Um recente estudo realizado em conjunto pela Universidade de São Carlos (UFSCar) e o College London, e publicado na revista Age and Ageing, trouxe à luz uma conexão surpreendente entre a obesidade abdominal e a fraqueza muscular em indivíduos acima de 50 anos.
De acordo com essa pesquisa inovadora, a associação desses dois fatores pode resultar em um aumento significativo no risco de mortalidade por doenças cardiovasculares — uma elevação impressionante de 85%.
O estudo, que se estendeu por um período de oito anos, envolveu uma amostra de 7.030 participantes do English Longitudinal Study of Ageing (Estudo ELSA) que tinham 50 anos ou mais.
Os resultados revelaram que a simples presença de fraqueza muscular por si só já resultava em um aumento de 62% no risco de morte por doença cardiovascular.
O professor Tiago da Silva Alexandre, vinculado ao departamento de gerontologia da UFSCar e autor principal do estudo, explicou que, de maneira interessante, os participantes examinados que apresentaram exclusivamente obesidade na região abdominal não evidenciaram um aumento estatisticamente significativo no potencial de ocorrência de eventos cardíacos fatais.
Uma descoberta intrigante do estudo foi o conceito de obesidade abdominal dinapênica, que se refere à união/combinação entre obesidade abdominal e fraqueza muscular.
Essa combinação aparentemente desencadeia um processo inflamatório crônico, desregula o metabolismo e intensifica os riscos de doenças cardiovasculares. No entanto, ainda não sabemos se a obesidade causa a fraqueza muscular ou se é o contrário.
A pesquisa definiu os critérios diagnósticos para obesidade abdominal dinapênica como uma circunferência da cintura superior a 102 centímetros para homens e 88 centímetros para mulheres.
Já a fraqueza muscular foi avaliada através da medição da força de preensão manual, ou seja, força da mão, considerando valores inferiores a 26 quilos para homens e 16 quilos para mulheres como indicativos de fraqueza.
O professor Alexandre ressaltou que o foco não deve ser apenas na quantidade de gordura, mas também na capacidade do músculo de gerar força.
Ele explicou que quando a gordura se infiltra no músculo, ocorre um enfraquecimento que contribui para um aumento acentuado no risco de morte cardiovascular.
Além de fornecer informações valiosas, o estudo também apresenta implicações práticas. O pesquisador destacou que a obesidade abdominal dinapênica é passível de reversão e pode ser tratada com uma abordagem que inclui treinamento aeróbico, exercícios para fortalecimento muscular e uma alimentação balanceada.