Ômega 3 da Linhaça é Bom?

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Você provavelmente já deve ter ouvido falar dos ácidos graxos ômega 3, não é mesmo? O composto já foi associado a vantagens como o auxílio a uma gravidez saudável, à recuperação atlética e ao engrossamento das unhas e dos cabelos e ao possível benefício ao tratamento de condições como inflamação, degeneração macular e problemas de pele como psoríase e eczema, entre outros.

Esse tipo de gordura saudável não pode ser produzida pelo organismo, portanto, deve ser consumida por meio da alimentação. Até porque a deficiência de ômega 3 provoca problemas como memória fraca, pele seca, problemas no coração, alterações de humor, dor na articulação e doença autoimune.

Quando pensamos em alimentos fontes de ômega 3, é normal que venham os peixes à nossa mente. Mas você sabia que a substância também pode ser encontrada na linhaça?

Será que o ômega 3 da linhaça é bom?

Vamos começar a discutir se o ômega 3 da linhaça é bom conhecendo o teor da substância que pode ser encontrado no alimento – uma colher de sopa de linhaça moída possui aproximadamente 1,6 mg de ômega 3.

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O tipo de ômega 3 da linhaça e de alimentos de origem vegetal e outros produtos como as verduras e sementes de chia é o ácido alfa linolênico (ALA).

O ALA é conhecido como um ômega 3 de cadeia curta, o que significa que o organismo necessita convertê-lo em ácidos graxos ômega 3 de cadeias mais longas – ácido eicosapentaenóico (EPA) e ácido docosahexaenóico (DHA) – para que ela possa ser sintetizado.

Entretanto, esse processo é ineficiente e somente aproximadamente 1% do ALA que é consumido é convertido na versão de cadeia longa do ácido graxo ômega 3, que o corpo necessita, apesar dessa porcentagem ser ligeiramente mais alta para as mulheres.

A conversão de ALA para EPA e DHA realmente não é muito eficiente, inclusive a Extensão da Universidade do Estado do Colorado, dos Estados Unidos, recomenda aumentar o consumo de ácidos graxos ômega 3 EPA e DHA no lugar do ALA.

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Os ácidos graxos ômega 3 EPA e DHA são encontrados em peixes gordos, óleo de algas e óleo de krill (um crústaceo).

O Centro Médico da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, alerta que pessoas que sofrem com esquizofrenia e diabetes podem não ser capazes de converter o ALA em EPA e DHA muito bem e podem precisar obter os seus ácidos graxos ômega 3 por meio de peixe e óleo de peixe.

Além disso, o DHA é o tipo de ácido graxo ômega 3 (não encontrado na linhaça) que é necessário para o desenvolvimento apropriado do cérebro e dos olhos em bebês e que tem sido investigado em relação aos seus potenciais benefícios para a doença de Alzheimer e a artrite reumatoide.

Enquanto o óleo de peixe pode diminuir os riscos de desenvolvimento de câncer de próstata e degeneração macular, o óleo de linhaça pode provocar o efeito contrário.

Lembrando que o óleo de peixe é fonte dos ácidos graxos ômega 3 EPA e DHA enquanto o óleo de linhaça é composto pelo ácido graxo ômega 3 ALA.

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A diminuição da inflamação

Este é outro ponto que vai contra a afirmação de quem o ômega 3 da linhaça é bom. Isso porque acredita-se que o óleo de peixe seja melhor para diminuir a inflamação do que o óleo de linhaça, de acordo com um estudo feito com ratos, na publicação Cardiovascular Research (Pesquisa Cardiovascular, tradução livre).

A pesquisa identificou um benefício neste sentido (da redução da inflamação) somente nos animais que receberam a suplementação com óleo de peixe, não naqueles que receberam o óleo de linhaça em suas dietas.

Triglicerídeos e colesterol

Por outro lado, uma pesquisa divulgada na publicação Genes & Nutrition (Genes e Nutrição, tradução livre) apontou que tanto a suplementação com óleo de peixe quanto a suplementação com óleo de linhaça diminuiu os níveis de triglicerídeos e do colesterol LDL, o colesterol ruim, e aumento os níveis do benéfico HDL, que também é conhecido como o bom colesterol.

Entretanto, o estudo em questão também identificou que o óleo de peixe e o óleo de linhaça proporcionaram esses efeitos através de mecanismos diferentes.

Cuidados com o óleo de peixe e o óleo de linhaça

Antes de utilizar esses produtos é importante conversar com o médico para ter certeza de que eles realmente podem ajudar a sua saúde e que não trarão nenhum tipo de prejuízo ao corpo e saber em que dosagem eles devem ser utilizados.

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Por exemplo, o Medline Plus, site de informações sobre saúde da Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos, alerta que ainda que o óleo de linhaça seja considerado geralmente seguro, a ingestão de mais de 30 g por dia pode provocar a diarreia.

Mulheres grávidas também devem evitar o produto porque ele aumenta os riscos de ter um parto prematuro. Além disso, o óleo de linhaça deve ser evitado por pessoas que sofrem com distúrbios hemorrágicos.

O óleo de peixe pode aumentar o risco de sangramentos, eleva os níveis de açúcar no sangue e provoca gases, diarreia, inchaço e arroto.

Tanto o óleo de linhaça quanto o óleo de peixe podem diminuir a absorção de medicamentos quando ingeridos ao mesmo tempo que os remédios e podem interagir com medicamentos diluidores do sangue, remédios para colesterol, remédios para diabetes, esteroides tópicos e anti-inflamatórios não esteroides.

Portanto, caso você faça uso de qualquer tipo de medicamento, suplemento ou planta medicinal, informe ao seu médico antes de começar a usar o óleo de peixe ou óleo de linhaça para saber se não existem riscos de interação entre a substâncias.

Você sabia que o ômega 3 da linhaça não é a melhor fonte que você deve consumir deste nutriente? Costuma consumir bastante linhaça? Comente abaixo!

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Sobre Dra. Patricia Leite

Dra. Patricia é Nutricionista - CRN-RJ 0510146-5. Ela é uma das mais conceituadas profissionais do país, sendo uma referência profissional em sua área e autora de artigos e vídeos de grande sucesso e reconhecimento. Tem pós-graduação em Nutrição pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, é especialista em Nutrição Esportiva pela Universidad Miguel de Cervantes (España) e é também membro da International Society of Sports Nutrition.

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