Hipertensão – Sintomas, causas, tratamento, dieta, exercícios e dicas

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Hipertensão é uma doença crônica e silenciosa, ou seja, normalmente não apresenta sintomas muito evidentes, e ocorre quando a pressão arterial aumenta, e assim permanece por um longo período.

A pressão arterial é a quantidade de força exercida pelo nosso sangue contra as paredes das artérias na medida que o sangue flui através delas. Quando uma pessoa sofre de pressão alta ou hipertensão, isso significa que as suas artérias estão tendo que suportar uma carga acima do normal.

A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) estima que cerca de 30% dos brasileiros são hipertensos, e no mundo todo ela seja responsável pela morte de mais de dez milhões de pessoas por ano.

A hipertensão é uma doença que pode perdurar por anos ou a vida inteira. Se não for tratada de modo adequado, pode causar muitos problemas de saúde, atingindo especialmente órgãos como cérebro, rins, coração e vasos.

Como funciona a pressão arterial

medindo a pressão

O coração é um músculo importantíssimo, responsável por bombear o sangue pelo corpo inteiro. A principal função do sangue é transportar oxigênio e nutrientes para que todos os órgãos funcionem adequadamente.

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O bombeamento do sangue pelo coração cria uma pressão denominada pressão arterial, que é a força exercida pelo sangue contra as paredes das artérias. Quando essa força é muito intensa por um período prolongado, temos a pressão alta ou hipertensão.

Existem dois tipos de pressão arterial, a sistólica e a diastólica. A primeira é mais alta que a segunda, porque a pressão sistólica é causada pela contração do coração, que bombeia o sangue por todo corpo. Já a pressão diastólica é aquela que ocorre quando o coração relaxa, e se prepara para uma nova batida.

Quais as faixas de classificação da pressão arterial

As leituras de pressão são expressas por mmHg, que significa milímetros de mercúrio. Quando falamos que uma pessoa tem a pressão 12×8, isso significa dizer 120×80 mmHg, onde 120 é sua pressão sistólica e 80 é a diastólica.

Veja abaixo a classificação da pressão arterial de acordo com os resultados obtidos dos dois tipos de pressão:

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ClassificaçãoSistólica (mmHg)Diastólica (mmHg)
Pressão arterial normalAbaixo de 120Abaixo de 80
Pressão elevada120-129Abaixo de 80
Hipertensão estágio 1130-13980-89
Hipertensão estágio 2140 ou acima90 ou acima
Crise hipertensivaAcima de 180Acima de 120
Fonte: American Heart Association (AHA)

Veja a seguir as informações acima disponibilizadas em um outro formato.

oficial gráfico pressão arterial versão nova parâmetros a partir de 2017

Diagnóstico 

Para ser diagnosticada como uma pessoa hipertensa, é preciso que a pressão arterial alta seja crônica, ou seja, é necessário que a pessoa apresente pressão alta frequentemente, e não apenas uma vez.

Em uma situação de estresse ou perigo, a nossa pressão arterial pode sofrer variações e ficar acima dos limites de normalidade, mas se esses são casos isolados, isso não pode ser classificado como hipertensão.

Uma boa dica é variar sempre que possível dias da semana e locais onde são feitas as medições. Isso porque muitas vezes, em uma visita ao médico, a pessoa pode ficar ansiosa ou estressada, e isso pode interferir nos resultados.

Entretanto, ao se constatar a hipertensão, a condição deve ser monitorada por um período determinado até a confirmação do diagnóstico. O tratamento deve ser feito o quanto antes para não comprometer o funcionamento de nenhum órgão vital.

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Testes adicionais 

O médico também pode solicitar alguns testes para auxiliar no diagnóstico de hipertensão arterial, tais como:

  • Análises de urina e sangue: através desses exames é possível identificar doenças associadas ao colesterol, níveis elevados de potássio, açúcar no sangue, infecção, glicose elevada e mau funcionamento dos rins, por exemplo.
  • Teste de esforço: mais comumente usado para pacientes com hipertensão menos grave. Neste teste, o paciente pedala uma bicicleta ergométrica ou anda em uma esteira para avaliar como o sistema cardiovascular do corpo responde ao aumento da atividade física.
  • Eletrocardiograma: esse teste avalia a atividade elétrica do coração e é mais comumente usado em pessoas com alto risco de problemas cardíacos, como hipertensão e níveis elevados de colesterol.
  • Exame de Holter: neste teste, o paciente transporta um dispositivo portátil ECG que é ligado a eletrodos em seu peito por cerca de 24 horas. Isso serve para monitorar e avaliar o coração do indivíduo sem alterar sua rotina diária, o que acaba fornecendo resultados mais precisos.
  • Ecocardiograma: neste exame, são usadas ondas de ultrassom que mostram o coração em movimento. Por meio dele, o médico é capaz de detectar problemas, tais como espessamento da parede do coração e válvulas cardíacas defeituosas, por exemplo.

Sintomas de hipertensão

As pessoas com pressão alta normalmente não apresentam sintomas quando estão nos estágios 1 ou 2 da doença. Os problemas começam a aparecer quando elas já estão no estágio 3, ou seja, com crise hipertensiva.

Em adultos, os sintomas de pressão alta geralmente incluem:

  • Dor de cabeça persistente;
  • Dor no peito;
  • Náuseas, desconfortos estomacais e enjoos;
  • Visão embaçada;
  • Sensação de instabilidade, como tonturas e vertigem;
  • Sangramentos pelo nariz;
  • Ansiedade excessiva;
  • Episódios de dispneia e falta de ar;
  • Desmaios e perda da consciência

Complicações causadas pela hipertensão

problemas de pressão alta2

Pessoas que são diagnosticadas com pressão alta devem ter a pressão arterial medida com frequência para controle e tratamento adequados.

Quando a hipertensão não é tratada ou controlada de modo correto, a pressão excessiva sobre as paredes das artérias pode danificar os vasos sanguíneos, causando doenças cardiovasculares e danos a órgãos vitais.

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A extensão destes danos depende basicamente de dois fatores: a gravidade da hipertensão e a quanto tempo ela não é tratada da forma correta. De acordo com a gravidade da situação, é possível que ocorram as seguintes complicações:

Acidente vascular cerebral (AVC)

Em um AVC, o fluxo de sangue para o cérebro é prejudicado pelo bloqueio ou ruptura de uma artéria. Devido à falta de oxigênio que deveria ser transportado pelo sangue, as células cerebrais morrem.

Ataque cardíaco (infarto do miocárdio)

Em um ataque cardíaco, uma região do músculo do coração deixa de receber o suprimento de sangue, normalmente por conta da formação de um coágulo que interrompe seu fluxo, o que causa a morte das células.

Insuficiência cardíaca

Na insuficiência cardíaca, o coração não tem potência para bombear o sangue de forma a satisfazer as necessidades de todo o corpo. Isso acontece porque, em casos de pressão alta, o coração gasta muita energia para bombear o sangue e isso faz com que o músculo do coração fique comprometido e perca eficiência. 

Aneurisma

Aneurisma cerebral é a dilatação de um vaso sanguíneo, que ocorre devido ao enfraquecimento da parede do vaso. O seu rompimento pode comprometer o fluxo de sangue para a região, levando a morte das células.

Doença renal

A hipertensão muitas vezes pode prejudicar os pequenos vasos sanguíneos nos rins, resultando em mau funcionamento do órgão. Eventualmente, os rins podem falhar completamente, causando a insuficiência renal.

Olhos (retinopatia hipertensiva)

A hipertensão não tratada pode danificar os vasos sanguíneos dos olhos e, em casos mais graves, isso pode levar à perda de visão. 

Causas da hipertensão

A pressão arterial elevada pode ser dividida em duas categorias de acordo com suas causas, a hipertensão essencial e a hipertensão secundária.

Hipertensão essencial

É a causa mais comum de pressão alta, e normalmente se desenvolve ao longo do tempo, de acordo com alguns fatores como:

  • Idade: Quanto mais idosa é a pessoa, maior o risco de ter pressão alta. As estatísticas mostram que pessoas acima de 65 anos lideram os casos de hipertensão registrados no Brasil e no mundo;
  • Histórico familiar: As chances de desenvolver hipertensão são significativamente maiores quando há parentes próximos que sofrem ou já sofreram da doença;
  • Falta de atividade física: A falta de exercício, bem como ter um estilo de vida sedentário, aumenta o risco de hipertensão;
  • Excesso de sal na alimentação: O sódio presente no sal faz o corpo reter mais líquido. Isso faz com que o volume de fluidos nos vasos sanguíneos aumente, o que eleva também a pressão arterial;
  • Ingestão de álcool: Pessoas que consomem bebidas alcoólicas regularmente têm maior pressão arterial sistólica do que as pessoas que não o fazem;
  • Tabagismo: Fumar causa o estreitamento dos vasos sanguíneos, e reduz a quantidade de oxigênio presente no sangue, consequentemente, o coração é obrigado a fazer mais esforço, elevando a pressão arterial.

Veja também: Dicas de como parar de fumar naturalmente.

Hipertensão secundária

Esse tipo de pressão alta normalmente surge de repente, e é decorrente de outro problema de saúde como:

  • Diabetes: As pessoas com diabetes tem maior risco de desenvolver hipertensão;
  • Obesidade: Pessoas com excesso de peso ou obesas são mais propensas a desenvolver hipertensão, em comparação com pessoas de peso normal;
  • Doenças renais: como é o caso de insuficiência renal, glomerulonefrite, pielonefrite ou até mesmo infecção crônica nos rins,
  • Defeitos congênitos no coração do recém nascido;
  • Tumor na glândula suprarrenal;
  • Alterações na tireoide (hipotireoidismo ou hipertireoidismo);
  • Apneia do sono;
  • Estresse: O estresse mental, especialmente a longo prazo, pode ter um impacto significativo na pressão arterial.

Tratamento da hipertensão

mulher correndo corrida
A prática de atividades físicas é recomendado para combater a hipertensão

O tratamento da pressão alta depende de vários fatores, tais como a gravidade e os riscos associados ao desenvolvimento de complicações, como acidente vascular cerebral ou doenças cardiovasculares.

Em casos de pressão ligeiramente elevada, o médico pode sugerir algumas mudanças de estilo de vida. Nestes casos, o risco de desenvolver doença cardiovascular é considerado pequeno e apenas mudanças de hábitos podem resolver o problema.

Quando a pressão arterial é moderadamente alta, o risco de desenvolver doenças cardiovasculares durante os próximos 10 anos é acima de 20% e, além de mudanças de estilo de vida, a pessoa deverá seguir um tratamento com medicação prescrita pelo médico.

Em casos de hipertensão, o médico deve encaminhar a pessoa para um cardiologista imediatamente.

Mudanças recomendadas no estilo de vida

Alterações no estilo de vida descritas a seguir podem ajudar a reduzir a pressão arterial elevada.

  • Prática regular de exercícios físicos: Praticar uma atividade física por 30 a 60 minutos em 5 dias por semana geralmente diminui a pressão arterial de uma pessoa em 4 até 9 mmHg. Os benefícios do exercício físico são visíveis e os resultados aparecem entre 2 a 3 semanas, principalmente se seu estilo de vida for sedentário;
  • Reduzir o consumo de álcool;
  • Adotar uma alimentação saudável: Para a saúde de uma forma geral, é necessário ter uma dieta saudável com alto consumo de frutas e legumes, carboidratos de boa qualidade, óleos vegetais e óleos essenciais do tipo ômega 3 e 6;
  • Reduzir a ingestão de sódio: A recomendação da OMS é que o consumo de sal seja inferior a 5 g ao dia, o que representa 2 g de sódio;
  • Perder peso: Estudos têm revelado que mesmo a perda de peso moderada, de até 10 kg, pode ter um impacto significativo na redução da pressão arterial elevada;
  • Reduzir o consumo de cafeína: O consumo excessivo de cafeína não é bom para pessoas que têm hipertensão;
  • Relaxar: Adotar um estilo de vida mais saudável, ter hobbies, fazer alguma atividade relaxante como yoga ou tai chi chuan, praticar a meditação;
  • Dormir bem: Não dormir o suficiente pode aumentar o risco de uma pessoa desenvolver hipertensão arterial.

Medicamentos

Existem vários medicamentos anti-hipertensivos no mercado hoje. Alguns podem precisar tomar uma combinação de diferentes medicamentos para controlar eficazmente a sua pressão arterial elevada. Outros podem precisar usar medicamentos para controlar a hipertensão para o resto de suas vidas.

Em qualquer dos casos, é imprescindível consultar um médico especialista. Só ele será capaz de prescrever o medicamento adequado e se for o caso, recomendar a descontinuação do tratamento, se a pressão arterial se mantiver normalizada durante um determinado período.

Os medicamentos mais comuns para o tratamento da pressão alta são os descritos abaixo:

  • Inibidores da enzima conversora da angiotensina II (ECA): A angiotensina II é uma enzima que faz com que as artérias se contraiam, e aumenta o volume sanguíneo, resultando em um aumento da pressão arterial. Ao inibir as ações da angiotensina II, os inibidores da ECA ajudam a reduzir o volume sanguíneo e a ampliar as artérias, causando a queda da pressão arterial;
  • Bloqueadores de canais de cálcio: Os bloqueadores de canais de cálcio (BCCs) atuam como vasodilatadores, isto é, aumentam o volume dos vasos sanguíneos;
  • Diuréticos tiazídicos: Os diuréticos tiazídicos agem nos rins para ajudar o corpo a eliminar o sódio e água, resultando em menor volume de sangue, diminuindo assim a pressão arterial;
  • Betabloqueadores: Eles eram amplamente utilizados para o tratamento da hipertensão, porém seu uso foi reduzido por conta dos seus efeitos colaterais mais fortes do que de outros medicamentos hipertensivos atuais. Por esse motivo, hoje eles são receitados apenas quando outros tratamentos não funcionam;
  • Inibidores da renina: Eles provocam o alargamento dos vasos sanguíneos, resultando em uma queda na pressão arterial;
  • Alfabloqueadores: Atuam como vasodilatadores.

Dicas

Para prevenir a doença, o ideal é manter um estilo de vida saudável com uma dieta equilibrada com ingestão de menos sal e prática regular de exercícios físicos.

Em caso de diagnóstico da doença, é imprescindível seguir as orientações dos profissionais da saúde e nunca interromper o tratamento médico sem motivo.

Vídeo: 6 sintomas da pressão alta

Assista aos vídeos abaixo para saber mais sobre os sintomas e causas da pressão alta.

Vídeo: Causas da pressão alta

Fontes e referências adicionais

Você já foi diagnosticado com hipertensão? Alguém de sua família possui a condição? Comente abaixo!

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Sobre Dr. Lucio Pacheco

Dr. Lucio Pacheco é Cirurgião do aparelho digestivo, Cirurgião geral - CRM 597798 RJ/ CBCD. Formou-se em Medicina pela UFRJ em 1994. Em 1996 fez um curso de aperfeiçoamento em transplantes no Hospital Paul Brousse, da Universidade de Paris-Sud, um dos mais especializados na Europa. Concluiu o mestrado em Medicina (Cirurgia Geral) em 2000 e o Doutorado em Medicina (Clinica Médica) pela UFRJ em 2010. Dr. Lucio Pacheco é autor de diversos livros e artigos sobre transplante de fígado. Atualmente é médico-cirurgião, chefe da equipe de transplante hepático do Hospital Copa Star, Hospital Quinta D'Or e do Hospital Copa D'Or. Além disso é diretor médico do Instituto de Transplantes. Suas áreas de atuação principais são: cirurgia geral, oncologia cirúrgica, hepatologia, e transplante de fígado. Para mais informações, entre em contato.

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