Quando os bilíngues escutam os primeiros sons de uma palavra, eles não pensam apenas na sua primeira língua, mas também na segunda.
Assim, conforme apontou um estudo publicado na revista Science Advances, saber duas línguas pode conferir uma vantagem para a memória.
Afinal, a necessidade de recordar dois grandes grupos concorrentes de palavras pode produzir consequências cognitivas em longo prazo.
Como foi realizado o estudo?
No estudo, indivíduos bilíngues proficientes em espanhol-inglês e indivíduos monolíngues ingleses foram submetidos a um teste em que escutavam uma palavra e tinham que determinar o objeto correto a partir de uma série de imagens, enquanto os seus movimentos oculares eram registrados.
Para tornar a tarefa mais desafiadora, os cientistas fizeram os demais objetos que apareciam ser semelhantes ao objeto correto.
Então, eles perceberam que as pessoas bilíngues olharam por um período mais longo para imagens, indicando que eles olhavam por mais tempo para mais objetos do que os monolíngues.
Competição mental e memória
Na sequência, o estudo investigou se essa “competição” mental causada pela presença de dois idiomas era responsável por uma melhora na capacidade de memorização.
Na próxima etapa, os participantes realizaram novos reconhecimentos e, em uma segunda rodada, foi solicitado a eles que detectassem objetos que tinham sido mostrados anteriormente. Com isso, os cientistas concluíram que ser proficiente em um segundo idioma desempenha um papel crucial na memória.
Níveis de proficiência e vantagem bilíngue
A vantagem foi mais pronunciada em pessoas bilíngues que eram altamente proficientes na segunda língua, em comparação com bilíngues com baixa proficiência na segunda língua e pessoas que falam apenas um idioma.
Além disso, os dados coletados ao acompanhar o movimento dos olhos confirmaram que os itens que tinham mais concorrentes (que tiveram outros objetos com nome parecido posicionados ao lado do correto) foram observados por um período mais longo. Isso resultou na vantagem de memória para esses itens mais tarde.
Portanto, essas descobertas indicam que o sistema cognitivo das pessoas bilíngues é amplamente interativo e pode afetar outros aspectos cognitivos, como a memória de reconhecimento.
Processamento de memória e foco
O professor de Linguística da Universidade de Lancaster, na Inglaterra, Panos Athanasopoulos, destacou em artigo no site The Conversation que estudos anteriores já indicaram um processamento de memória mais sofisticado em indivíduos bilíngues, em comparação com aqueles que falam apenas um idioma. Isso é particularmente notável em tarefas de categorização que demandam ignorar informações distrativas.
O especialista que isso certamente pode indicar que as pessoas bilíngues são mais eficientes em multitarefas e têm uma maior habilidade de focar em uma tarefa em questão, especialmente quando é necessário bloquear informações que não são relevantes (como tentar trabalhar em um café barulhento). As informações são de O Globo.
O que você achou do novo estudo? Você pratica alguma outra língua além do português? Qual idioma chama mais a sua atenção? Comente abaixo!
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