Algumas vezes nos deparamos com termos médicos que podem causar confusão e, às vezes, medo, como é o caso da ataxia.
Isso pode ocorrer no momento de um diagnóstico, próprio ou de algum familiar, ou mesmo durante alguma conversa com amigos.
Mas, independentemente do local ou momento onde ouvimos o termo, nem sempre entendemos exatamente o que ataxia significa, muito menos o que ela pode causar na pessoa que sofre com o problema.
Por isso, a seguir vamos entender melhor o que é a ataxia, quais os seus diferentes tipos e os tratamentos disponíveis para o problema.
O que é ataxia?
A ataxia é um distúrbio neurológico que afeta a coordenação muscular e o equilíbrio. Assim, pessoas com ataxia normalmente apresentam dificuldade para controlar seus movimentos voluntários, causando problemas como:
- Marcha instável, ou seja, dificuldades para caminhar
- Tremores
- Quedas frequentes
- Dificuldade para engolir e falar
- Dificuldade para escrever
Além disso, a ataxia pode ser causada por diferentes fatores, como veremos mais adiante.
Tipos de ataxia
Apesar de usarmos o termo “ataxia” para descrever casos nos quais a pessoa tenha dificuldades de equilíbrio e de movimentação, a ataxia, na verdade, é um grupo de problemas neurológicos, que possuem causas e características diferentes. São eles:
- Ataxia cerebelar adquirida: É o tipo mais comum, e ocorre quando há alguma lesão no cerebelo, seja por um AVC, traumatismo ou distúrbio de saúde
- Ataxia de Friedreich: Também bastante comum, este tipo de ataxia é uma doença neurodegenerativa hereditária, e seus sintomas se iniciam, normalmente, durante a adolescência
- Ataxia telangiectasia: Também de origem hereditária, ela afeta tanto os movimentos voluntários quanto o sistema imune
- Ataxia espinocerebelar: Este tipo de ataxia possui diferentes subtipos, embora todos sejam considerados doenças degenerativas que afetam o equilíbrio e os movimentos
- Ataxia sensitiva: Este tipo é considerado raro, e afeta os nervos sensitivos periféricos, em geral, das pernas. Assim, a pessoa perde a sensibilidade dos membros
- Ataxia alcoólica: Associada ao consumo crônico do álcool, este tipo de ataxia é caracterizada por graus variados de dificuldades motoras, seja no movimento ou no equilíbrio
Sintomas de ataxia
Agora que já conhecemos os principais tipos de ataxia, vamos entender os problemas que eles podem causar:
- Diminuição da coordenação motora, o que dificulta bastante as atividades do dia a dia, como escrever e manusear objetos
- Problemas de equilíbrio, que podem afetar a habilidade de andar
- Dificuldades para engolir alimentos e bebidas, e, em casos mais graves, a própria saliva
- Fala arrastada, lenta ou confusa
- Tremores, que podem variar de intensidade
- Movimentos irregulares dos olhos, quando a doença afeta os nervos responsáveis pelo controle do globo ocular
- Fadiga e fraqueza muscular
Todos esses sintomas são causados por danos ou lesões no Sistema Nervoso, seja no próprio cérebro ou nos nervos centrais e periféricos.
Por isso, é importante ir ao médico caso perceba algum desses sintomas, para que o profissional possa solicitar os exames necessários e realizar um diagnóstico preciso, e assim iniciar o tratamento.
Principais causas da ataxia
Como vimos, a ataxia é causada por danos ao Sistema Nervoso. Mas, em cada um de seus tipos, a causa exata pode variar.
A seguir, vamos conhecer as principais causas que, apesar de diferentes, podem causar um quadro de ataxia:
- Doenças genéticas, como nos casos das ataxias hereditárias
- Danos ao cerebelo, responsáveis pelas ataxias adquiridas
- Doenças autoimunes, em casos nos quais o sistema imunológico ataca diferentes partes do sistema nervoso
- Infecções que atinjam o sistema nervoso central, como encefalites e meningites
- Intoxicação crônica, como ocorre na ataxia alcoólica
Diagnóstico da ataxia: como é feito?
O diagnóstico da ataxia, a princípio, é simples, já que os sintomas são bastante característicos. Assim, o médico pode perceber esses sintomas durante o exame físico e neurológico completo.
A partir daí, o profissional irá solicitar exames para identificar o tipo de ataxia e as causas do problema. Isso pode ser feito a partir de exames como:
- Testes genéticos, principalmente quando existe um histórico familiar de ataxia
- Exames de imagem, como a tomografia computadorizada e a ressonância magnética, que podem identificar lesões no sistema nervoso central
- Punção lombar, para avaliar a presença de substâncias tóxicas ou microrganismos no líquido que envolve o cérebro
- Exames de sangue, para verificar a possibilidade de doenças autoimunes
Possíveis tratamentos
O tratamento da ataxia vai depender principalmente do tipo e do grau de comprometimento neurológico.
Assim, podemos dividir o tratamento em dois grupos distintos:
1. Tratamentos específicos
Esses tratamentos são direcionados para as ataxias autoimunes, alcoólicas e infecciosas, e podem incluir:
- Uso de medicamentos antibióticos, antifúngicos ou antivirais, para combater a infecção no sistema nervoso central
- Uso de medicamentos para controlar o sistema imunológico, para assim evitar que o sistema nervoso seja atingido por anticorpos da própria pessoa
- Interromper o uso de álcool, para evitar novos danos e a piora do quadro
No entanto, muitas vezes esses tratamentos só conseguem evitar a progressão da doença e a piora dos sintomas, uma vez que o sistema nervoso normalmente não consegue se regenerar após alguma lesão ou dano.
2. Tratamentos gerais
Este tipo de tratamento tem como objetivo a melhora dos sintomas apresentados pela pessoa com ataxia, além de possibilitar uma maior independência e capacidade de realizar as atividades do dia a dia.
Assim, podemos citar:
- Fisioterapia, que pode melhorar a coordenação motora, o equilíbrio e a capacidade de movimentação
- Fonoaudiologia, principalmente quando a pessoa apresenta dificuldades para engolir ou para falar, ou mesmo para prevenir esses sintomas
- Terapia ocupacional, que pode ajudar a pessoa a desenvolver habilidades para a realização de tarefas cotidianas
- Psicoterapia, uma vez que a perda de autonomia pode trazer algumas consequências psicológicas
- Cirurgias, para situações onde o problema possa ser causado ou piorado por tumores e aneurismas, por exemplo
- Uso de medicamentos que melhorem possíveis espasmos musculares ou rigidez muscular
- Terapias complementares, como acupuntura, que ajudam tanto a aliviar dores quanto a manejar o estresse
- Exercícios físicos que fortalecem a musculatura, como musculação e treinos de equilíbrio.
Efeitos familiares da ataxia
Como vimos, a ataxia pode ser causada por diferentes fatores, e seu tratamento normalmente inclui diversas terapias.
Além disso, muitas vezes ocorrem mudanças na dinâmica familiar, uma vez que a doença afeta a mobilidade e a independência da pessoa que dela sofre.
Por isso, outros membros da família também podem ser afetados, mesmo que indiretamente, pela ataxia. Assim, é comum que os médicos e outros profissionais de saúde indiquem algum tipo de acompanhamento terapêutico para, por exemplo, pais, cônjuges e filhos de pessoas com ataxia.
Fontes e referências adicionais
- Características clínicas de 63 pacientes con ataxia, Revista Médica de Chile
- Ataxias cerebelosas e infecciones virales: caracterización clínica y mecanismos neuropatogénicos, Revista Cubana de Medicina Tropical
- Ataxia: Fatos Essenciais para Pacientes, International Parkinson ans Movement Disorder Society
- Guía práctica de evaluación de pacientes con ataxias y paraparesias espásticas hereditarias en consulta, Neurología
- Acute cerebellar ataxia: differential diagnosis and clinical approach, Arquivos de neuro-psiquiatria
Fontes e referências adicionais
- Características clínicas de 63 pacientes con ataxia, Revista Médica de Chile
- Ataxias cerebelosas e infecciones virales: caracterización clínica y mecanismos neuropatogénicos, Revista Cubana de Medicina Tropical
- Ataxia: Fatos Essenciais para Pacientes, International Parkinson ans Movement Disorder Society
- Guía práctica de evaluación de pacientes con ataxias y paraparesias espásticas hereditarias en consulta, Neurología
- Acute cerebellar ataxia: differential diagnosis and clinical approach, Arquivos de neuro-psiquiatria