Sabe as substâncias químicas que são lançadas dos escapamentos dos veículos? Então, elas também são usadas na produção de uma variedade de produtos, desde spandex (elastano) a colchões de espuma de memória, e podem estar relacionados ao eczema na infância, segundo um estudo dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH, sigla em inglês).
Conforme o chefe da Unidade de Pesquisa Epitelial do Laboratório de Microbiologia e Imunologia Clínica do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, Dr. Ian Myles, eles têm dados sólidos que estabelecem que os poluentes estão muito provavelmente por trás do aumento de casos de dermatite atópica.
A dermatite atópica, que também é comumente chamada pelo nome de eczema, é uma doença inflamatória da pele que causa coceira, além de vermelhidão, descamação, secura e rachadura na pele, inchaço na pele e erupção na pele inchada que varia de cor conforme a cor da pele da pessoa.
De acordo com a Associação Nacional do Eczema dos Estados Unidos, ela quase sempre começa no primeiro ano de vida e atinge o seu pico na primeira infância. Alérgenos como animais de estimação, perfumes, corantes e alimentos podem reacender a condição inesperadamente, mesmo nos adultos.
O aumento de duas a três vezes na incidência do eczema em países industrializados desde os anos 70 convenceu especialistas de que algo no ambiente estaria por trás desse crescimento.
O estudo
Assim, Myles e sua equipe se voltaram aos locais dos Estados Unidos onde números mais altos de pacientes com eczema estavam sendo tratados e estudaram as toxinas presentes no entorno.
Eles identificaram que substâncias químicas similares, conhecidas como diisocianatos e isocianatos, eram as mais prevalentes.
Os diisocianatos são usados no processo de fabricação de muitos produtos de poliuretano, como adesivos, espumas flexíveis e tecidos desenvolvidos para serem elásticos ou resistentes à temperatura.
Mas, além da exposição enfrentada por trabalhadores da indústria, a Agência de Substâncias Tóxicas e Registro de Doenças, parte dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, diz que é improvável que as substâncias químicas nos produtos de poliuretano sejam tóxicas, desde que os itens tenham sido tratados apropriadamente pelo fabricante.
Assim, acredita-se que as emissões dos escapamentos de veículos modernos podem estar por trás dos índices de eczema nos últimos 50 anos.
Os conversores catalíticos funcionam eliminando muitas das substâncias químicas nocivas presentes na gasolina, mas nesse processo, eles geram os isocianatos como um subproduto.
Um fato interessante é que os conversores catalíticos se tornaram obrigatórios para todos os veículos nos Estados Unidos em 1975, coincidindo assim com o início do aumento dos casos de eczema.
Além de estabelecer uma associação entre os diisocianatos e isocianatos aos locais com prevalência de eczema, os pesquisadores levaram as substâncias até o seu laboratório e, usando ratos e culturas de bactérias, identificaram que elas afetam diretamente o microbioma da pele de duas maneiras.
Elas forçam bactérias saudáveis e que concedem proteção a parar de produzir óleos que hidratam a pele. Enquanto fazem isso, elas também ativam um receptor específico na pele, enviando sinais ao cérebro para induzir a coceira e a inflamação, apontou Myles.
Os cientistas também investigaram se borrifar uma bactéria saudável chamada Roseomonas mucosa na pele de uma pessoa reduziria as crises de eczema. Essa bactéria está presente nos microbiomas de pessoas saudáveis que não têm eczema.
Então, eles apontaram que a maioria das pessoas teve uma melhora modesta, mas contínua, e que o efeito foi ainda mais significativo nas áreas onde os níveis de diisocianato eram mais altos. As informações são do NBC.
Conheça ainda outro estudo que abordou os problemas que a poluição do ar pode trazer para as crianças.
Fontes e referências adicionais
- Overview of Atopic Dermatitis, The American Journal of Managed Care.
- Toluene Diisocyanate And Methylenediphenyl Diisocyanate, Agency for Toxic Substances and Disease Registry.
- Exposure to Isocyanates Predicts Atopic Dermatitis Prevalence and Disrupts Therapeutic Pathways in Commensal Bacteria, Science Advances.
- Isocyanic Acid and Ammonia in Vehicle Emissions, Transportation Research Part D: Transport and Environment.
Fontes e referências adicionais
- Overview of Atopic Dermatitis, The American Journal of Managed Care.
- Toluene Diisocyanate And Methylenediphenyl Diisocyanate, Agency for Toxic Substances and Disease Registry.
- Exposure to Isocyanates Predicts Atopic Dermatitis Prevalence and Disrupts Therapeutic Pathways in Commensal Bacteria, Science Advances.
- Isocyanic Acid and Ammonia in Vehicle Emissions, Transportation Research Part D: Transport and Environment.