Não é de hoje que a ciência busca na natureza a solução para muitos de nossos problemas de saúde. A hibernação, por exemplo, é um hábito muito estudado por cientistas que procuram uma correlação entre hibernação e uma melhor qualidade de vida, até mesmo em uma possível relação com a longevidade.
Segundo estudiosos, o descanso longo e profundo pode ser um bom exemplo de como a natureza desenvolve soluções simples para problemas que consideramos difíceis.
No caso da hibernação, como sobreviver por longos períodos, em temperaturas muito baixas, na escuridão e sem contar com muita comida ou água.
Se considerarmos a medicina indígena, ela defende que o segredo para todos os males estaria no profundo entendimento sobre a relação do homem com a natureza. Aliás, para quem está achando que procurar respostas na hibernação é ir longe demais, vale saber que ela já foi muito presente na história humana.
Segundo um artigo do British Medical Journal de 1900, entre os agricultores era comum uma estranha hibernação humana semelhante ao torpor, chamada “lotska“, em Pskov, na Rússia, uma área onde a comida era extremamente escassa no inverno e a população resolvia o problema dormindo durante os dias escuros do ano.
Ainda, de acordo com a publicação, as pessoas costumavam levantar-se uma vez por dia, quando aproveitavam para comer um pedaço de pão e beber um copo de água, após isso, então, voltavam a dormir.
Mas, não é só isso: existem descrições sobre uma população indígena, da Groenlândia e no Alasca, adeptas do sono prolongado, durante os meses mais escuros do inverno (de novembro até o final de janeiro).
Porém, os estudos não param por aí. Uma outra pesquisa recente sugere que os hominini, nossos ancestrais, podem ter hibernado há 400 mil anos.
Isso por conta de ossos, encontrados em uma caverna na Espanha, que mostram uma interrupção sazonal no crescimento, indicando que para sobreviver aos longos períodos de inverno, eles podem ter usado a mesma estratégia dos ursos das cavernas.
Afinal, o que é hibernação?
Para quem confunde hibernação com sono, vale saber que a primeira é bem mais profunda e complexa, já que opera mudanças significativas no metabolismo. O fato, no entanto, é que esse longo período de descanso reúne uma série de questões relacionadas à longevidade, diminuição do metabolismo, redução na ingestão de calorias e baixa temperatura corporal.
De acordo com pesquisas, os animais que costumam hibernar, comparados com outras espécies do mesmo tamanho, tendem a viver mais, e inclusive, algumas espécies, como marmotas e morcegos, têm o envelhecimento retardado.
Assim, pode estar na hibernação o segredo de como retardar os processos de envelhecimento e possíveis desgastes, os quais são responsáveis por uma série de doenças.
Cientistas acreditam que aprender mais sobre a hibernação pode nos trazer uma série de benefícios, dentre eles, o de tratar lesões cerebrais traumáticas, perda grave de sangue, preservação da massa muscular e óssea, assim como, fornecer melhor proteção durante o transplante de órgãos.
Mas, certamente, as vantagens não param por aí, visto que os animais em hibernação nos mostram que a preservação celular, a regulação do metabolismo e as adaptações genéticas desempenham papéis fundamentais na longevidade.
Claro, ainda há muito o que aprender sobre a hibernação, mas já sabemos, por exemplo, que um sono normal adequado e de qualidade é importante para a saúde.