A maioria das pessoas está familiarizada com as diabetes tipo 1 e tipo 2. Recentemente, porém, um novo tipo de diabetes foi identificado em estudos: a diabetes tipo 3c.
A diabetes tipo 1 é aquela em que o sistema imunológico do corpo destrói as células produtoras de insulina do pâncreas. Ele geralmente começa na infância ou no início da idade adulta e quase sempre precisa de tratamento com insulina, sendo na maioria das vezes hereditário.
A diabetes tipo 2 ocorre quando o pâncreas não consegue acompanhar a demanda de insulina do corpo. Muitas vezes, é associado ao excesso de peso ou à obesidade e geralmente começa na idade média ou velhice, embora a idade de início esteja diminuindo atualmente.
A diabetes tipo 3c é causada por danos ao pâncreas por: inflamação do pâncreas (pancreatite), tumores do pâncreas ou cirurgia pancreática. Este tipo de dano ao pâncreas não só prejudica a capacidade do órgão de produzir insulina, como também de produzir as proteínas necessárias para digerir alimentos (enzimas digestivas) e outros hormônios.
Diagnósticos errados
No entanto, um recente estudo da American Diabetes Association revelou que a maioria dos casos de diabetes tipo 3c estão sendo diagnosticados erroneamente como diabetes tipo 2. Apenas 3% das pessoas na amostra – de mais de 2 milhões – foram identificadas corretamente como tendo diabetes tipo 3c.
Pequenos estudos em centros especializados descobriram que a maioria das pessoas com diabetes tipo 3c precisa de insulina e, ao contrário de outros tipos de diabetes, também pode se beneficiar com a ingestão de enzimas digestivas com alimentos, tomadas como um comprimido com refeições e lanches.
Pesquisadores e médicos especialistas recentemente mostraram-se preocupados com o fato de que a diabetes tipo 3c poderia ser muito mais comum do que o pensado anteriormente e que muitos casos não estão sendo identificados corretamente. Por esse motivo, foi realizado o primeiro estudo populacional de grande escala para tentar descobrir quão comum é a diabetes tipo 3c.
Foi também analisado quão bem as pessoas com este tipo de diabetes têm o controle de seu açúcar no sangue. Para fazer isso, analisou-se registros de saúde de mais de 2 milhões de pessoas na Inglaterra. Os registros utilizados foram retirados do banco de dados de pesquisa e vigilância do Royal College of General Practitioners (RCGP RSC).
Foram buscados casos de diabetes que ocorrem após condições que causaram danos ao pâncreas, incluindo pancreatite, câncer de pâncreas e tumores e cirurgia pancreática. Estes casos provavelmente seriam casos de diabetes tipo 3c.
Para surpresa dos pesquisadores, descobriu-se que, em adultos, a diabetes tipo 3c era mais comum do que a diabetes tipo 1. 1% dos novos casos de diabetes em adultos eram diabetes tipo 1, em comparação com 1,6% para diabetes tipo 3c.
Descobriu-se ainda que o início da diabetes tipo 3c pode ocorrer muito depois do início da lesão no pâncreas. Em muitos casos, mais de uma década depois. Esse longo atraso pode ser uma das razões pelas quais os dois acontecimentos geralmente não são vinculados no diagnóstico, o qual está sendo negligenciado.
Importância da correção
Identificar corretamente o tipo de diabetes é muito importante, pois ajuda a selecionar o tratamento correto. Várias drogas usadas para diabetes tipo 2 podem não ser tão eficazes no diabetes tipo 3c. O diagnóstico incorreto, portanto, pode desperdiçar tempo e dinheiro tentando tratamentos ineficazes ao expor o paciente a altos níveis de açúcar no sangue.
As descobertas destacam a necessidade urgente de melhorar o reconhecimento e o diagnóstico desse tipo de diabetes surpreendentemente comum.
Sou diabético a 11 anos, pós transplante hepático.