Espasmos musculares: quando se preocupar e como tratar

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Os espasmos musculares são leves contrações musculares involuntárias, que são desencadeadas pela ação de um nervo estimulado ou danificado sobre as fibras musculares associadas a ele.

Os espasmos musculares são bem comuns e, na maior parte das vezes, não significam um problema de saúde, apenas geram um incômodo passageiro. No entanto, há alguns tipos de espasmos musculares que requerem uma avaliação médica e, em alguns casos, um tratamento específico. 

Dentre as causas comuns, que não devem gerar nenhuma preocupação, podem ser citados o estresse físico e mental, o consumo exagerado de cafeína e a fadiga muscular após um treino intenso.  

Dentre as causas preocupantes, estão algumas doenças que afetam o sistema muscular e neurológico. 

Veja mais detalhes sobre as causas dos espasmos musculares, quando eles podem ser preocupantes e como tratá-los. 

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Qual a função dos espasmos musculares

Em geral, os espasmos musculares surgem quando há algum tipo de lesão em alguma parte do sistema musculoesquelético, composto por ossos, músculos, ligamentos e outros tecidos presentes em uma articulação ou grupamento muscular. 

Neste cenário, o espasmo muscular se desenvolve como uma proteção do grupamento muscular afetado e suas estruturas. 

Isso porque a dor, a rigidez e as pequenas contrações que são produzidas inibem o movimento, ou seja, te forçam a parar com aquele movimento ou atividade agressiva ou estressante, protegendo suas estruturas contra outros possíveis danos.  

Espasmos musculares: quando se preocupar

As causas dos espasmos musculares são diversas, algumas não são preocupantes, pois são corriqueiras e passageiras. 

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Já outras causas podem ser pouco ou muito preocupantes, demandando diagnóstico e tratamento adequados a cada situação. 

Causas mais comuns

Espasmo muscular
O cansaço mental por conta do excesso de trabalho pode provocar os espasmos musculares

Dentre as causas mais comuns dos espasmos musculares estão: 

Estresse físico e mental 

Você já deve ter sentido seu olho “tremendo” algumas vezes e isso se refere à contração das pálpebras, geralmente associada à fadiga por excesso de trabalho ou estudos. 

Também é comum sentir um espasmo doloroso na panturrilha após se aventurar em uma nova modalidade de atividade física ou voltar a treinar após muito tempo parado(a).

Não ter uma boa qualidade de sono também contribui para a ocorrência de espasmos musculares, visto que é um fator estressante para o nosso organismo. Veja o que fazer para dormir bem.    

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Abuso de bebida alcoólica e cafeína

Ambos contribuem para a eliminação de cálcio através da urina. O álcool enfraquece o tecido ósseo, ao contribuir com a dissolução do cálcio na corrente sanguínea (retirando-o do tecido ósseo). 

E a cafeína em excesso, promove a retirada de cálcio dos músculos. Essas duas condições favorecem o desenvolvimento de lesões musculares e o aumento da contração muscular. 

Falta de vitamina B12

A falta de vitamina B12 no organismo prejudica o funcionamento do sistema nervoso, cujo reflexo pode ser observado no sistema musculoesquelético, com sintomas como formigamento, dor, perda de coordenação motora e espasmos musculares. 

Desidratação

A desidratação pode, ou não, estar atrelada à prática de atividade física. Os espasmos musculares podem ocorrer após uma sessão de treinamento intenso, seja por sobrecarga muscular e/ou pela desidratação. 

Quando você passa muito tempo sem beber água (mesmo em repouso) ou treina pesado e não repõe o líquido perdido, pode sofrer com espasmos musculares. 

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Lesões ósseas e musculares

O estiramento muscular é um tipo de lesão em que o músculo se estica demais, podendo causar o rompimento de algumas fibras ou do tendão. Geralmente, quando ocorre esse tipo de lesão, a pessoa sofre com dor, inchaço e espasmos musculares. 

As fraturas, de modo geral, alteram a organização do osso, dos ligamentos, das fibras e do tecido conjuntivo, o que também pode provocar dor, inchaço e espasmos musculares. 

Efeito colateral de medicamentos

Alguns medicamentos da classe dos antidepressivos podem ter como efeito colateral os movimentos espasmódicos. 

Os principais medicamentos dessa classe são a fluoxetina, citalopram, sertralina, paroxetina, venlafaxina, duloxetina, amitriptilina, nortriptilina e isocarboxazida.

Causas menos comuns

Cadeira de rodas
Entre as causas menos comuns, estão doenças como a esclerose múltipla e a ELA

Os espasmos musculares, quando persistentes, podem indicar algum problema de saúde mais raro e grave

Nesses casos, os espasmos musculares costumam fazer parte de um conjunto de sintomas que caracterizam determinada doença. 

Dentre as causas menos comuns de espasmos musculares, podem ser citadas: 

Doenças neurodegenerativas

Pelo menos duas doenças neurodegenerativas podem causar espasmos musculares, que são a Esclerose Múltipla (EM) e a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). 

Os espasmos musculares ocorrem porque o processo degenerativo pode afetar os nervos motores, provocando movimentos rígidos e tensos.

Lesões na medula espinal

Lesões na medula espinal provocadas por traumas (acidentes, por exemplo), ou por doenças que afetam a medula, as mielopatias, podem provocar espasmos musculares, além de episódios dolorosos nas pernas e paralisia temporária dos músculos. 

Distonia 

A distonia é definida como um distúrbio neurológico dos movimentos, que é marcado por contrações involuntárias dos músculos, ou seja, por espasmos musculares. 

Essas contrações fortes fazem com que os músculos realizem movimentos repetitivos de torção ou fiquem rígidos em uma posição dolorosa. 

Os espasmos musculares da distonia impactam negativamente na qualidade de vida das pessoas portadoras dessa doença hereditária, dificultando a execução de tarefas corriqueiras, como andar, comer, falar e dormir. 

Os espasmos musculares podem afetar apenas uma área do corpo, duas ou mais regiões próximas ou até o corpo todo, resultando nas diferentes classificações da doença: distonia focal, segmentar e generalizada, respectivamente. 

Como é feito o diagnóstico dos espasmos musculares

Na maioria das vezes, as pessoas não precisam procurar ajuda médica por causa de um espasmo muscular. 

Isso porque as causas mais comuns do problema são passageiras ou facilmente resolvidas com descanso, hidratação e mudanças dos hábitos alimentares e estilo de vida. 

Entretanto, quando os espasmos musculares são persistentes e começam te atrapalhar de alguma forma no decorrer do seu dia, é importante buscar uma avaliação médica. 

Num primeiro momento, é possível que você passe por uma consulta com um/uma clínico geral, que fará exames físicos e solicitará exames laboratoriais e radiológicos, para procurar a causa do problema. 

Nesta fase, os resultados dos exames podem indicar que você tem deficiência nutricional de vitamina B12, uma lesão óssea ou muscular ou perda excessiva de cálcio. 

Pode ser também que os resultados não indiquem nenhum problema físico, o que pode sugerir que você esteja com uma sobrecarga física e/ou emocional. Ou ainda, pode ser que você esteja ingerindo pouca água ou esteja manifestando uma reação adversa a algum medicamento. 

Em casos mais graves de espasmo muscular, o diagnóstico requer uma avaliação clínica feita por um/uma neurologista e exames complementares, como a eletroneuromiografia, que avalia o funcionamento dos nervos músculos dos braços e das pernas. 

Além disso, o processo diagnóstico também conta com resultados de exames de neuroimagem, que podem indicar se existe alguma lesão na medula espinhal, compressão por hérnia de disco ou outra alteração, presença de algum tumor ou malformação. 

A partir desses resultados, se inicia um processo de diagnóstico diferencial, com o qual é possível descartar as possibilidades parecidas até chegar no diagnóstico preciso, que pode ser uma doença neurodegenerativa, distonia ou uma lesão medular. 

Como tratar os espasmos musculares

Espasmo muscular
Diminuir a carga de exercícios físicos extenuantes pode ser necessário para tratar os espasmos musculares

Os tratamentos dos espasmos musculares variam de acordo com a causa do problema. 

Em relação às causas mais comuns, os tratamentos podem consistir em:

  • Buscar formas de gerir melhor o estresse mental, o que pode ser feito com uma diminuição da carga de trabalho, acompanhamento com um/uma psicoterapeuta, prática de algum hobby ou atividade prazerosa e relaxante. 
  • Diminuir a intensidade, volume ou frequência das atividades físicas, visando o descanso e reparo muscular. 
  • Diminuição do consumo de bebidas alcoólicas e cafeinadas.
  • Suplementação com vitamina B12. 
  • Suspensão ou ajuste da dose do medicamento que está causando os espasmos musculares como efeito colateral. 
  • Aumento da ingestão de água.

No caso dos espasmos musculares causados por doenças neurodegenerativas, mielopatias e distonia, o tratamento é multiprofissional.

Ele envolve reabilitação, fisioterapia, medicamentos que variam de doença para doença e relaxantes musculares para diminuir os espasmos. 

Os espasmos musculares também podem ser tratados, nesses casos, com aplicação de botox e utilização de eletrodos para promover o relaxamento muscular. 

Fontes e referências adicionais

Você se lembra qual foi a última vez que teve espasmos musculares? Conseguiu identificar a causa? O que você acha que pode mudar na sua rotina para diminuir a frequência dos espasmos musculares? Comente abaixo!

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Sobre Dr. João Hollanda

Dr. João Hollanda é Médico Ortopedista - CRM-SP 113136. Formou-se pela Santa Casa de São Paulo, com especialização em cirurgia do joelho. É também médico da Seleção Brasileira de Futebol Feminino desde 2016 e médico voluntário do Grupo de Traumatologia do Esporte da Santa Casa de São Paulo desde 2010. Você pode entrar em contato com o Dr. João através de seu site.

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