Em uma pesquisa recente conduzida pela prestigiada Universidade de Columbia nos Estados Unidos, foi revelado um fato surpreendente sobre o universo da saúde. Cerca de 25% dos pacientes em coma são capazes de compreender comandos verbais. Mesmo estando aparentemente desconectados do mundo exterior, muitos destes pacientes mantêm consciência sobre o que acontece ao seu redor.
O estudo, que ganhou destaque na revista Brain, no mês de agosto, concentrou-se na condição conhecida como dissociação motora cognitiva (CMD) — um estado frequentemente referido como “consciência oculta”. O que torna essa descoberta especialmente fascinante é que as estruturas cerebrais destes pacientes, vinculadas à excitação e ao entendimento de comandos, encontram-se intactas.
Os resultados da pesquisa destacam que as áreas cerebrais responsáveis pela integração de comandos motores nos pacientes com CMD são afetadas, impedindo-os de realizar ações, mesmo quando desejadas. Portanto, embora esses indivíduos possam ouvir e processar instruções verbais, as lesões nos circuitos cerebrais que comunicam estas instruções aos músculos os impedem de executá-las.
Para chegarmos a esta conclusão, os pesquisadores se debruçaram sobre os dados de 107 pacientes em coma nos Estados Unidos. Entre eles, 21 foram categorizados com a condição de CMD. Através de exames de ressonância de alta precisão, os pacientes foram submetidos a comandos como “continue abrindo e fechando a mão direita”.
Notavelmente, nos cérebros daqueles com consciência oculta, houve uma resposta clara a estes comandos, mesmo que nenhuma ação física fosse observada.
O quadro clínico desses pacientes é geralmente resultante de traumas intensos. Lesões cerebrais graves após impactos cranioencefálicos, hemorragias cerebrais ou paradas cardíacas são as causas mais comuns que levam a esta condição.
No entanto, é crucial mencionar que, apesar da relevância da descoberta, há barreiras significativas na aplicação prática destes testes de ressonância em larga escala. Seu alto custo e a complexidade técnica são desafios que tornam o diagnóstico preciso de pacientes com “consciência oculta” uma tarefa difícil.
Esta pesquisa não só mostra mais sobre como o nosso cérebro funciona, mas também destaca o quanto é importante seguirmos melhorando na medicina e neurociência. Cada achado nessa área nos ajuda a entender mais e, talvez, a encontrar respostas para problemas tão complicados e desafiantes.