiologia ajudam a fortalecer a musculatura da língua e reduzir a saliva em excesso

Primeiramente, o tratamento para a hipersalivação dependerá da causa do problema. Entre os tratamentos disponíveis, estão:

Injeções de toxina botulínica (Botox)
Cirurgia
Medicações, como glicocopiato e escopolamina
Radioterapia
Técnicas de fonoaudiologia para fortalecer a musculatura da língua e mandíbula

A aplicação da toxina botulínica (botox) é indicada para tratamentos de condições que geram hipersalivação. O botox paralisa a atividade das glândulas salivares temporariamente. Esse é um tratamento seguro e eficaz que deve ser realizado em intervalo de alguns meses, quando a toxina botulínica perder o efeito.

Já a cirurgia de remoção da glândula salivar oferece a cura definitiva para a sialorreia (hipersalivação) e é recomendada para casos graves.

Os medicamentos, tal qual o glicococopiato e a escopolamina, bloqueiam a sinalização nos nervos das glândulas salivares, fazendo com que elas produzam menos saliva. Alguns efeitos colaterais podem ser apresentados, incluindo hiperatividade, boca seca, visão turva, retenção urinária leve, constipação, tontura e sonolência.

Além disso, a radioterapia nas glândulas salivares pode ser uma opção quando a cirurgia for inviável. Entretanto, esse tratamento pode desencadear outros efeitos colaterais, como fadiga, lesões nas glândulas salivares, perda do paladar, boca seca, dor óssea, rouquidão, feridas na boca, dor de garganta e dificuldade de deglutição. Na dúvida, converse com seu médico.