A Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS) revelou dados recentes sobre um problema crescente na região: a doença de Haff, mais conhecida como “doença da urina preta”.
Entre janeiro e 18 de setembro deste ano, o Amazonas contabilizou 86 notificações dessa enfermidade. Desses registros, 49 foram identificados como compatíveis, 24 foram descartados, e 13 permanecem sob investigação.
Mas, afinal, de onde vem essa doença? A origem está relacionada às toxinas presentes em peixes e crustáceos, que são adquiridas através de microalgas consumidas por estes animais.
Isso foi confirmado por um estudo da Fiocruz Bahia, divulgado pela revista Lancet Regional Health — Americas. Uma informação crucial é que essas toxinas resistem ao processo de cozimento, ou seja, mesmo após o preparo, podem permanecer nos alimentos.
Os locais com maior concentração de casos compatíveis, segundo a FVS, são:
- Itacoatiara, com 36 casos;
- Manaus, com 7;
- Manacapuru, registrando 3;
- Parintins, com 2;
- Nova Olinda do Norte, com 1 caso.
Vale ressaltar que, até o momento, não houve óbitos relacionados à doença.
Em um balanço, referente ao período de 1º de julho de 2022 a 31 de julho de 2023, a FVS contabilizou 114 casos compatíveis com a doença de Haff. Nesse contexto, 17% dos afetados possuíam algum fator de risco associado, como hipertensão e diabetes mellitus. Com relação à dieta, foi observado que os afetados tinham consumido peixes como pacu e tambaqui.
A principal manifestação dessa doença é a alteração da cor da urina, que adquire uma tonalidade mais escura. Isso ocorre devido à rabdomiólise, um processo que causa lesões musculares e resulta na liberação de substâncias tóxicas no sangue.
Além do consumo de alimentos contaminados, a rabdomiólise pode ser desencadeada por atividades físicas intensas, traumatismos, infecções, uso de álcool e outras substâncias.
Alguns outros sintomas ligados à condição são:
- Mialgia (dores musculares)
- Sensação de mal-estar generalizado
- Náuseas
- Fraqueza muscular
- Dor abdominal
- Vômitos
- Alteração na coloração da urina.
Nos últimos anos, além do Amazonas, estados como Bahia e Pará também relataram surtos da doença da urina preta.