Sentir dores e quaisquer outros incômodos no corpo humano não é comum e, normalmente, indica que nem tudo vai bem neste local. O mesmo ocorre com o útero, órgão responsável pelo desenvolvimento do feto, dentro do corpo da mulher, até o seu nascimento.
Entretanto, existe uma situação fisiológica natural feminina que pode ser associada ao aparecimentos destas dores e pontadas, que é a menstruação, em que tais desconfortos podem ocorrer em determinado momento do seu ciclo menstrual.
Porém, caso essas dores aconteçam fora deste período e estejam acompanhadas de outros sintomas, como corrimentos esbranquiçados, sangramento, pressão no abdômen, dores durante o ato sexual e aumento nas vezes que a mulher vai ao banheiro para urinar, deve-se investigar a possível existência de infecção uterina e algumas outras alterações.
Vale ressaltar que dores constantes, acompanhadas de outros sintomas e que não melhoram com o tempo devem ser acompanhadas de perto por um médico ginecologista, que irá realizar os exames necessários para diagnosticar a causa das dores e dar início ao tratamento, se necessário.
O que pode causar dores no útero?
Como foi dito anteriormente, diversas podem ser as causas de dores neste órgão, sendo algumas delas nem sempre relacionadas ao próprio útero. Abaixo estão apresentadas algumas das principais causas de dores e pontadas na região uterina:
Cólica menstrual
A cólica menstrual é a dor resultante das ações de substâncias que causam a inflamação, como as prostaglandinas, que promovem a contração uterina e a descamação da sua parede interna (endométrio). Isto ocorre porque o endométrio, que se forma todos os meses durante o período fértil da mulher, não recebeu o zigoto porque não houve a fecundação do óvulo.
Apesar de serem dores consideradas normais, quando em grande quantidade ou intensidade, é muito importante consultar um médico para iniciar o tratamento adequado.
Cervicite
A cervicite se trata de uma inflamação na região do colo uterino. Esta região está logo abaixo do útero, responsável por ligar o útero ao canal vaginal. São diversas as causas dessa doença, sendo as principais o contato com ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis), como clamídia e gonorreia, contágio por bactérias e o vaginismo (contração involuntária dos músculos do interior da vagina).
Essa doença pode não apresentar nenhum sintoma, porém os principais são o aumento exagerado do corrimento vaginal (verde amarelado, podendo ter aspecto seropurulento) e sangramento após relação sexual.
O diagnóstico dessa doença deve ser realizado por um médico ginecologista e o tratamento indicado costuma estar relacionado com o uso de antibióticos.
Doença Inflamatória Pélvica (DIP)
Esse tipo de inflamação, comumente se inicia na vagina com microrganismos e, com o tempo, se alastra até o interior do útero. Como resultado da inflamação, o endométrio começa a inchar e ocasionar dor. Pode até mesmo chegar aos ovários. A gonorreia e a clamídia podem ser seus principais agentes infecciosos, quando não tratados. Além disso, o uso do DIU (dispositivo intrauterino) e a endometriose também podem resultar em DIP.
Os sintomas da Doença Inflamatória Pélvica são, normalmente, dor na região abdominal, corrimento vaginal, dor durante o ato sexual e o sangramento fora da menstruação. O tratamento é dado pelo ginecologista e normalmente utiliza antibióticos.
Miomas
Os miomas são tumores benignos, ou seja, não são cancerígenos. Esses caroços que se formam incham o útero e podem resultar em dores intermitentes fortes, as famosas pontadas. O seu comportamento varia em cada organismo, podendo crescer rapidamente ou até mesmo sumir com o passar do tempo.
São comuns em mulheres de meia idade (de 30 aos 50 anos), com ou sem filhos. Além disso, aparecem mais em mulheres obesas e que possuem histórico da doença na família.
Esses miomas podem, quando não acompanhados corretamente e com frequência por um médico ginecologista, resultar em grandes prejuízos para o sistema reprodutor feminino. Nesses casos graves, pode ser necessário uma histerectomia total (remoção de útero, ovários e demais órgão acessórios). Em casos leves, a reposição hormonal realizada corretamente é capaz de controlar o crescimento e os problemas resultantes dos miomas.
Adenomiose
A adenomiose é uma alteração na parte interna do útero em que ocorre o espessamento dessa região. Por este motivo, causa fortes dores que se intensificam durante a menstruação. Outros fatores relacionados são o inchaço vaginal, dores durante a prática sexual e aumento do fluxo menstrual mensal.
O diagnóstico é realizado com o ginecologista e os tratamentos estão relacionados com a utilização de medicamentos para diminuição das dores e, em casos mais graves, a retirada do órgão por cirurgia.
Endometriose
A endometriose nada mais é do que a situação proveniente do crescimento do tecido endometrial para fora do útero. Este fato resulta na dor tanto fora como durante o período menstrual, durante as relações sexuais e aumento do fluxo menstrual natural da mulher. Conheça 5 exames para detectar a endometriose.
Além disso, mulheres com fluxo de sangue de maior intensidade possuem maior chance de desenvolver a endometriose. Isso ocorre devido à incapacidade do útero em manter o fluxo de sangue aumentado nos locais esperados durante a menstruação, resultando em vazamento para as trompas e para a cavidade abdominal.
Quando não tratada, a endometriose pode resultar em esterilidade para a mulher.
Exames indicados para o diagnóstico da causa das dores e pontadas no útero
Ao sentir dores e pontadas no útero, a mulher deve procurar um médico ginecologista, que irá providenciar os exames necessários para indicar a causa desses desconfortos. Abaixo estão listadas alguns dos principais exames recomendados nessa situação:
Toque vaginal
O exame do toque vaginal é um exame comum em que o médico introduz o seu dedo dentro do canal vaginal para avaliar a ocorrência de algumas condições. Ao mesmo tempo que insere seus dois dedos no canal vaginal, o médico também pressiona o abdômen para verificar a presença de endometriose ou DIP.
Exame especular
Este exame utiliza um espéculo que será inserido na vagina. Com isso, é possível observar a presença de corrimentos e hemorragias, a partir da visualização do interior do canal vaginal.
Teste do papanicolau
O exame do papanicolau, também conhecido como citologia oncótica, é realizado com a introdução de um espéculo na vagina e a raspagem leve de parte do colo uterino e do canal vaginal com um algodão ou pequena pá. Este exame é utilizado para verificar a presença de câncer de colo de útero em exames de laboratório.
Ecografia e ressonância magnética
Caso não seja possível diagnosticar nenhuma enfermidade com os exames anteriores ou a paciente ainda não tenha realizado a primeira relação sexual, também há a possibilidade de que o médico ginecologista peça uma ecografia ou uma ressonância magnética.
Pelas imagens, esses exames na região pélvica podem mostrar alterações na formação do órgão, variações nas células e até mesmo nos tecidos ao redor do útero.
Fontes e referências adicionais
- Pelvic pain, National Health Service (NHS);
- Pelvic pain, Williams Gynecology. 3rd ed. New York, N.Y.: McGraw-Hill Education; 2016.
- Chronic pelvic pain, American College of Obstetricians and Gynecologists.
- Physical therapy evaluation of patients with chronic pelvic pain: a controlled study, Am J Obstet Gynecol . 2008 Mar;198(3):272.e1-7.
Fontes e referências adicionais
- Pelvic pain, National Health Service (NHS);
- Pelvic pain, Williams Gynecology. 3rd ed. New York, N.Y.: McGraw-Hill Education; 2016.
- Chronic pelvic pain, American College of Obstetricians and Gynecologists.
- Physical therapy evaluation of patients with chronic pelvic pain: a controlled study, Am J Obstet Gynecol . 2008 Mar;198(3):272.e1-7.