Alergia à carne de porco – Sintomas e como tratar

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As alergias alimentares são um dos tipos de alergia mais comuns. Embora pareça assustador ter alergia a um alimento, é possível conviver bem com ela ao identificar o problema e tomar alguns cuidados.

No entanto, nem sempre sabemos logo de cara que temos uma alergia. Infelizmente, muitas pessoas só descobrem que são alérgicas ao ingerir um alimento. Desta forma, é muito importante ficar atento aos sintomas, principalmente em crianças, para constatar o problema e tomar as providências necessárias para evitar crises graves de alergia.

A alergia a alguns tipos de carne é um desses problemas. Portanto veja a seguir dicas sobre como diagnosticar alergias alimentares precocemente, além de mostrar quais são os principais sintomas da alergia à carne de porco e como tratar a condição.

Alergias alimentares

A alergia é uma hipersensibilidade do sistema imunológico a compostos que não fazem mal para a maioria das pessoas. Nesses casos, o sistema imunológico produz anticorpos para combater o alérgeno e na tentativa de destruí-lo, uma substância chamada de histamina também é liberada. Ela é a responsável por causar os sintomas desagradáveis das reações alérgicas.

De acordo com informações da Food and Drug Administration (FDA), grande parte das pessoas descobre que tem uma alergia alimentar apenas quando sofre uma reação alérgica grave e necessita de cuidados médicos de emergência.

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Para evitar esses sustos, indica-se tomar muito cuidado desde criança quanto ao consumo de certos alimentos que compõem os tipos de alérgenos alimentares mais comuns. Segundo estatísticas, os 8 alérgenos a seguir são responsáveis por até 90% de todas as reações alérgicas alimentares:

  1. Ovos;
  2. Leite;
  3. Peixe;
  4. Nozes;
  5. Soja;
  6. Marisco;
  7. Trigo;
  8. Amendoim.

A carne vermelha não está nessa lista por não ser dos alérgenos mais comuns. Embora seja raro, algumas pessoas podem ser alérgicas a carnes de boi, cordeiro e porco.

Causas da alergia à carne de porco

costelinha de porco

A alergia à carne de porco é uma resposta imunológica adversa do sistema imune em relação ao consumo da carne suína. Algumas pessoas podem apresentar essa alergia por causa da síndrome de gato-porco ou por causas desconhecidas.

A alergia à carne de porco pode ser leve ou grave e é mais comum em crianças, mas nada impede que ela seja desenvolvida em outros momentos da vida adulta. Por ser rara, é mais provável que seja causada por produtos químicos ou conservantes presentes na carne.

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Em geral, as carnes de porco mal cozidas ou defumadas tendem a causar mais reações alérgicas do que outros preparos. Isso é explicado pelo fato de o cozimento da carne acabar decompondo certas proteínas responsáveis pelas reações alérgicas.

As causas da alergia à carne de porco e a outros tipos de carne de origem animal não são totalmente compreendidas pelos cientistas. Mas há algumas hipóteses sobre o que desencadeia uma reação alérgica após comer carne de porco, como:

  • A substância química usada no processamento da carne ou a própria carne pode causar a alergia;
  • O carboidrato galactose-alfa-1,3-galactose encontrado em carnes de alguns mamíferos como o porco;
  • Os produtos químicos usados como conservantes;
  • Os aditivos alimentares como a papaína, que é usada para deixar a carne mais macia, ou a caseína, proteína do leite que é adicionada na produção como estabilizante alimentar.

Outra possível causa é a picada do carrapato da espécie Amblyomma americanum (conhecida também como Estrela Solitária), que pode causar alergia à carne de porco ou boi. No entanto, esse tipo de carrapato não costuma ser encontrado no Brasil, sendo mais comum em regiões dos EUA e México.

Relação entre alergia à carne de porco e a gatos

A alergia a gatos é muito comum e pode representar até 25% dos casos de alergias. Alguns donos de gatos desenvolvem uma resposta alérgica à albumina sérica do gato (proteína produzida pelo fígado de um gato) que pode apresentar reação cruzada com a albumina da carne de porco quando alguém a consome, levando a reações alérgicas graves e até mesmo fatais. É a chamada “síndrome do gato-porco”.

Grupos de risco

Alguns grupos de pessoas podem ter um risco maior de desenvolver alergia à carne de porco. Isso inclui:

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  • Bebês e crianças;
  • Ter histórico familiar de alergia à carne de porco ou outras alergias alimentares;
  • Ter dermatite atópica;

Sintomas da alergia

homem com alergia

A presença de histamina na corrente sanguínea pode causar diversos sintomas característicos de alergias, dentre eles dermatológicos, respiratórios e gastrointestinais, como:

  • Erupção cutânea;
  • Urticária;
  • Dor de cabeça;
  • Dor de estômago;
  • Inchaço abdominal;
  • Angioedema;
  • Indigestão;
  • Náusea
  • Vômito;
  • Diarreia;
  • Espirros;
  • Olhos irritados, inchados ou lacrimejantes;
  • Nariz escorrendo ou entupido;
  • Dificuldade para respirar;
  • Ritmo cardíaco acelerado.

Dependendo da sensibilidade ao alérgeno, os sintomas podem se desenvolver logo após o contato ou horas depois. No caso da carne de porco, os sintomas podem variar de pessoa para pessoa e dependem da quantidade consumida e da gravidade da alergia.

As reações que surgem rapidamente são as mais graves e podem caracterizar um quadro chamado de anafilaxia, em que a pessoa pode sofrer desmaios, insuficiência cardíaca ou respiratória e até entrar em coma. A anafilaxia é um grande risco para a vida e precisa de tratamento imediato.

No entanto, quando se fala em alergia à carne de porco ou a outras carnes, as reações tardias podem ser tão graves quanto a anafilaxia.

Ao apresentar sintomas de alergia à carne de porco, é importante procurar um médico imediatamente, caso haja reações graves ou para fazer o diagnóstico. Pessoas que já têm alergia a gatos, por exemplo, devem ter atenção redobrada ao ingerir carne de porco.

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Complicações da alergia

Pessoas que têm alergia a carne de porco podem correr maior risco de desenvolver as seguintes complicações de saúde:

  • Asma: A asma é uma doença respiratória que causa inflamação e estreitamento das vias respiratórias. Isso leva a vários sintomas desagradáveis como aperto no peito e dificuldade para respirar. Pessoas com alergia à carne suína ou qualquer outro tipo de carne apresentam maior risco de desenvolver crises de asma.
  • Pólipos nasais: Algumas pessoas com alergia à carne suína também podem desenvolver pólipos nasais, que são crescimentos anormais no revestimento dos seios paranasais que podem causar o acúmulo de muco na região.
  • Enxaqueca: Pessoas com alergia à carne de porco também são mais propensas a desenvolver crises de enxaqueca.
  • Eczema: Quem tem alergia à carne de porco também pode desenvolver eczema com mais facilidade. O eczema é uma doença inflamatória que atinge a pele e causa sintomas como vermelhidão, prurido e lesões.

Diagnóstico

teste de alergia

O diagnóstico geralmente é feito por um alergista que deve solicitar um exame de sangue ou um teste cutâneo para identificar a presença de anticorpos específicos para a imunoglobina E (IgE).

O exame de sangue para alergia aos suínos é conhecido também como o teste radioalergossorbente (RAST). É um teste que mede a quantidade de IgE em relação ao alimento específico, nesse caso a carne de porco. O resultado demora de 1 a 2 semanas para ficar pronto.

Já o teste cutâneo é feito através da exposição da pele a uma pequena quantidade do alérgeno e o resultado é considerado positivo quando surge inchaço e/ou vermelhidão no local em até 20 minutos.

No entanto, nenhum desses testes é totalmente confiável e é preciso observar também os sintomas e registrar um diário alimentar para facilitar o diagnóstico.

Como tratar

Não existe cura para a alergia, mas é possível adotar um tratamento eficaz para redução dos sintomas. Em geral, podem ser utilizados um ou vários dos medicamentos e técnicas abaixo:

  • Uso de anti-histamínicos para controlar os sintomas;
  • Uso de broncodilatadores para tratar sintomas respiratórios como falta de ar e dificuldade para respirar;
  • Uso de medicamentos ou pomadas contendo corticosteroides;
  • Imunoterapia em que pequenas quantidades do alérgeno são aplicadas na pessoa com alergia, para que o sistema imune se “acostume” com a substância.

Embora não tenha uma cura, estudos mostram que cerca de 20% dos bebês e crianças pequenas que têm alergia acabam ficando mais resistentes ao alérgeno com o passar dos anos, fazendo com que a alergia desapareça em alguns casos.

O que fazer para viver bem com a alergia

Qualquer tipo de alergia alimentar é grave e é sempre melhor prevenir do que ter que lidar com os sintomas. Dessa forma, é importante que uma pessoa diagnosticada com alergia a carne de porco:

  • Elimine esse tipo de carne da sua dieta;
  • Evite ingerir derivados de carne suína como a gelatina, que é uma proteína obtida a partir do tecido conjuntivo de animais como o porco, e outros alimentos como alguns marshmallows, doces, sorvetes, molhos e temperos industrializados, cereais, biscoitos e batatas fritas;
  • Use suplementos ou alimentos contendo vitamina A, eucalipto, bromelaína, ferro e quercetina, que podem ajudar a reduzir a sensibilidade à carne de porco;
  • Tenha sempre uma injeção de adrenalina ou epinefrina em casos de ingestão acidental de carne de porco.

É válido lembrar que qualquer remédio ou suplemento para alergia deve ser indicado por um médico.

Pode ser difícil identificar todos os alimentos e produtos que contêm algum resquício de carne de porco em sua composição. Até alguns itens de higiene como detergentes, sabonetes e outros produtos de limpeza podem ser feitos a partir de gordura animal e conter carne de porco.

Assim, é muito importante ler os rótulos dos produtos e observar se as palavras “monoestearato”, “proteína animal hidrolisada” ou “gelatina” estão presentes, pois essas substâncias são provenientes de gorduras animais.

Outras dicas

Tenha cuidado quando for comer fora de casa e pergunte ao garçom ou ao atendente quais são os ingredientes do prato que você quer pedir para evitar surpresas.

Cuidado com alimentos produzidos a partir de gelatina ou banha de porco. Procure alimentos feitos com gelatina kosher ou halal ou que sejam veganos para evitar por completo o contato com resquícios de carne suína.

Esteja sempre preparado para agir em caso de uma reação alérgica e deixe que as pessoas do seu convívio saibam da sua alergia para poderem ajudar quando for necessário.

Vídeo

Fontes e referências adicionais

Você já foi diagnosticado com alergia a carne de porco? Quais sintomas foram apresentados? Comente abaixo!

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Sobre Dra. Patricia Leite

Dra. Patricia é Nutricionista - CRN-RJ 0510146-5. Ela é uma das mais conceituadas profissionais do país, sendo uma referência profissional em sua área e autora de artigos e vídeos de grande sucesso e reconhecimento. Tem pós-graduação em Nutrição pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, é especialista em Nutrição Esportiva pela Universidad Miguel de Cervantes (España) e é também membro da International Society of Sports Nutrition.

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27 comentários em “Alergia à carne de porco – Sintomas e como tratar”

  1. Eu tenho alergia a carne de porco a anos, e sempre me dá enxaqueca e dermatite, meu corpo se enche de bolinhas vermelhas. Mas eu sei que ataca mesmo quando meu rosto fica cheio de espinhas e manchas escuras, acaba oxidando tudo depois de um tempo. Se eu não fizer um detox geral não diminui.

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