Glicemia acima de 300 é perigoso? O que fazer?

Popularmente, o termo “glicemia” é muito conhecido. Embora esteja associado a números e exames de sangue, muitas pessoas têm apenas uma noção vaga do seu significado.

Tudo começa com a ingestão dos alimentos, contendo diferentes quantidades de macronutrientes, como calorias, carboidratos (dentre eles, o açúcar), proteínas, gorduras e fibras. Alguns alimentos tem maior concentração de açúcares, como aqueles produzidos industrialmente.

Depois de ingerido, esse açúcar é metabolizado e se transforma no que se conhece por glicose. Essa substância é uma das principais fontes de energia para a manutenção e o bom funcionamento do organismo.

Uma vez que o carboidrato (açúcar) se transforma em glicose, o sangue se encarrega de encaminhá-lo para os demais órgãos no corpo, visando fornecer energia para as células. E para facilitar a entrega dessa energia para o interior das células, retirando a glicose do sangue, o organismo produz um hormônio chamado “insulina”.

Os números do teste da glicemia são resultado da quantidade de açúcar que ainda está circulando no sangue. Os valores padrão são:

	Em jejum	Após 2 horas das refeições	Qualquer hora do dia
Glicemia normal	Abaixo de 100 mg/dl	Abaixo de 140 mg/dl	Abaixo de 100 mg/dl
Glicemia alterada	Entre 100 mg/dl a 126 mg/dl	Entre 140 mg/dl a 200 mg/dl	Não é possível definir
Diabetes	Acima de 126 mg/dl	Acima de 200 mg/dl	Acima de 200 mg/dl com sintomas

Portanto a glicemia acima de 200 mg/dL já é considerado um sinal de diabetes, e consequentemente, a glicemia acima de 300 mg/dL também é prejudicial para o organismo, e um sinal para que o problema seja investigado mais a fundo.

Sintomas da glicemia alta

Assim como a hipertensão arterial, a diabetes é uma doença silenciosa. Infelizmente, pela falta de entendimento, a maioria das pessoas a ignoram e não procuram por tratamento. Muitas vezes, ainda agravam mais o caso com a ingestão descontrolada de doces, causando um outro problema, que é a resistência à insulina.

Esse é um problema muito sério já que a insulina é um hormônio fundamental para que a glicose seja absorvida pelo organismo. A glicose não absorvida acaba sendo filtrado pelos rins e excretada através da urina ou demais fluidos (embora não seja possível removê-la por completo) ou, ainda, acumulado em depósitos de gordura.

O estado de hiperglicemia é o resultado do excesso da glicose que não foi eliminada, que ficou armazenada no organismo ou sequer foi utilizada e, geralmente, está associada ao diagnóstico claro de diabetes e, com ela, seus sintomas:

• Sede excessiva: na tentativa de eliminar a glicose, os rins trabalham para excretá-la pela urina. Como não conseguem um resultado satisfatório, continuam tentando e desidratando, sem resolver o quadro.
• Urina em excesso: decorrente do trabalho de funcionamento dos rins.
• Coceira excessiva: estima-se que aproximadamente 12% das pessoas com diabetes têm esse sintoma em comum. Pode parecer pouco, mas a coceira é intensa e pode estar associada à danos nas fibras nervosas das camadas superficiais da pele, polineuropatia diabética ou, ainda, neuropatia periférica.
• Cansaço rápido e fraqueza: já que não há um consumo ideal de glicose.
• Aumento do apetite: Que pode resultar em sobrepeso ou obesidade, se houver compulsão ou histórico hereditário.
• Emagrecimento sem causa aparente: a depender do tipo da diabetes (se I, II ou gestacional), é possível que ocorra um emagrecimento sem uma justificativa clara.
• Visão turva ou embaçada: o problema também pode ser chamado de retinopatia diabética e começa com alterações na visão e pode levar à cegueira. Geralmente se manifesta dessa maneira ou através de edemas, hemorragias e microaneurismas, podendo causar danos permanentes e irreversíveis.
• Cicatrização lenta: o excesso de glicose pode alterar o fluxo sanguíneo e inibir parcialmente o funcionamento do sistema de cicatrização desempenhado pelas plaquetas. Além disso, também é capaz de diminuir a atuação do sistema imunológico e tornar sua resposta menos eficaz.
• Infecções frequentes: uma vez que o sistema imunológico encontra-se debilitado, as infecções acabam se tornando cada vez mais frequentes, pois o organismo não tem tempo hábil de reação e cicatrização, principalmente na presença de feridas de pequeno ou grande porte, fato que contraindica procedimentos cirúrgicos em diabéticos (com o nível de glicemia descontrolado) e indivíduos com hiperglicemia.

De fato, apresentar a glicemia acima de 300 é perigoso, uma vez que a partir dos 200 mg/dl já podem existir sintomas associadas ao desenvolvimento de diabetes. Além disso, quanto mais altas as concentrações de glicose, mais rápido desenvolvem-se os sintomas e, com eles, a instalação e a predisposição ao desenvolvimento de diversas outras doenças.

O que fazer se o teste de glicemia é acima de 300 mg/dl

Dificilmente a diabetes é uma doença diagnosticável com apenas um exame rápido de glicemia capilar. Existem vários motivos para que a glicemia aumente e, como cada indivíduo tem suas particularidades, é possível que o resultado se altere depois de certa investigação.

Assim sendo, se ter a glicemia acima de 300 mg/dL é perigoso para alguns, pode já não ser tanto para outros, dependendo até do tipo de alimento que se ingira e há quanto tempo antes do exame propriamente dito. 

Inicialmente, se você realizou um exame de glicemia capilar em um posto, unidade de saúde da família ou em uma campanha do governo e viu que sua glicemia foi medida acima de 300 mg/dl, o primeiro passo é procurar um médico. Este, por sua vez, solicitará exames de sangue distintos para o diagnóstico de diabetes. São eles:

Exames de glicose

Glicose em jejum

Realizado em jejum para confirmar o diagnóstico alguns dias depois. Esse jejum deve ser de 8 a 12 horas, a depender do laboratório e, geralmente, é feito pela manhã bem cedo.

É um exame realizado para diagnosticar a diabetes e, ainda, auxiliar em seu controle. Por ele, também é possível saber se o diabético “exagerou” e escondeu fatos de seu médico durante determinado mês ou semana, principalmente antes de uma cirurgia (seja médica ou odontológica).

Teste oral de tolerância à glicose (TOTG) ou curva glicêmica

Outro exame bem comum é o teste oral de tolerância à glicose (também conhecido como TOTG ou curva glicêmica), onde é necessário também colher sangue em um jejum de 8 a 16 horas, a depender do laboratório, com 2 a 3 horas de duração. Este, por outro lado, precisa ser agendado na clínica de escolha.

Consiste em beber uma solução adocicada (solução de glicose) e realizar diversas coletas de sangue no decorrer dessas 2 a 3 horas. A primeira pode ser feita em jejum e as demais em um intervalo de 30 em 30 minutos ou de hora em hora.

Hemoglobina glicada

Também conhecido por exame da hemoglobina glicosilada (HbA1c), ele visa dar uma ideia do registro da glicemia do indivíduo em determinado momento.

É um exame que objetiva não só o diagnóstico da diabetes (sendo padrão ouro nesse caso), como também seu controle. Ele é capaz de registrar a glicemia nos últimos 2 ou 3 meses e, exatamente por isso, é o mais utilizado para diagnóstico definitivo da diabetes.

Quanto maior a quantidade de glicose no sangue, maior a taxa da hemoglobina glicada. O resultado vem em porcentagem e é indicado, no caso de diabetes, que seja repetido periodicamente de 3 a 4 vezes no ano. Assim, temos:

• Normal: Hb1Ac entre 4,7% e 5,6%;
• Pré-diabetes: Hb1Ac entre 5,7% e 6,4%;
• Diabetes: Hb1Ac acima de 6,5% (em dois exames realizados separadamente).

Através desses exames e com a ajuda do seu histórico familiar, o médico é capaz de definir o tipo da diabetes e o que fazer depois do resultado. Na maioria dos casos, são receitados hipoglicemiantes orais, mas, em outros mais graves, doses de insulina podem ser a melhor escolha.

Hiperglicemia ou diabetes?

Necessariamente, estar com hiperglicemia não significa a existência da diabetes. Isso só quer dizer que você precisa realizar exames periódicos para avaliação do caso e, se for necessário, realizar o tratamento.

Na maioria dos casos, a hiperglicemia só significa que você não tem insulina o suficiente para metabolizar todo o açúcar naquele momento (principalmente se a medição foi realizada através do exame de glicemia capilar na unidade básica de saúde). Mas se for constatada por algum exame de sangue (principalmente o da hemoglobina glicada), a possibilidade é muito alta de você estar com diabetes.

Se essa não é a primeira vez que sua glicemia está alta, cuidado. Glicemia acima de 300 é perigoso e é preciso ser avaliada e consequentemente tratada com a ajuda de um médico.

Como eu reduzo esses valores?

Além do acompanhamento médico e exames periódicos, o que você pode fazer são alterações no seu estilo de vida a fim de reduzir as chances de ocorrerem problemas decorrentes da condição e melhorar sua qualidade de vida, como:

1. Exercitar-se

É comprovado cientificamente que a prática regular de exercícios pode diminuir os níveis de pressão arterial e de açúcar no sangue. Comece com uma caminhada de 30 minutos diária, e vá aumentando o nível de atividade.

A Organização Mundial de Saúde recomenda que adultos façam atividade física moderada de 150 a 300 minutos ou de 75 a 150 minutos de atividade física intensa por semana, que pode ajudar bastante, principalmente se você estiver num quadro de pré-diabetes.

2. Comer de maneira saudável

Evite embutidos e industrializados, prefira alternativas saudáveis sem níveis exagerados de sal e açúcar. Evite produtos feitos com carboidratos simples e dê preferência ao consumo de alimentos integrais, ricos em carboidratos complexos.

• Veja também: Diferenças entre carboidratos simples e complexos

3. Evite se estressar

Além de ser um sentimento ruim, o estresse estimula a liberação de hormônios que são capazes de modificar o nível da glicemia e até mesmo desencadear uma crise hiperglicêmica.

4. Medique-se corretamente

Coloque um despertador ou um lembrete na porta da geladeira, não esqueça seus horários. Os medicamentos para diabetes têm um tempo determinado de ação e, esquecer de tomar um deles pode acabar com toda uma rotina para manter os níveis da glicemia estáveis. Se o medicamento for desconfortável ou, depois do exame de controle não se mostrar tão eficaz, converse com seu médico sobre a possibilidade de troca.

5. Verifique seus níveis de glicemia pessoalmente

Compre uma máquina de medição, siga as instruções e realize medições periódicas, a fim de encontrar um meio termo do que comer ou não e, em caso de picos de aumento de glicose, procure ajuda o mais rápido possível. Por ser uma doença silenciosa, o excesso de glicemia também pode levar a óbito.

Vídeo: Sinais que o açúcar no sangue está alto

Continue a aprender mais sobre o açúcar no sangue com a ajuda do vídeo a seguir!

Você já imaginava que a glicemia acima de 300 é perigoso? Comente abaixo!

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