Você conhece a hidatidose? Trata-se de uma doença infecciosa causada pelo parasita Echinococcus granulosus. A condição é classificada como uma zoonose, ou seja, uma doença que os seres humanos contraem a partir dos animais.
Isso quer dizer que ela pode ser transmitida para as pessoas através do contato com animais infectados. Por exemplo, pela ingestão de água ou alimentos contaminados com as fezes de um cachorro infectado pelo parasita. No entanto, a transmissão não ocorre de pessoa para pessoa.
A doença é mais comum em áreas rurais onde a criação de animais é predominante, e muitas vezes, é resultado da falta de medidas sanitárias adequadas.
O parasita se desenvolve em um cisto, que pode crescer em diversos órgãos do corpo humano, como fígado, pulmões e cérebro, e pode demorar anos até que os primeiros sintomas apareçam.
Quando ocorrem, estão normalmente relacionados ao local do corpo no qual o parasita está presente, acontecendo com mais frequência no pulmão e no fígado.
Você já conhece a hidatidose? Você sabia que os sintomas dessa condição podem aparecer muito tempo após a infecção? Veja abaixo quais são esses sintomas, tratamento e prevenção.
Como se contrai hidatidose?
As pessoas podem ser infectadas pelo parasita quando consomem carne crua ou mal cozida de um animal hospedeiro intermediário com o cisto.
Outra possibilidade é o contato direto com um cachorro infectado, que pode ter ovos do verme em seu pelo. Uma vez no corpo humano, os ovos se transformam em oncosferas (larvas ou embriões) que podem atingir órgãos como fígado, pulmão, cérebro ou ossos.
Mas, ao atingir esses órgãos, a transformação da oncosfera em cisto hidático é um processo lento que pode levar seis meses ou mais.
Essa doença é mais comum em áreas rurais e pode ser prevenida com medidas simples, como lavar as mãos com frequência, preparar os alimentos da forma correta (o que inclui cozinhar bem a carne), desparasitar todos os cachorros domésticos e não permitir que as crianças brinquem com cães de rua ou animais de fazenda sem supervisão adequada.
Além disso, é importante controlar a população de animais infectados, por meio da aplicação de medidas de higiene adequadas em criações de animais e do controle de cães e outros animais que possam estar infectados.
Sintomas da hidatidose
Os sintomas da hidatidose podem variar dependendo da localização do parasita, mas incluem:
- Desconforto abdominal, má digestão constante e inchaço da barriga, se o fígado estiver afetado
- Tosse com catarro, cansaço fácil e falta de ar, se os pulmões estiverem afetados
- Febre alta, desmaio ou coma, se o cérebro estiver afetado
- Necrose (morte celular) ou fraturas espontâneas, se os ossos estiverem afetados
- Náuseas e vômitos
- Fraqueza e fadiga
- Febre e calafrios
- Urticária ou outras manifestações alérgicas
- Icterícia, sendo a coloração amarelada da pele e dos olhos
Em alguns casos, a hidatidose pode não apresentar sintomas, especialmente se o cisto for pequeno.
Porém, se o cisto se romper, pode causar uma reação alérgica grave ou uma infecção secundária que pode ser potencialmente fatal.
Por isso, se você suspeitar que pode estar infectado com o parasita, é fundamental buscar ajuda médica imediatamente, mesmo que não surjam sintomas.
Como confirmar o diagnóstico de hidatidose
Se você está com suspeita de hidatidose, os médicos vão fazer uma combinação de exames para confirmar o diagnóstico.
Os testes de imagens como ultrassonografia, tomografia computadorizada ou ressonância magnética, podem detectar a presença de cistos de hidatidose nos órgãos afetados.
Os exames de sangue também são úteis no diagnóstico, como o teste de ELISA que detecta os anticorpos produzidos pelo seu corpo quando você é infectado pelo parasita.
Além disso, pode ser necessário fazer uma aspiração de líquido do cisto para análise laboratorial, incluindo a observação microscópica dos parasitas e a análise de proteínas específicas pelo parasita.
Para a confirmação do diagnóstico da hidatidose, os médicos utilizam a reação de Casoni, um exame laboratorial que identifica anticorpos específicos no seu organismo.
Como é realizado o tratamento de hidatidose
O tratamento da hidatidose é altamente personalizado e baseado na avaliação do tamanho, localização e gravidade da infecção. Se o cisto hidático for grande, pode ser mais difícil de remover por cirurgia.
Se o cisto estiver em uma área delicada, como o cérebro, pode ser mais difícil de tratar sem prejudicar o paciente.
Caso o cisto esteja causando sintomas graves, como dor ou pressão em órgãos próximos, pode ser necessário tratamento urgente.
As opções de tratamento para hidatidose são basicamente a cirurgia ou a terapia medicamentosa.
Cirurgia
O tratamento principal para hidatidose é a cirurgia, cujo objetivo é retirar o máximo possível do cisto hidático sem quebrá-lo e espalhar o parasita.
A técnica cirúrgica utilizada pode variar conforme a localização do cisto, podendo ser por meio de cirurgia aberta ou laparoscópica.
Terapia medicamentosa
Para o tratamento da hidatidose, os medicamentos como albendazol e mebendazol podem ser usados como opção principal ou complementar à cirurgia.
O tratamento com medicamentos geralmente ocorre por vários meses, visando matar o parasita que causa a doença.
Como prevenir a hidatidose
Existem algumas medidas que podem ser tomadas para prevenir a hidatidose. Abaixo estão algumas delas:
- Recomenda-se evitar o contato com cães que possam estar infectados com o parasita Echinococcus granulosus, especialmente em regiões onde a hidatidose é comum.
- Lavar as mãos regularmente com água e sabão, especialmente após o contato com cães, carne crua ou outras possíveis fontes de infecção.
- Evite consumir alimentos crus, como vegetais e frutas que possam ter sido lavados em água contaminada.
- O controle de cães errantes (aqueles que vagam pelas ruas) pode ajudar a reduzir a propagação da hidatidose.
- Certificar-se de que a carne seja cozida completamente antes de consumi-la, pois isso pode ajudar a eliminar quaisquer parasitas que possam estar presentes.
- Consumir apenas água potável e evitar beber água de fontes naturais, como rios ou lagos, que possam estar contaminados.
- Manter uma boa higiene pessoal e evitar compartilhar objetos pessoais, como escovas de dente ou toalhas, com outras pessoas.
- Vacinação: Em áreas onde a hidatidose é comum, a vacinação pode ser uma opção para prevenir a infecção em cães.
Fontes e referências adicionais
- Hidatidose humana: estudo clínico-epidemiológico no distrito de Evora durante um quarto de século, Acta Médica Portuguesa, 2007; 20(1): 01 – 10.
- Hidatidose quística humana: análise retrospetiva de casos diagnosticados e em monitorização entre 2008 e 2013, Boletim Epidemiológico Observaçoes, 2014; 3(9): 30 – 33.
- A hidatidose humana no Rio Grande do Sul (Brasil): estimativa de sua importância para a saúde pública do país, Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, 1992; 34(6): 549 – 555.
Fontes e referências adicionais
- Hidatidose humana: estudo clínico-epidemiológico no distrito de Evora durante um quarto de século, Acta Médica Portuguesa, 2007; 20(1): 01 – 10.
- Hidatidose quística humana: análise retrospetiva de casos diagnosticados e em monitorização entre 2008 e 2013, Boletim Epidemiológico Observaçoes, 2014; 3(9): 30 – 33.
- A hidatidose humana no Rio Grande do Sul (Brasil): estimativa de sua importância para a saúde pública do país, Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, 1992; 34(6): 549 – 555.