O que são pós-bióticos e o que podem fazer pelo seu intestino e saúde

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Se ao ler o termo pós-bióticos, você se lembrou dos probióticos e dos prebióticos, saiba que você não está muito longe de entender o que eles são.

De um lado, temos os probióticos, que são microrganismos vivos encontrados em certos alimentos, como iogurte e chucrute. Eles são importantes para a boa digestão e o consumo de alimentos com probióticos ajuda o trato digestivo ao promover um equilíbrio saudável das suas bactérias boas e outros microrganismos do microbioma intestinal.

Entenda todas as diferenças entre os probióticos e prebióticos

Já os prebióticos são aqueles que servem como alimentos para os probióticos. Comidas com quantidades saudáveis de fibras, como feijões, grãos integrais e certos vegetais, são decompostas no organismo, formando substâncias que ajudam os probióticos a crescer e prosperar dentro do intestino.

Finalmente, chegamos aos pós-bióticos, termo que se refere ao resíduo que fica depois que o corpo digere tanto os probióticos quanto os prebióticos. Em outras palavras, eles são produtos dos probióticos e prebióticos ou os compostos bioativos que a bactéria probiótica produz quando elas consomem prebióticos.

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Alguns exemplos de pós-bióticos saudáveis incluem a vitamina B e a vitamina K, os aminoácidos e substâncias conhecidas como peptídeos antimicrobianos, que ajudam a desacelerar o crescimento de bactérias prejudiciais.

Existem ainda outras substâncias pós-bióticas chamadas ácidos graxos de cadeia curta, que contribuem para que as bactérias saudáveis floresçam.

Além disso, os pós-bióticos ou produtos do probióticos ou prebióticos podem ser transformados em produtos ou tratamentos com potenciais benefícios à saúde.

Benefícios dos pós-bióticos

Saúde intestinal
Os maiores benefícios dos pós-bióticos estão relacionados à saúde intestinal

Segundo o gastroenterologista Brian Weiner, em explicação para a Cleveland Clinic, os cientistas produzem os pós-bióticos quando pegam a bactéria, misturam em uma grande cuba, deixam que ela produza compostos bioativos e transformam esses materiais em uma pílula ou algo do tipo.

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A esperança é que esses produtos finais do metabolismo das bactérias gerem um efeito terapêutico, completou Weiner.

O gastroenterologista apontou também que os cientistas não entendem completamente como os pós-bióticos funcionam, mas um pós-biótico bem estudado, o ácido butírico, dá algumas pistas.

Ele é um ácido graxo de cadeia curta, que as bactérias usam como combustível. Conforme a disponibilidade do ácido butírico no cólon (parte central do intestino grosso), algumas espécies de bactérias podem prosperar ou passar fome.

Weiner explicou que é possível manipular populações de bactérias ao fornecer uma quantidade extra de ácido butírico. Ele disse ainda que algumas dessas bactérias aparentemente melhoram a resposta imune do revestimento do cólon.

De acordo com o gastroenterologista, uma resposta imune forte é importante por conta das altas concentrações de bactérias no cólon, que são praticamente maiores lá do que em qualquer outro lugar da natureza.

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Adicionalmente, os pesquisadores acreditam que algumas bactérias boas estimulam o sistema imunológico a prevenir a entrada de bactérias na corrente sanguínea. 

Weiner ainda citou que alguns estudos pilotos estão tentando usar probióticos ou pós-bióticos em pacientes hospitalizados para construir o seu sistema imunológico.

No entanto, como cada pessoa metaboliza os probióticos de maneira diferente, nem todos experimentam os mesmos benefícios, apontou o gastroenterologista. 

Ainda assim, ele acredita que se uma substância química ou pós-biótico que essas bactérias produzem é benéfico, seria ótimo se fosse possível isolar o elemento e administrá-lo na forma de medicamento aos pacientes.

Alergias

Algumas pesquisas iniciais dão um indício de como os pós-bióticos poderiam contribuir para a saúde do organismo. São necessários mais estudos para que esses efeitos se confirmem, porém, eles dão uma dica de como os pós-bióticos podem agir.

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Alguns, apesar de poucos, estudos mostraram que os pós-bióticos podem auxiliar em relação ao nariz entupido/escorrendo (rinite) induzido pela alergia sazonal. 

Além disso, outra pesquisa de pequeno porte apontou que tomar pós-bióticos por dois a três meses diminuiu significativamente os sintomas do eczema.

Para Weiner, essas descobertas são como pequenas rachaduras que estão abrindo uma porta no futuro para que se possa usar uma nova série de ferramentas para o sistema imunológico.

Cólicas em bebês

Pesquisadores conseguiram diminuir os sintomas de cólica com o auxílio de pós-bióticos em estudos controlados randomizados.

Weiner explicou que eles mostraram que os bebês alimentados com leite fermentado com os produtos da fermentação da bactéria têm melhores resultados, em comparação com os bebês que tomaram leite materno ou leite de vaca sem os produtos fermentados.

Síndrome do intestino irritável

Os produtos fermentados do leite também parecem ajudar os adultos com síndrome do intestino irritável com predominância de constipação (prisão de ventre) e diarreia.

Um estudo mostrou como um regime de pós-bióticos teve um impacto na qualidade de vida de pessoas com a doença: depois de quatro semanas, os participantes observaram um alívio significativo em relação à frequência de movimentação intestinal, inchaço e dor.

Além disso, um estudo de quatro semanas conduzido em 297 adultos com síndrome do intestino irritável indicou que a suplementação com um pós-biótico diminuiu expressivamente a frequência do movimento intestinal, o inchaço e a dor, além de ter melhorado a qualidade de vida no geral.

Doença inflamatória intestinal

Pesquisas sugerem que pós-bióticos, como os ácidos graxos de cadeia curta, podem ajudar a melhorar os sintomas em pessoas com colite ulcerativa ou doença de Crohn, dois tipos de doença inflamatória intestinal.

As pessoas com doença inflamatória intestinal tendem a produzir menos ácidos graxos de cadeia curta como o butirato no intestino, algo que exerce um papel na regulação da imunidade e inflamação no trato digestivo.

Um estudo pequeno realizado com 13 pessoas com doença de Crohn de nível leve a moderado apontou que tomar 4 gramas de butirato diariamente por oito semanas levou a melhorias clínicas e remissão em 53% dos pacientes.

Da mesma forma, estudos mais antigos, sobretudo dos anos 90, sobre pós-bióticos e doença inflamatória intestinal sugeriram que ácidos graxos de cadeia curta como o butirato podem melhorar os sintomas da colite ulcerativa.

Diarreia

Uma revisão de sete estudos, contemplando 1,740 mil crianças, apontou que a suplementação com pós-bióticos reduziu a duração da diarreia e foi mais efetiva que tratamentos com placebo (substância neutra, sem efeitos) na prevenção da diarreia, faringite e laringite.

Adicionalmente, uma revisão de 23 estudos, envolvendo 3,938 mil crianças, indicou que a suplementação com pós-bióticos foi significativamente mais efetiva que o placebo na tarefa de prevenir a diarreia associada aos antibióticos.

Em um pequeno estudo de 2003, 137 adultos com diarreia crônica foram tratados com um suplemento pós-biótico ou um suplemento probiótico por quatro semanas. Ao término da pesquisa, o suplemento pós-biótico se mostrou mais efetivo no tratamento da diarreia que o probiótico.

Onde estão os pós-bióticos?

Os pós-bióticos podem ser divididos em diversas categorias:

  • Lisados bacterianos (remédios feitos a partir de bactérias decompostas)
  • Sobrenadantes livres de células (compostos produzidos por bactérias e leveduras)
  • Fragmentos de parede celular
  • Enzimas
  • Exopolissacarídeos (substâncias que o microrganismos secretam)
  • Lipopolissacarídeos (grandes moléculas encontradas na camada exterior de certas bactérias)
  • Metabólitos como vitaminas e aminoácidos
  • Ácidos graxos de cadeia curta

Além disso, existem os alimentos que podem ajudar a aumentar os pós-bióticos no intestino, como

  • Queijo cottage
  • Alimentos ricos em fibras, como aveia e linhaça
  • Picles fermentados
  • Kefir
  • Kimchi
  • Kombucha
  • Sopa de missô
  • Chucrute fermentado
  • Pão sourdough
  • Tempeh
  • Iogurte
Pós-bióticos
Muito conhecido como probiótico, o kefir é um alimento que aumenta os pós-bióticos, consequentemente

Cuidados

Entretanto, ainda que a área de pesquisa sobre os pós-bióticos seja promissora, ainda é cedo para tirar conclusões concretas sobre os seus benefícios. Além disso, eles não estão tão disponíveis como os probióticos e pode não ser tão fácil encontrá-los.

Mas, segundo Weiner, os probióticos atuam produzindo substâncias químicas que são tecnicamente pós-bióticos. Portanto, é possível conseguir os efeitos dos pós-bióticos através dos prebióticos, completou.

No entanto, o endocrinologista alertou contra se automedicar com os probióticos, lembrando da importância de sempre consultar o médico antes de tratar um problema de saúde. Da mesma forma, você não deve abandonar um tratamento já prescrito pelo médico apenas pelo uso de pós-bióticos ou probióticos.

De acordo com o especialista, não devemos presumir que um probiótico vai resolver o problema, ao mesmo tempo em que a avaliação do médico é importante para descartar a possibilidade de que existam condições sérias por trás.

Além disso, a consulta médica é fundamental para ter acesso a tratamentos seguros e efetivos. Os mesmos cuidados se aplicam ao uso de medicamentos ou suplementos pós-bióticos.

Adicionalmente, alguns grupos de pessoas precisam evitar aumentar os seus níveis de pós-bióticos por meio do consumo de alimentos ricos em probióticos.

Esses grupos incluem aqueles que tendem a ter sistemas imunológicos comprometidos e, com isso, apresentam maior risco de enfrentar reações adversas, como pessoas que fizeram cirurgia recentemente, que têm distúrbios cardíacos estruturais, com transtornos do trato digestivo, grávidas e crianças.

Fontes e referências adicionais

Você já tinha ouvido falar dos pós-bióticos? Pretende incluir na sua dieta a partir de agora? Comente abaixo!

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Sobre Dr. Marcos Marinho

Dr. Marcos Marinho é especialista em Gastroenterologia, Endoscopia Digestiva e Ultrassonografia - CRM 52.104130-4. Formou-se em Medicina pela Universidade do Grande Rio (Unigranrio) e é pós-graduado em Gastroenterologia pelo IPEMED. Realizou cursos de ultrassonografia geral e intervencionista pela Unisom, ultrassonografia musculoesquelética e Doppler pelo CETRUS. Para mais informações, entre em contato através de seu Instagram oficial @drmarcosmarinho

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