10 principais causas de dor ao urinar e o que fazer

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A dor ao urinar, ou disúria, é um sintoma que normalmente vem acompanhado de ardência, sensação de esvaziamento incompleto da bexiga, urgência para urinar e, algumas vezes, sangue na urina. As principais causas são relacionadas a infecções bacterianas que afetam alguma estrutura do sistema urinário, como bexiga, rins e uretra. 

Essas infecções podem ser causadas por bactérias do intestino ou causadoras de infecções sexualmente transmissíveis. Problemas na próstata, no útero e na vagina também podem causar dor ao urinar. 

Veja quais são as principais causas de dor ao urinar e o que fazer em cada situação.

Cistite

A cistite é um tipo de infecção urinária que atinge a bexiga e, geralmente, é causada pela bactéria Escherichia coli. Esta espécie de bactéria está presente no intestino e tem seu papel na digestão, porém, no trato urinário, sua presença está associada a infecções.

Esta infecção é mais comum entre as mulheres, devido à anatomia feminina, na qual a uretra é mais curta do que a dos homens e mais próxima ao ânus, facilitando a contaminação do trato urinário pela bactéria. Saiba se a infecção urinária atrasa a menstruação

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Nos homens, a frequência desta infecção aumenta após os 50 anos de idade, devido ao aumento do tamanho da próstata, que leva à retenção de urina, um fator de risco para a cistite. Veja mais detalhes sobre a infecção urinária no homem

A dor ou ardor ao urinar é um dos sintomas da cistite, juntamente com a necessidade de urinar com mais frequência. A urina é eliminada com um volume menor e pode haver sangue, em casos mais graves. Também é comum a dor na bexiga e na região do assoalho pélvico (baixo ventre).  

O que fazer

É preciso fazer um exame laboratorial de urina, para saber qual é a espécie de bactéria responsável pela cistite. A partir desta informação, o tratamento é feito com antibióticos, cuja posologia, que são a dosagem, os horários e a duração do tratamento, deve ser seguida à risca, para evitar quadros de recorrência, muito comum em mulheres. A recorrência, ou repetição, é quando a infecção urinária afeta a pessoa, novamente, após ter feito o tratamento. Veja quais são os remédios mais usados no tratamento da cistite

Pielonefrite

Assim como a infecção urinária pode acometer a bexiga, causando a cistite, ela também pode afetar os rins, configurando um quadro de pielonefrite. Esta é chamada infecção urinária alta, pois os rins se encontram em uma região anatômica mais alta do que a bexiga e a uretra. 

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A pielonefrite pode afetar um ou ambos os rins, e é considerada um problema grave de saúde, assim como é a pneumonia, pois trata-se de uma infecção ocorrendo em um órgão vital. 

A preocupação maior numa pielonefrite é as bactérias chegarem até a corrente sanguínea e alcançarem outros órgãos, levando-os à falência. Felizmente, quando a pielonefrite é tratada de forma precoce, isso raramente acontece, pois existem vários antibióticos bastante eficazes contra essas bactérias. 

Em quadros recorrentes de pielonefrite, existe o risco de formação de fibroses (cicatrizes) nos rins, que prejudicam seu funcionamento e podem levar à insuficiência renal crônica

A dor ao urinar, bastante característica de cistite, também pode estar presente na pielonefrite, assim como a vontade de urinar com mais frequência, mesmo quando a bexiga está vazia. Os sintomas típicos da pielonefrite são febre, dor na região lombar, náuseas, vômitos e mal-estar generalizado. A urina pode ficar mais escura, com cor de chá preto.

O que fazer

É recomendado procurar ajuda médica, pois o tratamento é quase sempre hospitalar, com administração de antibióticos na veia. Em alguns casos, a pessoa recebe uma dose do antibiótico no hospital e completa o tratamento em casa, mas, em muitos casos, há a necessidade de uma internação para combater a infecção. 

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Uretrite

Uretrite
Uretrite atinge o canal que expele a urina da bexiga

A uretrite é uma infecção urinária que afeta a uretra, o canal que leva a urina da bexiga para fora do corpo. As bactérias sexualmente transmitidas, principalmente as causadoras de gonorreia e clamídia, são responsáveis pela maioria dos casos de uretrite. Mas, a Escherichia coli também pode causar a infecção, assim como o vírus do herpes simples

Os sintomas mais comuns da uretrite são dor ao urinar e necessidade de urinar com mais frequência. Nos homens, é mais comum haver a liberação de uma secreção verde-amarelada pela uretra, do que nas mulheres. 

O que fazer

O tratamento ideal da uretrite é feito com base no organismo causador da infecção, mas, até que se consiga essa informação pelo exame laboratorial de urina, o médico ou médica responsável prescreve um antibiótico de amplo espectro, capaz de combater as bactérias mais comumente envolvidas na uretrite. 

Quando a infecção é causada pelo vírus da herpes simples, o tratamento é feito com um medicamento antiviral, como o aciclovir. 

Caso uma infecção sexualmente transmissível esteja envolvida no caso de uretrite, os parceiros sexuais da pessoa acometida devem ser testados, para avaliar a necessidade de tratamento. 

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Cervicite

A cervicite é uma inflamação da parte mais inferior e estreita do útero, que se abre para a vagina, como resultado de uma infecção sexualmente transmissível, na maior parte dos casos. Veja mais detalhes sobre inflamação no útero

Os sintomas mais comuns são corrimento vaginal e um sangramento incomum entre as menstruações, ou após uma relação sexual. Algumas mulheres sentem dor ao urinar e durante a relação sexual. 

Se a cervicite não for tratada, as bactérias podem se disseminar para regiões superiores do colo do útero e causar a endometrite, que é a inflamação do revestimento interior do útero. Ela também pode afetar outros órgãos reprodutores, causando a doença inflamatória pélvica (DIP)

Quando um quadro de cervicite se instala de repente, trata-se de um caso agudo que, normalmente, é causado por uma infecção bacteriana, como clamídia e gonorreia. Infecções na vagina (vaginose bacteriana) e a vaginite causada pelo parasita da tricomoníase também podem se disseminar para o colo do útero e provocar uma cervicite. 

Quadros crônicos de cervicite geralmente não são causados por bactérias, mas podem envolver outros fatores, como procedimentos ginecológicos, diafragmas (contraceptivos femininos) deixados na vagina por muito tempo, duchas e alergia ao látex de preservativos. 

O que fazer

Quadros agudos de cervicite em mulheres com fatores de risco associados, como ser menor de 25 anos, ter vários parceiros sexuais e não ter usado preservativo durante a relação sexual são tratados com antibióticos contra clamídia e gonorreia, até que se identifique exatamente o microrganismo causador da infecção. 

Caso seja necessário, o médico ou médica ajusta o tratamento após saírem os resultados dos exames. Se a causa da cervicite for uma infecção sexualmente transmissível, os parceiros sexuais devem ser testados e, se necessário, tratados. 

A cervicite de origem viral pode ser controlada com medicamentos antivirais, mas não curada. O vírus da herpes simples permanece inativo no organismo, podendo causar uma infecção quando a resistência imunológica estiver em baixa. 

O tratamento da cervicite pode durar de 3 a 6 meses. Após o tratamento, é preciso fazer um novo teste, para saber se a infecção foi curada ou não. 

Prostatite

A prostatite é uma inflamação na próstata, que pode ser resultado de uma infecção bacteriana, normalmente a Escherichia coli

Alguns fatores podem aumentar os riscos de um homem desenvolver uma prostatite, como ter uma inflamação na uretra (uretrite) e ser portador de alguma infecção sexualmente transmissível, especialmente gonorreia e clamídia. 

Níveis elevados de ansiedade e estresse também podem predispor um homem a desenvolver prostatite, pois esses fatores podem levar a espasmos do músculo do esfíncter urinário e irritar a glândula da próstata. O esfíncter prejudicado também pode fazer com que a urina da uretra retorne para a próstata, danificando os tecidos internos da glândula. 

O processo inflamatório na próstata leva ao seu inchaço que, por sua vez, comprime o canal da uretra, causando dor ao urinar, calafrios, febre e sensação ou incapacidade de esvaziar completamente a bexiga. Também pode haver queimação ou ardência ao urinar e saída de uma substância parecida com pus na urina. 

Casos crônicos de prostatite podem incluir sintomas de dor perineal (abaixo da bolsa escrotal), dor nos testículos, no pênis e no assoalho pélvico, além de dor no momento da ejaculação. Veja as diferenças entre a prostatite aguda e a crônica

O que fazer

É preciso fazer um exame de toque retal, com análise de urina e da secreção prostática, se estiver presente. A prostatite aguda, de causa bacteriana, é tratada com antibiótico, por um período de 2 a 12 semanas, dependendo da gravidade. 

O médico ou médica urologista pode receitar medicamentos chamados alfa-bloqueadores, que ajudam a relaxar os músculos da bexiga e da próstata, facilitando a eliminação da urina. Anti-inflamatórios e analgésicos podem ser prescritos para ajudar no controle da inflamação e da dor. 

Endometriose na bexiga

Entre 6 a 10% das mulheres que sofrem com endometriose profunda, que é quando a doença atinge profundamente os órgãos da região pélvica, são acometidas pela endometriose na bexiga. Quando isso ocorre, o endométrio, que é o tecido que reveste o útero internamente, passa a crescer e se desenvolver dentro ou na superfície da bexiga. 

Os principais sintomas desta complicação da endometriose são ardor e dor ao urinar, vontade de urinar com mais frequência e eliminação de sangue na urina. Esses sintomas ficam mais intensos durante o período menstrual, pois as células do endométrio presentes na bexiga respondem aos estímulos hormonais da mesma forma que as células que estão no útero.

O que fazer

É recomendado procurar um/uma especialista em endometriose, pois a condição é difícil de diagnosticar. O tratamento mais comum, neste caso, é a cirurgia para remoção do tecido endometrial da bexiga. Veja quais são os exames usados para diagnosticar a endometriose

Pedra nos rins

Pedra nos rins
É comum pedras nos rins causarem dores ao urinar

As pedras nos rins são massas endurecidas formadas pelo acúmulo de cristais presentes na urina, que ficam confinadas nos rins ou nas vias urinárias. Em algumas pessoas, as pedras nos rins não causam nenhum sintoma, mas, na maioria das vezes, provoca dores fortes que começam nas costas e irradiam para o abdômen, em direção ao umbigo.

Essa dor se manifesta na forma de cólicas, ou seja, apresenta picos de dor seguidos de alívio. A dor costuma ser tão forte, que vem acompanhada de náuseas e vômitos. 

As pedras nos rins se formam quando há um volume insuficiente de água na urina e/ou uma alta concentração de sais de cálcio, fosfato, oxalato ou de cistina.

Algumas pessoas têm o fluxo urinário reduzido ou até interrompido, deixando-as mais suscetíveis a infecção urinária, marcada pelo aumento da vontade de urinar e dor ao urinar. Febre e sangue na urina também podem acompanhar um quadro de pedra nos rins.  

O que fazer

Durante uma crise de pedra nos rins não é recomendado aumentar exageradamente a ingestão de água, pois isso pode aumentar a pressão dentro dos rins e piorar a dor, visto que muitos têm o fluxo urinário reduzido ou interrompido. 

Numa crise, o médico ou médica receita analgésicos e anti-inflamatórios para aliviar a dor intensa na região lombar, veja quais são os remédios mais usados. A litotripsia é uma técnica de bombardeamento por ondas de choque, que pode ser recomendada para fragmentar a pedra e facilitar a sua expulsão pela urina. Em alguns casos, é preciso submeter a pessoa a uma cirurgia para retirada das pedras após a fragmentação.

Pedra na bexiga

A pedra na bexiga, assim como a pedra nos rins, é uma formação composta por cristais de sais. Homens com problemas de próstata e pessoas que têm dificuldade em esvaziar a bexiga estão mais sujeitos ao problema. 

Quando a urina fica muito tempo parada na bexiga, há maiores chances dos cristais se agruparem e formar pedras. 

Os cristais na bexiga também podem ser originados dos rins, chegando até ela pelo canal da urina, processo que geralmente causa intensa cólica renal. Às vezes, antes de saírem pela uretra, as pedras ficam retidas na bexiga. 

As pedras na bexiga causam ardor e dor ao urinar. Além disso, a pessoa sente uma necessidade urgente de urinar e a sensação de esvaziamento incompleto da bexiga. Algumas vezes, pode ser notada a presença de sangue na urina. 

O que fazer

Quando as pedras são pequenas, geralmente são eliminadas espontaneamente, sem necessidade de tratamento específico, apenas para alívio da dor. 

Pedras maiores, que geralmente estão presentes em pacientes com problemas na próstata ou com disfunção da bexiga, precisam ser fragmentadas por técnicas de bombardeamento por ondas de choque, ou técnicas modernas à laser. Em alguns casos, é necessário submeter a pessoa à cirurgia para retirada das pedras fragmentadas. 

Alergias

A dor ao urinar também pode ser um dos sintomas de uma reação alérgica a algum produto ou substância utilizada na vagina. Por exemplo, a dor pode ser decorrente de uma alergia a um absorvente, lenço umedecido, sabonete, papel higiênico perfumado, lubrificante, látex de preservativo, dentre outros.  

Essas substâncias podem causar uma irritação local e até mesmo alterar o pH vaginal, deixando a mulher vulnerável a infecções por fungos, resultando em uma candidíase, ou bacteriana, levando a uma vaginose bacteriana. 

Em um quadro alérgico, além da dor ao urinar, pode-se observar sintomas de vermelhidão e coceira na vagina. 

O que fazer

Como em toda alergia, é preciso identificar a substância desencadeadora (gatilho) da reação e parar de usá-la. É recomendado que se consulte um médico ou médica ginecologista para saber quais são os produtos de higiene íntima mais apropriados e para verificar se há alguma infecção instalada no local. Caso se identifique uma infecção, o tratamento envolve antifúngicos (candidíase) ou antibióticos, para vaginose bacteriana. 

Câncer de bexiga

Bexiga
Os primeiros sintomas do câncer de bexiga são relacionados a ardência e dor ao urinar

O câncer de bexiga é causado pela formação de um tumor que se instala nas células que revestem o interior da bexiga. O tipo mais comum de câncer de bexiga é o chamado carcinoma de células de transição, que tem início nas células uroteliais, que revestem a mucosa interna da bexiga, dos ureteres e da uretra. 

Se essa condição não for tratada, as células cancerígenas podem penetrar na camada muscular da bexiga e atingir a parte externa. Dali, as células malignas podem se espalhar para os linfonodos e corrente sanguínea. 

A principal causa associada a este tipo de câncer é o tabagismo, uma vez que as substâncias nocivas do cigarro são filtradas pelos rins e eliminadas na urina, agredindo a bexiga. 

Normalmente, o primeiro sintoma que se manifesta é a presença de sangue na urina, seguida de ardor, dor e urgência para urinar, inchaço nas pernas, perda de peso não intencional, perda de apetite, anemia e cansaço. 

O que fazer

Não existe um tratamento padrão para o câncer de bexiga, pois o esquema terapêutico depende de sua gravidade. 

Um dos tratamentos possíveis é a cirurgia para retirada do tumor por via endoscópica (ressecção transuretral endoscópica), quando este encontra-se na superfície do órgão. Quando o tumor está alojado em camadas mais profundas, pode ser necessário retirar uma parte da bexiga, numa cirurgia chamada cistectomia parcial. Há casos, porém, que se faz necessária a retirada completa da bexiga (cistectomia radical), com a construção de um novo reservatório de urina, utilizando algumas partes das alças do intestino. 

Depois da cirurgia, alguns pacientes precisam fazer algumas sessões de quimioterapia para combater células que possivelmente tenham se soltado do tumor, evitando que ocorra uma metástase. 

Fontes e referências adicionais

Você já sentiu dor ao urinar? Conseguiu descobrir a causa deste sintoma? Qual foi o tratamento indicado para o seu caso? Comente abaixo!

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Sobre Dr. Lucio Pacheco

Dr. Lucio Pacheco é Cirurgião do aparelho digestivo, Cirurgião geral - CRM 597798 RJ/ CBCD. Formou-se em Medicina pela UFRJ em 1994. Em 1996 fez um curso de aperfeiçoamento em transplantes no Hospital Paul Brousse, da Universidade de Paris-Sud, um dos mais especializados na Europa. Concluiu o mestrado em Medicina (Cirurgia Geral) em 2000 e o Doutorado em Medicina (Clinica Médica) pela UFRJ em 2010. Dr. Lucio Pacheco é autor de diversos livros e artigos sobre transplante de fígado. Atualmente é médico-cirurgião, chefe da equipe de transplante hepático do Hospital Copa Star, Hospital Quinta D'Or e do Hospital Copa D'Or. Além disso é diretor médico do Instituto de Transplantes. Suas áreas de atuação principais são: cirurgia geral, oncologia cirúrgica, hepatologia, e transplante de fígado. Para mais informações, entre em contato.

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