Chá de mastruz – Para que serve e como fazer

Se você gosta de aprender sobre plantas medicinais e suas propriedades, é bem possível que tenha curiosidade a respeito do mastruz, cujo nome científico é Chenopodium ambrosioides (ou sinônimo Dysphania ambrosioides).

Algumas pessoas chamam o mastruz de erva-de-santa-maria, mas ele também é conhecido pelos nomes de lombrigueira, quenopódio, ambrósia, mentruz, mastruço, erva-formigueira, erva mata-pulgas, chá-do-méxico e uzaidela.

A planta possui folhas alongadas, coloração verde-escura e flores pequenas e de cor esbranquiçada, além de um cheiro forte e agradável. Classificada como um pequeno arbusto, a erva cresce espontaneamente em terrenos próximos a habitações.

Ela é nativa da América Latina, muito utilizada em regiões do Brasil, como o Nordeste, e ainda, pode ser encontrada na forma silvestre ou cultivada em diversas partes do mundo. 

As folhas de mastruz podem ser misturadas com leite e as suas flores e sementes podem ser usadas para fazer tintura, xarope, extrato ou essência. Sem contar, é claro, o famoso chá de mastruz.

É possível encontrar a planta à venda em alguns mercados ou lojas de produtos naturais. Mas, atenção: o mastruz é tóxico, especialmente quando usado em doses mais altas que as recomendadas ou por um período prolongado, portanto, ele só deve ser utilizado sob a orientação de um profissional de saúde experiente em plantas medicinais, como um médico ou fitoterapeuta.

Confira abaixo os benefícios, propriedades e contraindicações do chá de mastruz e aprenda a preparar a bebida.

Para que serve o chá de mastruz? Propriedades e benefícios

Apesar de ser muito usado na medicina tradicional, existem poucos estudos que comprovam os efeitos do mastruz em seres humanos. O que se tem são muitas pesquisas conduzidas com a planta em animais, portanto, é preciso aguardar mais estudos de qualidade em humanos para ver se os benefícios a seguir também se repetem nas pessoas.

Nutrientes e propriedades do mastruz

A planta é fonte de vitaminas do complexo B, como vitamina B2, vitamina B6 e folato, vitamina A, vitamina C, betacaroteno, cálcio, magnésio, potássio, cobre, ferro, manganês, fósforo, sódio, selênio, zinco e monoterpenos, como ascaridol, p-cimeno, limoneno e terpineno, associados ao combate a parasitas, como vermes intestinais.

Por conta do seu perfil nutricional, a lista de propriedades do mastruz é grande e inclui: atividades vermífugas, efeito expectorante, potencial anti-inflamatório, potencial digestivo, propriedades hipotensoras e propriedades antissépticas.

Problemas respiratórios

Graças ao seu efeito expectorante, o mastruz é utilizado popularmente como auxiliar no tratamento de rinite, gripe, resfriado, sinusite, bronquite e tuberculose. Em alguns lugares, as pessoas usam a receita de mastruz com leite como forma de ajudar a tratar doenças respiratórias.

No entanto, do ponto de vista científico, não existem pesquisas que comprovem o efeito isolado da receita. Portanto, quem sofre de problemas respiratórios não deve usar apenas a planta para tratar a sua condição e deve seguir todas as orientações do médico.

Má digestão

Apesar de não existirem trabalhos que comprovem o efeito da planta contra a má digestão, este é outro dos usos populares do mastruz. 

A promessa dessa forma de utilização da erva é que o chá de mastruz pode ser consumido após grandes refeições para melhorar a digestão, pois acredita-se que ele apresenta potencial para aumentar a produção de suco gástrico.

Vermífugo

Uma das utilidades mais populares do mastruz é a sua ação vermífuga. Segundo alguns estudos conduzidos em humanos, a planta é dotada de ação contra vermes intestinais, especialmente ascaris e ancilostomídeos.

O efeito é atribuído à principal substância ativa da planta, o ascaridol, que tem mostrado eficácia semelhante a alguns medicamentos vermífugos, como o albendazol.

Porém, se você tem vermes, não abandone o tratamento indicado pelo médico e converse com o profissional de saúde antes de incluir o mastruz nesse tratamento.

Inflamação

Outro uso popular do mastruz é para ajudar a aliviar inflamações, especialmente de problemas articulares, como é o caso da osteoartrite. Acredita-se ainda que a planta pode amenizar a dor da inflamação.

Entretanto, a ação analgésica foi observada com o uso do extrato alcoólico da planta, que parece agir nos chamados receptores NMDA (receptores relacionados à percepção de dor). Não se sabe se o chá proporciona os mesmos efeitos.

Assim, quem tem problemas de saúde associados à inflamação ou condições articulares como a osteoartrite também não pode abandonar o seu tratamento e deve consultar o médico responsável antes de começar a usar o chá de mastruz.

Mastruz contra a COVID-19?

No ano de 2020, período em que muito se falava na pandemia do novo coronavírus, um estudo de pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e da Secretaria Municipal de Saúde de Itabirito, Minas Gerais, em parceria com o Instituto Oswaldo Cruz, apontou que os flavonoides presentes no mastruz poderiam poderiam evitar a replicação do novo coronavírus, acelerando a recuperação e cura da COVID-19.

Os cientistas identificaram que os flavonoides do mastruz, como a rutina e a nicotiflorina, demonstraram boa capacidade para inibir as enzimas do vírus.

Mas, é preciso ter muito cuidado, pois o estudo foi conduzido em um modelo computacional e não foi ao menos testado em laboratório ou organismo vivos. Assim, não se conhece a dose necessária para o tratamento ou os seus efeitos colaterais.

Portanto, nenhum órgão de saúde indica usar o mastruz para tratar a COVID-19 sem que novos estudos sejam feitos.

Planta pode ser tóxica

Natural nem sempre é sinônimo de 100% seguro: o mastruz é uma planta medicinal que pode ser tóxica e, portanto, é necessário evitar a superdosagem, para que a erva possa ser utilizada com segurança. 

Em doses elevadas, o óleo essencial do mastruz possui uma alta toxicidade, especialmente em pessoas debilitadas. Existem registros de acidentes fatais, decorrentes da ingestão de altas doses do óleo essencial da planta.

A utilização excessiva da planta mastruz já foi associada a efeitos colaterais como dor de cabeça, vômito, palpitações, irritação na pele e nas mucosas, transtornos visuais e náuseas.

Os sintomas também podem incluir depressão do sistema nervoso central, lesões no fígado e rins, surdez, convulsões, insuficiência cardiorrespiratória e coma. Uma vez que o seu uso prolongado pode fazer mal para o organismo, a planta não deve ser utilizada em tratamento contínuo.

O chá de mastruz causa aborto?

Um dos efeitos colaterais relatados a respeito do consumo exagerado da planta foi o aborto.

Isso porque, em doses elevadas, as propriedades do mastruz podem alterar o poder de contração dos músculos.

Com base nesse fator, o meio científico considera que é provável que a planta possa apresentar um efeito abortivo, o que a torna contraindicada para gestantes.

Outros cuidados com o chá de mastruz

Além das grávidas, o uso interno ou externo do mastruz é contraindicado para crianças com menos de três anos de idade, mulheres que amamentam e pessoas com doenças hepáticas, renais e auditivas.

Se você apresentar qualquer reação adversa ao tomar o chá de mastruz, interrompa o uso e procure ajuda médica imediatamente.

Como fazer – Receita de chá de mastruz

Uma das formas mais comuns de utilizar o mastruz é por meio de uma infusão de suas folhas, em uma receita de chá. Inclusive, recomenda-se usar o chá das folhas de mastruz no lugar do óleo essencial da planta, que possui uma concentração maior de substâncias com potencial tóxico.

Ingredientes:

• 1 colher de sopa de folhas secas de mastruz
• 1 xícara de água fervente (200 ml)

Modo de preparo:

1. Ponha a colher de chá de folhas secas de mastruz dentro de uma xícara de água fervente
2. Deixe a mistura descansar por 10 minutos
3. Coe e beba conforme as instruções do médico ou fitoterapeuta

O ideal é tomar o chá logo após o seu preparo (não necessariamente tomar todo o conteúdo preparado de uma vez, dosagens elevadas podem fazer mal, fique atento a isso), antes que o oxigênio do ar destrua os seus compostos ativos. 

Segundo estudos, um chá costuma preservar substâncias importantes até 24 horas depois de ser feito, porém, após esse período, as perdas são consideráveis.

Certifique-se ainda de que os ingredientes que você utilizar no preparo do seu chá de mastruz sejam de boa qualidade, de boa procedência, estejam bem limpos e higienizados e que não tenham a adição de nenhuma substância ou produto prejudicial. Além disso, ao comprar a planta, confirme que realmente se trata do mastruz.

Fontes e referências adicionais

• Moroccan traditional treatment for fever and influenza, similar to symptoms of coronavirus COVID-19 disease: Mini Review, 2020 Journal of Analytical Sciences and Applied Biotechnology
• Studies on the traditional herbal anthelmintic chenopodium ambrosioides L.: Ethnopharmacological evaluation and clinical field trials, Social Science & Medicine Volume 21, Issue 8, 1985, Pages 879-886
• Antioxidant, intestinal immune status and anti-inflammatory potential of Chenopodium ambrosioides L. in fish: In vitro and in vivo studies, Fish & Shellfish Immunology Volume 86, March 2019, Pages 420-428

Você já tinha ouvido falar e já experimentou o chá de mastruz alguma vez? Pretende aprender como fazer e aproveitar seus benefícios? Comente abaixo!

Foi útil?

Loading...