Uma nova pesquisa apresentada durante o 31º Congresso Europeu sobre Obesidade apontou novas evidências que fazem uma relação entre a alimentação e os hábitos durante as refeições.
Um dos estudos apresentados no evento, que aconteceu em Veneza, na Itália, analisou 735 crianças do ensino primário com idades entre seis e 10 anos e indicou que as que utilizavam regularmente smartphones ou outros tipos de telas durante as refeições tinham 15% mais probabilidade de desenvolver obesidade.
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A Dra. Ana Duarte Mel, principal pesquisadora do projeto e professora da Universidade do Minho, em Portugal, disse que quando as crianças utilizam telas nas refeições, “não percebem quando precisam parar de comer ou quando estão saciadas”.
“Eles continuam comendo e comendo só porque se distraem com as telas. Isto é mau para a sociedade e perigoso para as crianças, porque as leva ao excesso de peso ou obesidade“, analisou a profissional.
“Estamos tão ocupados agora que não temos tempo para sentarmos todos juntos para uma refeição em família, mas os pais precisam saber que o tempo de tela durante as refeições em família é um grande problema”, acrescentou.
Esclerose múltipla
Outro estudo mostrou que a obesidade infantil está ligada a uma chance mais de duas vezes maior de desenvolver esclerose múltipla.
O trabalho foi conduzido por pesquisadores do Instituto Karolinska, na Suécia, e também foi apresentado no Congresso Europeu sobre Obesidade.
Os pesquisadores analisaram os dados de 21.661 pacientes de dois a 19 anos inscritos no Registro de Tratamento da Obesidade Infantil Sueca (BORIS), entre 1995 e 2020.
Esses jovens foram acompanhados por uma média de seis anos e, durante o período, 28 participantes do grupo com obesidade (0,13% do total) desenvolveram esclerose múltipla. Entre os demais, o total foi de 58 (0,06%). A média de idade no diagnóstico foi de 13,4 anos no primeiro grupo e 22,8 anos no segundo.
Foram feitos ajustes para fatores como risco hereditário e os cientistas chegaram à conclusão de que a chance de uma criança ou jovem com obesidade desenvolver esclerose múltipla foi 2,3 vezes maior do que a dos indivíduos dentro do peso ideal para a idade.
“Apesar do tempo limitado de acompanhamento, nossas descobertas destacam que a obesidade na infância está associada a um aumento de mais de duas vezes na suscetibilidade à esclerose múltipla de início precoce”, disseram os pesquisadores em comunicado enviado à imprensa.
“Como a obesidade pediátrica é prevalente, é provável que ela seja um contribuinte etiológico fundamental para o aumento da prevalência da esclerose múltipla”, acrescentaram.
No entanto, mesmo que os resultados sejam significativos, eles não concluem que todos os pais de crianças e adolescentes com obesidade devam se preocupar mais com a possibilidade de esclerose múltipla do que com outras doenças associadas ao problema de excesso de peso.
“Embora o risco de esclerose múltipla seja mais do que o dobro entre crianças e adolescentes com obesidade, o risco absoluto de esclerose múltipla permanece menor do que o de muitas outras comorbidades associadas à obesidade”, disseram ainda os cientistas ainda.
A obesidade infantil está associada a um risco aumentado de uma série de doenças que exigem muita atenção como hipertensão arterial, colesterol alto, problemas cardíacos, diabetes tipo 2, dentre outras.