À medida que observamos o aumento de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) globalmente, uma estratégia promissora tem se destacado: a doxiciclina. Recentemente, os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA propuseram a recomendação deste antibiótico, já amplamente utilizado em diversas áreas médicas, como uma medida preventiva para infecções como clamídia, sífilis e gonorreia, especialmente entre os grupos de risco.
Entendendo a proposta da doxiciclina (DoxyPEP) e seu uso
As diretrizes iniciais são direcionadas especificamente a homens que mantêm relações sexuais com outros homens e mulheres trans que, nos últimos 12 meses, foram diagnosticadas com uma IST bacteriana ou que apresentam riscos aumentados.
A abordagem é cautelosa: o uso indiscriminado de antibióticos pode levar ao desenvolvimento de bactérias resistentes. Portanto, a proposta visa beneficiar primeiramente aqueles mais vulneráveis, garantindo que o uso do medicamento seja eficiente e seguro.
No entanto, é importante notar que a doxiciclina não é universalmente recomendada. Grávidas, por exemplo, devem evitá-la devido a potenciais riscos ao feto.
Para quem está no grupo de risco, a recomendação é manter o medicamento à mão e tomá-lo até 72 horas após uma relação sexual desprotegida, incluindo sexo oral e anal — quanto mais cedo, melhor.
Eficiência do tratamento
O uso da doxiciclina tem se mostrado bastante eficaz contra clamídia e sífilis. Contudo, sua eficácia contra a gonorreia pode ser variável, já que algumas cepas resistem ao medicamento. Embora não garanta 100% de proteção contra ISTs bacterianas e não atue contra ISTs virais (como herpes, HIV e HPV), a doxiciclina é vista como uma ferramenta adicional, complementando outras formas de prevenção.
O especialista alerta que o objetivo não é fornecer isto a todos em substituição aos preservativos. O intuito é ter uma ferramenta adicional, visto que há claramente uma necessidade de mais ferramentas.
Riscos e cuidados associados
Náusea é o efeito colateral mais comum da doxiciclina. Além disso, ela pode aumentar a sensibilidade ao sol, tornando essencial o uso de protetor solar durante o tratamento.
Quanto à frequência de uso, o medicamento não deve ser tomado mais de uma vez em 24 horas, embora possa ser usado em dias consecutivos. Ainda assim, deve-se atentar para os riscos associados ao uso frequente de antibióticos.
Os especialistas esclarecem que se fazem sexo todos os dias, podem tomar o medicamento todos os dias. Há riscos associados ao uso contínuo de antibióticos. No entanto, após uma recente exposição a bactérias, como as que causam clamídia, eliminar algumas delas com uma dose única do medicamento pode prevenir o desenvolvimento de uma infecção. Por isso, o uso intermitente e moderado do antibiótico pode ser justificável.
Teste de ISTs
Se você já está tomando profilaxia pré-exposição (PrEP) para HIV, a doxiciclina pode ser ingerida concomitantemente. No entanto, mesmo após tomar o medicamento, é fundamental continuar a fazer testes de ISTs regularmente. Profissionais recomendam exames a cada três a seis meses e, na presença de sintomas como febre, corrimento ou dor ao urinar, procurar atendimento imediato.
A introdução da doxiciclina como ferramenta de prevenção às ISTs representa um avanço significativo na saúde pública. Embora não substitua métodos de proteção tradicionais, oferece uma camada extra de segurança, especialmente para grupos de risco. Como em todos os tratamentos, a educação e o entendimento sobre seu uso adequado são essenciais para garantir que a saúde e o bem-estar sejam mantidos.